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Progressista Decadente: Democracia em Vertigem

Por: Júlio César Anjos
 
Este é o último episódio da pequena série: “Pulsões”, com artigos referentes às quatro pulsões identificadas por Sergei Tchakhotine e que estão/são concretizadas como movimentos de massas nos dias atuais. O progressismo foi deixado por último porque é o único movimento que depende exclusivamente da Democracia para existir, sendo que as outras três: Combativa Nacionalista, Nutritiva Trabalhista, e Paternal Religioso são adaptáveis à tirania. Deste modo, por conclusão objetiva o prenúncio se faz verdadeiro, se o progressismo cai em decadência, a democracia entra em vertigem.

Com isso, o exposto em linha de raciocínio, diante os parâmetros de pulsões adaptáveis à tirania: a Combativa Nacionalista pode virar Nazismo; a Nutritiva Trabalhista pode virar Comunismo; a Paternal Religiosa pode Virar Califado ou qualquer outro Estado Confessional autoritário. E a Sexual Progressista? Só sobrevive na Democracia. Entrou Tirania? Progressismo Sexual saiu! É por isso que a capacidade de medir a qualidade e profundidade democrática se dá ao observar em quais situações estão amparadas as minorias sociais – que neste caso específico está direcionado no acolhimento e direitos do movimento LGBT. Deste modo, como compreendido, há de verificar com obviedade que é impossível existir uma Ditadura Gay, como a extrema-direita miliciano-fascista tentou incutir na mente dos brasileiros de forma geral.

A Lógica da Ditadura Gay só fez sentido e pegou como narrativa porque o movimento progressista [pulsão sexual] andou com o movimento trabalhista [pulsão nutritiva] em um projeto de poder de âmbito totalitário de perpetuação do PT no poder que visava um comunismo tupiniquim. O movimento trabalhista é o movimento de massa mais importante, e indispensável, para o comunismo. Deste modo, o Partido dos Trabalhadores jamais poderá ser progressista ao abandonar a verdadeira essência deste movimento político que tem como linha de defesa sindicatos e movimentos sem terra. Deste modo, os progressistas, ao se juntarem aos trabalhistas, tiveram nesses últimos tempos a tempestade perfeita, em que travestis pela esquerda nunca – jamais! – discursaram em um evento sindical e sem terra com plateia grande com os estabelecimentos lotados; e pela direita o movimento comunista teve a imagem arranhada porque os fascistas criaram o seguinte bordão: “antigamente o comunista dava tiro, hoje dá o uc”.

Os progressistas ao se juntarem com os trabalhistas só tiveram a perder neste processo político, seja pela esquerda ou direita, pois, viraram os vilões da história desta polarização ambidestra, o que explica a ascensão do Bolsonaro no poder e a ameaça de perda da democracia. Haja vista que até mesmo dentro dos núcleos de debates das esquerdas trabalhistas, o “mea culpa” dos partidos vermelhos se dá no sentido de ter erroneamente apoiado o que eles chamam de “esquerda cirandeira”, já que o movimento trabalhista perdeu o rumo ao não defender os valores inerentes dos próprios partidos. Ou seja, na polarização, os gays estão sendo jogados à revelia, sendo desemparados por todos.

O movimento progressista não se resume somente ao movimento LGBT. Mas é a sexualidade exacerbada que fez com que a sociedade brasileira de modo geral refletisse sobre limites sobre o que é aceitável ou não diante liberdades individuais – “contaminando” o progressismo como um todo. E como a falta de limite de bom senso chegou, por exemplo, ao ápice de uma CRIANÇA do sexo masculino estar trajada e fazendo gracejos femininos quase pelada em um evento da parada gay, remetendo claramente também à pedofilia [sendo que a função de uma criança é ser criança, é somente brincar], tal situação fez o movimento progressista cair em degradação total, e, com isso, fez esse movimento perder legitimidade, o que culminou como reação a chegada de “ordem” combativa do movimento nacionalista, o nascimento do “patriotismo” que está a eclodir o fascismo no Brasil.

Os organizadores do evento não podem ser culpados pelas ações dos participantes. Mas após ver aquilo que passa do limite não só do bom senso, mas da lei também, é obrigatório que o movimento se POSICIONE contra aquilo que fira e suje a imagem dos progressistas. Não fazer esclarecimento ou nota de repúdio só por causa de uma lógica demente de: “é proibido proibir”, isso faz com que o movimento seja contido à força pelos poderes da sociedade em geral que irá querer uma ordem no progresso [e nesses casos, infelizmente com razão].


Chamada à reflexão, lógico que o movimento progressista [sexual] não pode ter a sua liberdade cerceada. Mas há também um limite quando acaba o direito de um e começa o direito de outro. Deste modo, quando a liberdade extrapola, ela torna-se libertinagem. E com libertinagem não progride ninguém.
   
O progressismo [sexual] depende da democracia e só sobrevive nela. A anarquia da libertinagem faz a sociedade cair em decadência, o que faz a democracia entrar em vertigem, pois, a reação será de até mesmo pedido de tirania. Com facilidade em colocar a culpa na minoria, a esquerda que nunca deixou travesti discursar em convenção sindical poderá descartar o movimento sem pestanejar, ao passo que a direita culpará os movimentos LGBT de indecência porque o grupo sexual provocou alguns episódios caros aos valores de toda a sociedade que mereciam realmente criticas de fato. 

O progressismo é importantíssimo para a democracia porque mostra que é possível que grandes estratos de clivagem sociais possam coexistir harmonicamente. Basta somente o próprio movimento progressista fazer a sua parte e não desarmonizar o ambiente. Se continuar sendo somente instrumento dos trabalhistas, no fim o movimento levará toda a culpa e será descartado pelos vermelhos sem pestanejar. E vale lembrar e ressaltar: a democracia vive sem o movimento progressista; o movimento progressista não vive sem a democracia. Porque não há ditadura gay.

Portanto, os progressistas [sexual] devem abandonar os comunistas do movimento trabalhista e lutar contra os fascistas por questão de SOBREVIVÊNCIA. Mas se as minorias continuarem com os vermelhos, especialmente os corruptos do Partido dos Trabalhadores, então não haverá adaptação e o fim do movimento LGBT, como se conhece no Brasil, será inevitável. Lembre-se: a bandeira dos progressistas não é vermelha, é arco-íris.

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Eu acho interessante o movimento progressista. Porém, enquanto o próprio movimento não fizer uma autorreflexão, eu não abraçarei a causa porque tem problema na própria organização. É por causa dessas coisas que eu sou e não sou progressista ao mesmo tempo.

Fim da pequena série Pulsões:
Nacionalismo Tribal? Nem Pensar!
Trabalhismo Subserviente: Escravidão Moderna
Religioso Brigão: Combatente a Serviço do Mal
Progressista Decadente: Democracia em Vertigem


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