Pular para o conteúdo principal

Primeiro, a Eleição de 2020; Depois, a de 2022

 

Por: Júlio César Anjos

 

Deu no jornal que Huck e Moro estariam fazendo tratativas para 2022 e que o ex-presidiário, o Lula, reagiu com medo diante tal situação. Muitos players políticos, de forma pueril, querem ganhar a eleição de 2022 não vencendo nem mesmo o pleito de 2020 que está a acontecer na próxima semana.  Tudo isso se dá pelo fato do Trump não se reeleger e o seu vassalo, Bolsonaro, não obter resultados positivos vindo de governabilidade. Isso abre brecha para os adversários sonharem com o futuro. Mas este que vos escreve não está preocupado com 2022. E será explicado o motivo com êxito.

 

A questão precípua a se verificar quanto à próxima eleição presidencial é que ela está longe e muita coisa pode acontecer, o cenário pode ser totalmente diferente no futuro. Ou seja, muita coisa pode mudar até lá. Mas tirando a óbvia periodicidade de lado, o fato é que para ganhar uma majoritária é preciso ter condições de governabilidade a viabilizar.

 

Deste modo, há pelo menos 3 condições para garantir governabilidade para um político eleito.

 

A primeira condição, talvez a fundamental, é ter o povo como base de apoio. Sem povo, não adianta querer forçar. Em qualquer regime que seja, e isso vai além da democracia, qualquer soberano só se mantém pelo menos um curto período de tempo no poder se o povo assim o quiser.

 

E que não se confunda popularidade com populismo e/ou aprovação de governo. Enquanto que o populismo faz as pessoas defenderem o político de estimação, a popularidade faz com que a massa silenciosa não se anime em ir para a rua destituir um político legitimamente estabelecido em qualquer governo que seja. Exemplo notório é o Temer terminar o mandato com aprovação de apenas 3%. Tinha rejeição enorme, mas não tinha massa na rua querendo a sua destituição.

 

A segunda condição vem das concessões impostas para se eleger. A partir do momento que não se tem o povo pela sua maioria absoluta porque toda a sociedade está até mesmo dispersa da política, em razão de frustração diante os políticos em geral, subir politicamente por causa de articulações diversas não é o ideal. Essa mesma estrutura que faz forçosamente um político subir, é mesma estrutura que gerará deposição.

 

Forçar algo que não vem ao natural dá problema. É só ver o caso da Dilma, que forçou reeleição, ao fazer o diabo para se reeleger, mesmo não tendo ambiente para isto e acabou sendo destituída. A mesma coisa também serve para o Bolsonaro, caso não consiga reverter o mandato em boa governabilidade.

 

A terceira condição vem da estabilidade política e/ou social vinda das instituições entre outras forças do Sistema. Porque as instituições podem gerar instabilidade e tornar a governabilidade do político insustentável diante das chicanas promovidas pelo próprio aparato estatal.

 

Hoje, por exemplo, usa-se o judiciário como instrumento de ataque de adversário. Citam-se dois exemplos que aconteceram recentemente: 1) Renan Santos do MBL indiciado por suposta lavagem de dinheiro mediante doações no Youtube; 2) Felipe Neto indiciado por suposta corrupção de menores. Por mais que sejam verdadeiras essas alegações vindas das instituições [mesmo sabendo que não são], esse momento não é o apropriado porque o país está rumando em direção para o fim de uma eleição. Isso aí é chicana promovida pela instituição judiciária que não respeita a democracia. Por que não esperar, nos dois casos, 3 meses após a eleição para aí sim indiciá-los? Ou seja, instituição fazendo chicana a serviço de poder obscuro [que cheira mando e desmando de Bolsonaro].

 

Deste modo, não tendo apoio popular, tendo que fazer articulações e concessões do arco da velha para vencer o pleito, além de instituições instáveis no país a serviço de poder obscuro, tal cenário é caótico do ponto de vista político-eleitoral. Isso faz com que a prudência determine que não valha a pena investir em uma eleição majoritária nestas condições insalubre. E, deste modo, político que forçar esta condição poderá cair em impeachment alguns meses após o pleito, como o que ocorreu recentemente com o caso Witzel, do Rio de janeiro, e o Carlos Moisés, de Santa Catarina.

 

E para 2022 está tudo empacado. Lula não tem tais condições nem Haddad, Ciro, Doria, Huck, Mandetta e Amoêdo. Só quem poderia ter um poder de massa a tal ponto de manter-se no poder por este fator é o Moro. Mas mesmo assim Moro teria que brigar contra instituições instáveis e ter que fazer certas concessões para governar [o que afetaria, em médio prazo, a sua popularidade (assim como aconteceu com o Bolsonaro)].

 

E que o leitor não venha passar pano ao falar que o Bolsoanro é vítima porque não é. Ele sabia das condições de haver instituições instáveis e de ter que fazer concessões para ganhar a eleição e governar. Além disso, estava despreparado e sem base de apoio nem capilaridade para ter o mínimo de escudo de defesa para manter-se no poder. E ainda quer se reeleger sem fazer bom governo, sem nem mesmo força partidária, querendo forçar a barra mais uma vez, ao achar que está protegido pelo escudo chamado centrão.

 

Diante tais fatores, este que vos escreve não está preocupado com 2022, está somente querendo crescer em 2020. Porque ao crescer o partido em 2020, isso determinaria pelo menos [o mínimo de resposta] o rumo que o país está a tomar. E aí sim, ao obter sucesso na eleição de 2020, os tucanos começariam a enxergar 2022 como possibilidade para vencer o pleito majoritário para a presidência do Brasil.

 

Portanto, cada qual no seu lugar. Primeiro, a eleição de 2020. Depois, a de 2022.

  

Vote nos candidatos do PSDB.

 

***

Eu sou um animal político farejador de medo.

Nunca demonstre medo. Porque o medo poderá ser usado contra você.

Tanto Bolsonaro quanto Lula estão com medo da chapa Huck-Moro. Talvez esse seja o caminho para 2022 mesmo.

Mas isso significa que o PSDB apoiaria Huck-Moro para 2022? De modo algum. Os tucanos não escolhem adversários nem têm medo de ninguém.

 

Comentários