Por: Júlio César Anjos
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Autoplágio de 2012: O Alento do Cata-Vento
Cata-vento,
instrumento que aparece desde cidades que precisam da turbina de energia até crianças
de colo que o fazem brinquedinhos de passatempo. Alguns são belos, outros são
funcionais, mas o fato é que o cata-vento é muito utilizado desde a antiguidade
até os dias atuais.
O
vetor é o motor de mudanças de paradigmas, gira em sentidos diferentes, se mexe
ao compasso da força do ar, por isso que cata-vento parado é sinal de vento que
não brisa. O sopro é fraquinho, energia que não vinga, o que faz as articulações
ficarem inertes por falta de oxigenação. Inanição de movimento, o alento é
somente ver que o grande catalisador de energia está inativo, virou somente
obelisco descuidado, largado e deixado à revelia, ao tempo, em uma cidade
qualquer, ou deixou de ser atraente como brinquedo da criança que não gostou do
aparelho.
O
bom é ver cata-vento ativo, a ventania tomou conta do trabalho, que produziu
energia, força viva e determinante para continuidade de tarefas. Enquanto a
vida se destaca, o lindo floresce, cresce aos olhos pela beleza de uma turbina
de prazeres, de enfeites, de motricidade e alegoria. Agora os deslocamentos
desfossilizam a resignação da inércia, o remexer das hastes criam movimentos
uniformemente variados - explicações básicas da física -, ao aspecto físico as
delongas propagam que algo agora está em pleno funcionamento, está ativo.
Um
simples sopro de resignação de um adulto pode girar o brinquedinho de mão da
criança de colo. É engraçado, mas até mesmo da frustração causada pela
insatisfação dos pulmões, ou por puro bafejo, pode proporcionar agitação a um
brinquedo de fácil manipulação. E, sendo
assim, a criança que já sabe andar corre para fazer girar, forçosamente, o
cata-vento do divertimento. Já a criança mais levada bate na pétala do brinquedo
para produzir o movimento, um giro desproporcional, mas existencial, funcional.
Todavia, o ar da atmosfera é bom porque não precisa de esforço para se criar
energia, a própria natureza toma conta disso, então ventar é o melhor para a
brincadeira sadia.
O
importante é o vento, pois sem tal energia não há o que “catar”. Por isso que
poderia ser chamado -- por que não? -- de pega-vento, molda-vento,
precisa-de-vento. A condução precisa do condutor, essa é uma regra natural
normal, sem exceções. Diante disso, há também os cata-ventos que são forçados a
se movimentar para gerar refresco. Deste modo, aparecem os cata-ventos
motorizados: o ventilador, a ventoinha e o “cooler”. Nada mais são que
instrumentos que perturbam o ar que está alastrado pelo espaço, criando o sopro
artificial que esfria os equipamentos, sejam do carro, do computador ou da
casa.
A
falta de vento provoca o derretimento de ações. Um calor de 50 graus faz as atividades
ficarem travadas por aquecimento; até o computar começa a ficar com problema de
memória por esquentar demais. As pessoas também ficam mais preguiçosas por
causa do sol açoitar o coro do cidadão que trabalha ao relento. Um ventinho em
meio a tudo que só esquenta articula motivação, dá animo por brisar um novo
relaxamento. A maturação do entendimento deflagra que o cata-vento é a prisão
da energia e a liberação da criação. Por isso que cata-vento imóvel é liberação
de energia sem criação, é energia jogada fora porque ninguém convergiu a um
ponto, para criar o giro da turbina, ou da pétala do brinquedo, para criar
felicidade, seja do resfriamento, seja da atividade alegre do instrumento
lúdico, e/ou gerar energia elétrica.
Por
isso, por conclusão de pensamento, trocaria, por exemplo, o poste de luz por
cata-vento colorido, sem dúvida, seria a junção da brincadeira com a produção
de energia. O mundo só vê cata-vento parado, por isso que há feiúra a cada dia.
Enfim, há de reivindicar: cata-vento ativo já!
O Cata-Vento de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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