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PSDB: Reformista ou Oposição? Em Defesa da Democracia!

Por: Júlio César Anjos

O PSDB surgiu alicerçado em valores democráticos. Na assembleia da criação da legenda, Mario Covas delimitou o novo partido como aquele que fará mudanças demandadas pelo povo, porém, bem longe da lógica de “determinismo histórico”. E o parlamentar Pimenta da Veiga concretizou que os tucanos seriam um partido reformista em questões econômicas. Ou seja, um partido que moderniza e/ou atualiza o Brasil diante das transições recorrentes, seja por ensejo do próprio país ou empurrado pela modificação do mundo. Todavia, se chegar um momento entre ter que escolher defender reforma ou democracia, o PSDB escolherá: “acima de tudo, a democracia”. E esse momento chegou.

O determinismo histórico marxista se define no conceito de que haverá uma revolução proletária diante do capital, com vitória dos trabalhadores, e o máximo que se chegará ao não iniciar uma revolução é postergar o inevitável. Logo, a revolução socialista é um atalho para o destino de entregar “todo o poder aos trabalhadores”. E o determinismo histórico militarista à brasileira bolsonarista tem o seguinte bordão: “através do voto você não vai mudar nada neste país”. O determinista histórico só acredita na revolução porque não acredita que a mudança venha pelo voto, ou seja, pelo escrutínio de reformas no congresso feito pelos parlamentares na democracia.

Ora, é obvio que o reformismo só pode ser executado e existir na democracia congressual, em que há uma casa do povo para mudar leis e dinâmicas gerais, tanto econômicas quanto sociais, para modernizar ou atualizar a sociedade brasileira diante as modificações do próprio país e mudanças do mundo. Porque a premissa é óbvia: se não precisa reformar, não há necessidade de existir o congresso nacional [discutir pra quê?]. Deste modo, a simples lógica de que se deve mudar o status de um país por via parlamentar porque a sociedade sempre está em constante mudança, isso condiciona que a existência do político é fundamental para fazer tais execuções. E para mudar pelo consenso, nada melhor que a democracia para gerar essas tomadas de decisões.

A existência do PSDB na democracia é ser reformista [o que o leitor descobriu que é apenas o óbvio].  Mas o executivo federal que está transitoriamente na cadeira presidencial acredita no determinismo histórico revolucionário que: “através do voto não vai mudar nada neste país” e por isso quer se perpetuar no poder. Ou seja, para a atual extrema-direita fazer as mudanças é preciso de um totalitarismo que só está disponível em uma ditadura. Desse modo, se o PSDB ajudar com o avanço das reformas econômicas que o atual governo federal assim deseja, o que o PSDB estará fazendo é ser somente cúmplice desta escalada autoritária que tenderá até mesmo a um possível fim da democracia.

A atual conjuntura política não dá ao luxo para, como diz Nildo Ouriques, o parlamentar ser um mero “político vulgar”. O político agora tem que defender a democracia custe o que custar. Se num momento pregresso não muito distante um partido tradicional tinha ideologia ativista separada do político angariador de voto, na questão ulterior se dará que poderá não haver distinção nenhuma, nem mesmo a existência de partidos, porque a tirania tomou lugar da democracia. Em miúdos: se o político quer continuar a existir como político, é preciso posicionar-se contra Bolsonaro.

Até porque o Paulo Guedes confessou, na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, que só depende dos parlamentares para as reformas, sendo que, no mais, a classe política pode ser até descartada. E, deste modo, ou os parlamentares acordam para a realidade ou serão descartados como bem lembrou o Ministro da Economia. Porque a lógica é obvia: a estrutura de imposição de lei e mudança econômica e/ou social vinda de cima pra baixo não precisa de democracia. Não precisando de democracia, não precisa do parlamentar. O político vira mera figura decorativa.

O PSDB foi reformista com Lula nos dois mandatos, no governo Dilma no primeiro ano de governo, na era Temer pós-impeachment, e até no primeiro ano de governo do Bolsonaro. Mas agora não dá mais para andar junto em reformas com este governo atual, por um falso sacrifício chamado pelo “bem maior ao Brasil”. Fazer reforma não será para o bem do Brasil, será para a ascensão ditatorial de Bolsonaro.

O momento atual não aceita que o PSDB seja ideologicamente oposição ao governo Bolsonaro e governista em votar a favor as reformas econômicas que aparecem no congresso. Não dá para ser oposição aparente e governista na prática. Tem que ser oposição também na práxis. Diante disso, é tempo de fazer o que é certo e concordar com a base ideológica, é tempo de ser: OPOSIÇÃO!

Portanto, o PSDB é um partido reformista em um ambiente político democrático. Quando o atual governo está a fazer escalada autoritária, ajudá-lo com reformas é aliar-se com grupo antidemocrático, é suicídio político. Deste modo, é preciso fazer oposição também parlamentar. Caso contrário, o determinismo histórico caminhará para o fim da democracia, diante a ascensão do totalitarismo. Enfim, o PSDB deve deixar de ser reformista até este regime autoritário cair.
  
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Discurso Mario Covas: “E esse é um partido que nasce alicerçado na esperança, não a esperança estática, mas na certeza de um porvir, que há de chegar um dia sim! Mas não apenas a um determinismo histórico, que há de nos levar em um determinado destino, a esperança que é um fato dinâmico, uma luta constante, a luta que se faz com amor, e o amor que se faz com luta, aquilo, que ao final, ao lado do povo brasileiro, e por ele conduzido, esse partido representará, na historia presente e futura deste país! Esse será o partido da esperança, mas por sê-lo, ele há de cultivar todos os valores, que são os valores fundamentais do povo brasileiro”.

Discurso Pimenta da Veiga: “E é por isso que eu quero dar as boas-vindas a todos os brasileiros que aqui estão, para dizer a todos que é o nosso dever resgatar as mudanças interrompidas, que é o nosso dever concretizá-las e nós viremos de fazer, nós levaremos as mudanças sociais, nós levaremos adiante as reformas econômicas, porque esse é o nosso sonho, e porque esse é o nosso compromisso”.




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