Por: Júlio César Anjos
O
espectador, na era digital, vê qualquer evento mundial em tempo real. Já o
mundo que se findou, ao ser sepultado nos livros de história, via os
acontecimentos globais de forma imaginativa e com certo atraso. Mas os dois
mundos, tanto o do passado quanto do presente, possuem as três itens de
comunicações: 1) Contrainformação, que é um conjunto de recursos que visam a
neutralizar os serviços de desinformação do inimigo, 2) Informação, a notícia
detalhada e específica; 3) desinformação, que são informações inverídicas com
fundo de verdade vindas dos inimigos.
Deste
modo, que se faça um comparativo entre o evento analógico imaginativo da
Segunda guerra mundial com o evento digital real do Coronavírus.
Acontecimento imaginativo na
Era Analógica da Segunda Guerra Mundial:
Veja
por exemplo a segunda guerra mundial. Naquela época, o sujeito só podia se
informar sobre o conflito pelo rádio, pelos jornais impressos oficiais e pelos
semanários alternativos.
No
rádio, meio de propagação de massa mais simples e eficaz, o Estado-nação usava
deste meio para propagar CONTRAINFORMAÇÃO.
Então, sempre as notícias faladas, ao sintonizar uma emissora de difusão, tinham
como enfoque pelo seu líder dar ímpeto ao seu povo, para que não houvesse
desanimo de toda a população, ao gerar uma derrota pela insatisfação. Excelentíssimo
senhor Ministro fazia o pronunciamento em que todos ouviam com satisfação.
Nenhuma fraqueza nas palavras, nenhum balbuciar por vacilar, sempre falando
direto e reto, mas com o ânimo de que toda a nação estaria a vencer uma
batalha, mesmo que tal país estivesse perdendo a guerra. Era praxe naquela
época.
Já
o jornal, que atendia um público mais refinado, como a classe média alta e
elite em geral, tinha que se noticiar aquilo que era verdadeiro. E sendo
verdadeiro, tinha que ser INFORMAÇÃO.
Deste modo, o jornal tabulava estatísticas, acontecimentos, alguns detalhes
sobre a guerra que estava ocorrendo, em que o jornalista estava cobrindo in
loco o conflito, tais informações faziam tais classes mais refinadas terem que
tomar decisões diante do evento beligerante da segunda guerra mundial.
E
o tabloide se encarregava de fazer sensacionalismo diante da segunda guerra, em
que havia DESINFORMAÇÃO intercalada
com entretenimento visual. Deste modo, a Desinformação vinha em forma de
cadernos, semanários alternativos, rádios piratas e até mesmo no próprio jornal
formal, diante de um infiltrado fazendo a ação de envenenamento social para que
tal estado-nação atacado pelo inimigo perdesse a motivação por ter notícias não
tão agradáveis assim.
Como
o espectador não sabia o que realmente estava acontecendo na batalha, tendo
três alternativas de Notícias: Contrainformação vinda pelo pronunciamento do
ministro no Rádio [para gerar ímpeto e orgulho]; Desinformação usada pelos
inimigos para envenenar tal sociedade; e Informação com análise fria e
verdadeira do acontecimento; tal sujeito que acompanhava a segunda guerra só
podia IMAGINAR o que estava
acontecendo, não o que acontecia de fato.
Acontecimento REAL na Era
DIGITAL do Coronavírus:
Nessa
nova era digital, o espectador pode receber notícia sobre o Coronavírus pela
televisão, pela internet e pelos meios alternativos de mídias sociais, tudo
rápido e na palma da mão.
Agora,
veja essa questão do Coronavírus. Hoje, o espectador dispõe de tudo na palma da
mão e de fácil acesso. Fatos e acontecimentos in loco e em tempo real. E assim
como o seu antecessor analógico, essa pandemia também tem Contrainformação,
Informação e Desinformação. Porque esta pandemia é uma guerra.
