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Caso PF antes da Eleição sobre Flávio Bolsonaro e Queiróz: Análise Política

Por: Júlio César Anjos
  
Neste momento sensível da sociedade, em que se deve tomar cuidado com o coronavírus, estoura escândalo de que a Polícia Federal do Rio de Janeiro segurou o processo do Flávio Bolsonaro no meio do segundo turno da eleição presidencial de 2018, na questão de corrupção envolvendo Queiróz, para que a candidatura do Bolsonaro pai não fosse maculada e com isso o candidato perdesse o pleito por causa de problema judicial. Sabendo disso, é de bom grado fazer definições. Porque na questão de moralidade e aspecto jurídico isso é um escarcéu. Mas no aspecto político, não. E é sobre isso que o leitor deste blog irá compreender e aprofundar. 

A primeira coisa que se deve estabelecer a um pleiteador a assumir a candidatura eleitoral se dá na parte de prudência da própria parte, ao não se aventurar na política quando se é envolvido em criminalidade. Como no caso do Jair Bolsonaro, um político que, além de supostamente envolvido em corrupção, está também envolvido com esquema de milícia – polícia ruim – que mata para manter riqueza e status. Portanto, pelo aspecto do indivíduo, Bolsonaro é um miliciano que convive com assassino e corrupto, não está à altura da liturgia do cargo de presidente e por isso não deveria nem concorrer ao pleito majoritário federal.

Deste modo, provando-se a sua desonestidade, Bolsonaro tem ficha corrida de uma corrupção que vem de décadas. E o indício disso se dá ao ver que o patrimônio amealhado é incompatível com a renda de deputado. Não é de agora que o atual presidente é celerado. Mas o povo só está começando a saber a verdade agora, ao ser findada a eleição. O povo foi enganado; e por isso Bolsonaro merece até impeachment pelo estelionato eleitoral.

Ora, se Bolsonaro comete crimes há décadas, enquanto que o estouro do escândalo de corrupção só veio à tona  após Bolsonaro ter sido eleito, é óbvio que o atual presidente foi protegido pelas forças jurídicas do Estado. E que as forças do Estado [Polícia Federal, Ministério Público e juízes de instâncias] preservam os seus protegidos e perseguem os seus algozes não é novidade. Afinal, a materialização de Bolsonaro presidente é fato incontestável sobre isso.

Tanto é que se a justiça fluminense pegasse o “mito” em 2017, Bolsonaro nem concorreria na eleição presidencial de 2018. O judiciário do Rio de Janeiro queria um capo pra chamar de seu. E conseguiu.

Outro fato incontestável é a perseguição que tinha que ser feita mesmo em cima do Lula – que é de fato ladrão. Mas mesmo a justiça federal acossando o petista, as forças jurídicas assim o fizeram respeitando a data-limite da troca da janela partidária de Abril [por isso que o ex-presidente foi preso neste mês]. Ou seja, após Lula ser preso, o PT teve toda a tranquilidade do mundo para fazer a troca ao indicar o Haddad candidato a presidente no lugar de Luís Inácio, além de estabelecer acordos de coligações para a eleição de 2018. Após Lula ser preso, tudo ocorreu perfeitamente bem no ambiente partidário petista.

Deste modo, politicamente falando, tanto Lula por ser preso em Abril de 2018 quanto Bolsonaro por ter o processo mexido pós-pleito em janeiro de 2019, os dois políticos tiveram andamento jurídico de forma normativa acertada. Porque esse período de seis meses entre Abril e Outubro em ano eleitoral é sagrado para a democracia. É o momento que, por questão de norma de bom senso da justiça, deva haver uma carência jurídica em não empurrar papel contra candidato A ou B para não atrapalhar a escolha do eleitor na eleição.    

Agora, há um partido que foi severamente prejudicado em ser acossado bem no meio da campanha eleitoral: o PSDB. Há um mês para o fim da eleição de 2018 teve de tudo contra os tucanos, desde empurração de papel de inquérito aloprado até mesmo prisão de camburão em candidato faltando 20 dias para a eleição. Beto Richa, por exemplo, foi preso em um processo que tinha mais de quatro anos de tramitação. Ou seja, o eleitor paranaense teve a sua escolha modificada pelo sistema judiciário. E isso é o ato mais antidemocrático que se possa imaginar.

 Portanto, politicamente, em ano de eleição o período entre Abril e Outubro deve ser de carência jurídica, em que o judiciário refrearia atos contra os atores políticos. É questão de norma e prudência, questão de defesa da democracia. Bolsonaro deveria ter sido investigado em 2017, período que se soube que o candidato estava envolvido com miliciano e corrupto de fato. Não fazendo isso, ao menos a justiça fluminense acertou em não persegui-lo durante a eleição para não atrapalhar a escolha do eleitor. Além disso, a justiça fazendo Lula preso em abril respeitou o calendário político de janela partidária e coligações, não afundando todo o meio político consigo. E a única coisa que não se pode fazer jamais é prender político faltando um mês para a eleição, como o que ocorreu com tucanos como Azambuja e Beto Richa. Isso é o ápice da falta de democracia, de um judiciário que promove injustiça, é o mais alto grau de autoritarismo de poder interferir na livre escolha do eleitor no período eleitoral.

***

O erro não esteve no Bolsonaro ser investigado pós-pleito nem em Lula ter sido preso em abril de 2018; o erro antidemocrático foi tucano ser preso faltando um mês para a eleição.

O certo é político corrupto não participar da política. Participando, que a justiça pegue todos ou não peque ninguém. Isso é justiça.

Players presos faltando um mês para a eleição:
Bolsonaristas: Não.
Petistas: Não.
Centrão: Não.
Tucanos: Sim.







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