Por: Júlio César Anjos
Ei,
(e)leitor curitibano, peço um momento da sua atenção.
Você
é vizinho de porta do Parque Barigui?
Ou
mora muito próximo ao teatro Ópera de Arame?
Talvez
frequente a XV por viver perto da região?
Ou
aos arredores do Jardim botânico?
Não
mora nem próximo desses equipamentos turísticos próximos aos moradores da elite?
Então
você, colega, é da periferia. E não deveria estar salivando de felicidade em
ver propaganda do Greca que só enaltece o Águahú – a Curitiba que começa no
bairro Água Verde e termina no Ahú – da regional matriz.
Se
você mora uns 10 minutos de carro e/ou 20 minutos de ônibus de distância do
centro, você não faz parte da Curitiba matriz. Se duvidar, até o aplicativo Waze
não “apita” e o Uber tem dificuldade de chegar. E garanto pra você que perto da
sua região as coisas não estão tão bem como as auferidas nas inserções de
vídeos que o Rafael Greca faz ao mostrar a regional matriz.
Não entenda mal nem confunda as coisas.
Periferia não é sinônimo de favela. Periferia é o que é: algo que fica
periférico, à margem e distante, de algo central. Assim como é periférico todo
aquele sujeito curitibano que mora fora do centro.
O
teu bairro não tem uma praça parecida com o Jardim Botânico ou Parque Barigui.
A sua rua nem de longe se assemelha com a XV do centro. E com certeza o teu
bairro não tem teatro, quiçá algo parecido com a Ópera de Arame.
O
seu bairro não tem um jardim cheio de rosas em que Viver n’ela é um privilégio,
como consta em versos do hino da cidade.
Você,
leitor periférico, bate palma para aparelhos e equipamentos da cidade que não
estão prontamente ao seu dispor, embora você acredite que esteja. E saiba uma
verdade dolorida: A elite não quer você nessas redondezas porque eles são donos
“do rosto da cidade amada”.
Deste
modo, você irá dizer que este que vos escreve quer dividir a cidade no estilo
nós contra eles. O problema não é querer dividir, o problema é que ela já é
dividida entre uma Curitiba vista com carinho pela elite, onde o imposto recolhido
é devolvido em serviço na região matriz e norte; e a região sul, empobrecida,
em que o povo só pode pagar imposto, votar e bater palma para a região onde
mora a oligarquia da cidade.
Além disso, como a desconfiança é crível, você
também irá indagar e responder para si mesmo logo em seguida: “se eu votar em
candidatos tucanos, vão olhar pra nós? Não vão.” E entende-se a sua presunção.
Mas
saiba que o único que propôs dar uma qualidade de vida na região sul, ao ligar
o sul e o norte com a Linha Verde, além de fazer o parque “Lago Azul”, que fica
no Umbará, foi o tucano Beto Richa.
Aliás,
deve ser isso que deve ter incomodado a oligarquia curitibana: olhar para a
região sul da cidade.
Muita
gente não sabe, mas Curitiba esteve perto de eleger prefeito uma espécie de Lula
das Araucárias. Custódio, com o lema: “esse é nosso”, era um político puxador
de voto e forte que vinha da periferia da Cidade Industrial de Curitiba, que
foi parado pela oligarquia por causa de “rachadinha” [o mesmo malfeito do
Bolsonaro].
Isso
leva a uma dura constatação: subiu qualquer força política de periferia? A
oligarquia da cidade aniquila. E aniquila porque você, morador da periferia, ajuda
e permite isso acontecer.
Para
Curitiba, só pode ser eleito prefeito aquele que vem de berço e que more na
regional matriz ou parte norte da cidade. Só pode ser prefeito quem vem do
“rosto da cidade amada”.
Então,
aqui vai uma constatação. Se você não mora perto do itinerário da linha
turismo, que só circunda a regional matriz e norte de Curitiba, sinto dizer:
você não é curitibano de verdade porque você é esquecido por todos.
E,
portanto, não vai ser uma rima que irá convencer você de votar em político engambelador.
Para
construir pontes e ligar Curitiba como uma só: Vote nos vereadores do PSDB.
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