Por: Júlio César Anjos
"Se
rua por si só dá resposta, mendigo é Oráculo." - Júlio César Anjos
Quando
um presidente aciona até a SECOM [Secretaria de Comunicação do governo] para chamar o seu grupo sectário para a rua,
muita coisa pode ocorrer. E a única coisa que se conclui com isso é que Bolsonaro
está desesperado e aposta todas as fichas em um apoio popular caudilhista
[Nildo Ouriques e Olavo de Carvalho estão orgulhosos com esta ação vinda do próprio
presidente antidemocrático].
Deste
modo, as manifestações do dia 15 de março de 2020 pró-governo poderão ter três
possibilidades óbvias:
Ir
muita gente: quantidade de milhão
[na
mesma concentração nível impeachment no auge]
A
janela partidária faria com que muito político oportunista fosse se filiar no
partido Aliança pelo Brasil, já formalizado no dia do ato [por causa da adesão
em massa à manifestação], o que faria o presidente mostrar que ainda está vivo politicamente por criar uma maior quantidade de apoiadores no legislativo.
E
a democracia correria perigo porque dependeria da esquerda também encher em
manifestação de reação na base de milhão para o jogo ficar empatado neste plebiscito
insano de tirania x democracia [a polarização continuaria e o Brasil continuaria a patinar economicamente].
Mas
é pouco provável que Bolsonaro consiga levar gente nesta ordem, assim como a
esquerda também, porque a massa amorfa em 2013 e as grandes manifestações:
direita x esquerda, nos anos anteriores, são eventos esporádicos no curso
histórico.
Ir quantidade
padrão
[como
aquela concentração que aconteceu no mês de maio de 2019].
Isso
deixa tudo como está, mas obriga governo a ter que fazer pragmatismo para
governar [o que seria uma humilhação para este presidente orgulhoso e ególatra].
Esta
quantidade padrão é um apoio “marolinha” que não sustenta caudilhista.
É
o melhor cenário para a democracia essa quantidade e acredita-se que é o mais
provável a acontecer.
Ir pouca
gente:
[não
encher nem o vão do MASP]
Neste cenário, impeachment é mantra. Populista
sem povo é totalmente descartado.
Mas
também é pouco provável que isso ocorra [e também é ruim para a democracia
porque mais um impeachment a caminho, sendo que já teve um há pouco tempo, não é legal].
Portanto,
dia 15 de março de 2020 não é o fim que decidirá se o Bolsonaro pode ser
presidente sem freio algum e com poderes plenos, é o início de uma briga entre
tirania x democracia. Não acaba nesta data; pode acreditar.
Que
os jogos comecem.
***
Democracia
Democracia
não se confunde somente com certo grupo sectário na rua; democracia é um modo
de vida. É preciso defendê-la e preservá-la daqueles que, ao fingirem
democráticos por usarem movimentos de massa contra seus adversários, ameacem o
poder do povo que quer pluralismo de
ideias, convivência com quem pensa
diferente, eleições transparentes e
instituições independentes. Democracia é saber perder e saber ganhar, é
entender que o extremismo, por qualquer lado que seja, não é compatível com a
vivência social de uma região que tem ojeriza por tirania.
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