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Teatro do Absurdo: O Sistema Prega Peça Chamada Democracia

Por: Júlio César Anjos

A falsa democracia, que é de propriedade na verdade do Sistema que controla tudo, cria o teatro do absurdo: com roteiro, ator, e dramatização.  E é por isso que todo líder extremista possui três pilares de sustentação: A Doutrina, O Ímpeto, A Contradição. Sem essa tríade, tais líderes viram políticos normais. E virando políticos normais, são descartáveis por não servirem mais. Viram pó do Sistema que controla tudo; até mesmo o teatro do absurdo.

A falsa democracia brasileira - que tem como seu proprietário o Sistema que é integrado por poucas pessoas em postos estratégicos elevados nas ditas instituições - determina que a peça política seja parecida a um teatro do absurdo. Um teatro possui o roteiro, as atuações e dramatização com suas reviravoltas e tensões que parecem, pela surpresa, até mesmo não estarem no roteiro original. Neste sentido, se a democracia brasileira é um teatro do absurdo, então, torna-se óbvio que o roteiro seja a doutrina, a atuação seja o ímpeto e a Contradição seja o Clímax com desfecho de reviravolta sem parar, pois a peça, assim como o político extremista, só acaba quando se desgasta e não possui mais plateia que possa se interessar.

A Doutrina é o roteiro do político extremista padrão. A doutrina é um conjunto de pensamento estilo “manual de instruções” que basta fazer o que está escrito para conseguir conquistas sociais. E aqui surgem dois exemplos: O Marxismo para a esquerda; e o nacionalismo-cristão para a direita. Se o político perde a doutrina, ou seja, esse conjunto sistêmico de pensamento, ao não conseguir mais fazer com que as pessoas adiram a essa linha em questão, esse manual doutrinário começa a ser problema ao invés de solução. E se a doutrina não é aceita, o político começa a sofrer rejeição. E neste momento se vê, por exemplo, esquerdista dizendo que não é marxista; e num futuro não muito distante, caso a democracia prevaleça, terá direitista dizendo que nunca foi nacionalista nem cristão. É a lepra política no extremista de ocasião. E assim como um roteiro ruim com um ator ruim gera problema de bilheteria, doutrina ruim com líder político fraco dá complicação eleitoral.

Deste modo, a doutrina faz o óbvio: a doutrinação. Com a massa doutrinada [cooptada por uma ideia em ascensão], o político líder deste movimento pode “macaquear” porque tem poder para tal. E com isso, vem o ímpeto do líder perante a massa à disposição. O ímpeto é a atuação teatral do político. Por isso que neste momento surge a estética do líder que fala de forma mais ríspida contra os adversários, os discursos são mais inflamados, o dedo sempre em riste contra inimigos [até mesmo imaginários], e a violação psíquica por causa do poder de controlar a massa por causa de uma histeria coletiva generalizada. Mas se a doutrinação cai, o feitiço se quebra, e o ímpeto, que outrora era energia “popular”, mostra a verdade de fato: exibe um político desequilibrado, problemático, e com sérios problemas psicológicos e mentais. A charrete vira abóbora. Num teatro, o ator seria substituído; na política, o líder político é descartado.

E na mesma pegada, quando há doutrina e ímpeto em curso, tal assertiva gera a maior força-ápice do político extremista: a contradição. A contradição seria a dramatização de clímax do desfecho no teatro, assim como é na política [uma soma entre roteiro e atuação]. Somente os políticos extremistas que possuem a doutrina em voga e ímpeto em dia podem fazer contradições no curto prazo sem serem apenados eleitoralmente por causa disso. E há até um exemplo notório sobre tal situação. Segue: certa feita, o Brizola assim definiu o Partido dos Trabalhadores: “O PT é uma galinha que cacareja para a esquerda e põe ovos para a direita”, ao definir que na teoria o esquerdista fala para as massas da esquerda, mas na prática atende o grande capital da direita. A contradição não afetava o líder petista porque a doutrina em voga e o ímpeto em curso davam salvaguarda para fazer contradição. Mas se o líder perde a doutrina e o ímpeto, o simples ato de fazer contradição começa a virar suicídio político. Lula pregava peça adoidado. Hoje, não.

E o Bolsonaro hoje AINDA [note bem o advérbio de tempo em caixa alta e em negrito] tem doutrina nacionalista-cristã, o ímpeto de falar o que quer [por isso que faz live na internet] e contradição, como nos casos de dizer que vai fazer uma coisa e recuar no mesmo dia. Tem plateia para atuar. A boa notícia é que a estética n4zist4 do Roberto Alvim acelerou o desgaste da direita e isso fez com que o tempo de feitiço da doutrinação começasse a esmaecer ao tempo. Sem ter resultados econômicos de fato, é possível que o Bolsonaro perca a doutrina, o ímpeto e a contradição ainda neste primeiro mandato. Até porque existe uma premissa na política que é inexorável: “eleição em aberto é marketing; reeleição é mandato”. A Dilma, por exemplo, reelegeu-se em cima de um mandato ruim e deu no que deu. Com isso, caso perca o feitiço, Bolsonaro também não poderá mais pregar peça na dita democracia em mais ninguém.

O Sistema, que é o dono deste teatro do absurdo, gosta da produção com roteiro da doutrina, para ter a atuação do ator político pelo ímpeto, ao passo que o plot twist chamado contradição seja um medidor para ver se o trabalho está bom ou não para a plateia interesseira, que são a massa doutrinada por um sentimento político padrão. 

Portanto, o Sistema gosta de pregar peça chamada democracia, com o político fazendo atuação pelo ímpeto em cima de um roteiro chamado doutrina, com a dramatização pelo clímax da contradição. Caso seja útil para o teatro do Sistema, mantem-se o curso; caso contrário, muda-se tudo, sem deixar o teatro do absurdo fechar. E como se sabe, o Sistema impõe o espetáculo fictício chamado democracia que faz a plateia acreditar, mesmo que de maneira enganosa, que possui algum poder diante da produção, mesmo todos sabendo que não há. Mas, infelizmente, a manipulação funciona e o espetáculo não pode parar.

O Sistema prega uma peça chamada Democracia. Vá lá assistir, após comprar o tíquete de ingresso chamado título de eleitor, até não aguentar mais, até se desgastar.


  


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