Na
TV, ao sintonizar nos canais que abrangem toda a nação, o público não tira os
olhos do telejornal para ficar informado sobre todas as ocorrências do
Coronavírus. Diante das câmeras, Trump surge enfático, com fala firme e tom
austero sobre o enfrentamento da pandemia. E diante a situação, apresenta
várias possíveis soluções, como até mesmo o uso da cloroquina como remédio. A
Cloroquina é CONTRAINFORMAÇÃO. O remédio é como uma válvula de escape de
alívio para que as pessoas tenham esperança e não se deixem esmorecer porque a
salvação está chegando em breve. É o “vamos vencer!” da guerra, que era
escutado no rádio no passado. Observe que não importa se a cloroquina funciona
ou não, o que importa é que se gere estímulo positivo para o povo angustiado.
Já
na internet, a procura sobre a pandemia é gigantesca. E apesar de ter uma
infinita gama de opções de notícias na rede de computadores, os jornais tradicionais
são os mais confiáveis em se tratando de
INFORMAÇÃO sobre o Coronavírus. Perfazem a mesma lógica do jornal impresso
tradicional da segunda guerra mundial. Então, a única diferença é que saiu do
impresso para virar site da internet.
E
por fim a DESINFORMAÇÃO. Como as
pessoas buscam estar a par sobre o que acontece no mundo o tempo todo, a web
satisfaz esta necessidade do público sedento por notícia. E nesse mundo caótico
e anárquico da internet, qualquer pessoa pode disponibilizar os acontecimentos
pela rede de computadores e saciar a fome do panorama da pandemia. Deste modo,
as mídias alternativas políticas atendem a esta necessidade. Então grupos
midiáticos alternativos começam a jogar na rede mentiras com fundo de verdade,
só para ver o “circo pegar fogo”, para os países com liberdade de imprensa e
expressão entrarem em ebulição. Exemplo é o Brasil 247 com o Pepe Escobar
dizendo que os EUA jogaram o Coronavírus em Wuhan e o Terça Livre que denuncia
a China por ter disseminado a doença para o mundo. E essa ferramenta parece
exatamente com o famoso “Der Stürmer”
um semanário da República de Weimar que ajudou a ascender Hitler ao poder. Só
muda o formato do impresso para o digital. Mas a lógica é a mesma.
Conclusão do Comparativo:
Como
o espectador sabe o que está acontecendo em tempo real, havendo três
alternativas de notícias: Contrainformação vinda pelo pronunciamento do Trump;
Informação pelas mídias tradicionais virtuais em sites; e Desinformação por
meio de blogs alternativos, o sujeito hoje acompanha a ocorrência em TEMPO REAL
sobre o que está acontecendo, como no caso do Coronavírus, o que faz esse
tsunami de notícia gerar pânico maior do que somente imaginar tal evento. Por
isso que a era digital é mais nociva do que nas eras anteriores.
E
pra finalizar, o Brasil, infelizmente, é o país que mais está sofrendo com esse
flagelo psíquico. Porque o brasileiro já viu a tragédia na China, está vendo
tragédia na Itália e verá a tragédia no próprio território, enquanto que para o
chinês o pior já passou. É como se o
brasileiro visse o tsunami chegando, devastando tudo e, impotente, tendo que
aceitar a destruição por falta de solução.
Por fim, na guerra, os jovens iam
para a batalha para morrer, enquanto os idosos ficavam em casa. No Coronavírus,
os idosos morrem se saírem de casa, enquanto os jovens podem viver.
Os órfãos do Coronavírus
criarão a sociedade totêmica freudiana:
Freud, para explicar a religião, criou uma
hipótese da “sociedade totémica”. Bem nos primórdios da era primitiva,
acredita-se que os jovens do povoado, ao quererem tomar o lugar dos anciões,
resolveram matar todos os pais para assim conseguirem tomar os seus lugares.
Mas ao invés de conseguirem o objetivo da conquista, todos os jovens sentiram
amargura pela perda e resolveram então criar a religião para que este novo ente
fosse o pai que eles perderam. Freud embasou em estudo que isso significava “O
complexo de Édipo”. O Coronavírus é o complexo de Édipo dos dias atuais. Todos
os jovens acham que são só velhos morrendo. Mas isso vai gerar uma cicatriz
enorme nas sociedades daqui pra frente. Todo mundo estará e será diferente
depois do Coronavírus. Pode apostar.
Notícia: Era Analógica Segunda Guerra Mundial x Era Digital Coronavírus de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: