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Lava-Jato e a Humilhação: Zé Processo

Por: Júlio César Anjos
 
Lava-jato e a Humilhação

É a primeira vez desde que a lava-jato começou a atacar tucanos que este que vos escreve sente-se humilhado pela operação.

Então quer dizer que a operação condena colaboradores do Richa e nada de aparecer com preponderância a informação na primeira página da Gazeta do Povo, em que, num passado não muito distante, a manchete ficava até mesmo uma semana a fio na parte direita do jornal eletrônico, porque era uma notícia importante? Ou então no caderno de politica do Estadão? Ou, ainda, no caderno de economia [sim, economia] da Folha? O’ Antagonista não conta, são lacaios da direita.

Isso é triste. Não aparecer tucano tomando todo o espaço do jornal faz parecer que o PSDB perdeu a relevância. Chega a dar até depressão. [sqn]

Deixando a ironia de lado, é preciso saber a diferença entre o que é notícia e o que não é. Diz-se que quando um cão morde um homem, não é notícia. Mas quando um homem morde um cão, aí é notícia. A mesma coisa serve para o político e a denuncia por corrupção. É questão de relevância.

Porque quando o político é atacado pelo judiciário e a mídia só informa em nota de rodapé tal situação, isso significa duas coisas: ou o político é insignificante [o que não é o caso do Richa] ou o sistema perseguidor está com a caneta sem tinta [o que deve ser o caso] porque está vendo o seu poder dissolver.

E quando é que o judiciário perde relevância mesmo teoricamente estando com a razão? Quando ataca a democracia. Quando escolhe a quem perseguir e proteger pelo calendário eleitoral. Portanto, quando é golpista.

Porque a lava-jato fez com que você tenha que chamar miliciano corrupto de vossa excelência. Isso é um fato incontestável que não se apagará jamais!

Mas o grupo lava-jatista quer perseguir os desafetos por causa do calendário e do poder por dois motivos:

O primeiro motivo, sabido, é que mudou o presidente do STF [Superior Tribunal Federal]. “In Fux we trust”, já comemoravam os golpistas, ao saberem que podem contar com o ministro que não viu fake News, quando presidente do TSE [Tribunal Superior Elreitoral] em 2018, na eleição que mais teve fake news na historia da democracia mundial.

Fux virou presidente do STF, ao suceder Toffoli, e a lava-jato golpista de Curitiba já começou a mostrar as garrinhas. E também o grupo acha que pode mandar até em ministro do STF, como o Gilmar Mendes, porque a equipe se acha grande, sendo que o site The Intercept mostrou que a operação não passa de um amontoado de bobalhões, todos com o nariz empinado e metidos a besta, deslumbrados com um poder que nunca tiveram antes nas mãos – e nem deveriam ter.

Aliás, a lava-jato do Rio de Janeiro, cabe menção honrosa, não denunciará Flávio Bolsonaro por corrupção antes que o partido Aliança pelo Brasil [Aliena para o Jair] esteja regularizado. Até porque o Bolsonaro é produto da lava-jato. Quando o assunto é poder, está tudo junto e misturado ao mesmo tempo.

O segundo motivo é que o grupo da República de Curitiba [que não tem um curitibano de R.G. como figura de proa neste esquema de poder] acha que revirar papel contra o Richa neste momento seja algo que inspire e motive o “paranaense de direita” a aderir e filiar-se ao partido Aliança pelo Brasil [Aliena para o Jair]. Esse gado engajado no mesmo momento que chama os outros de corruptos não enxerga o miliciano envolvido em corrupção. A lava-jato sabe disso e por isso faz ataques pontuais em calendários eleitorais.

A lava-jato está fazendo sete anos de existência. A operação mãos limpas, por exemplo, demorou quatro anos, sem ter internet nem computador porque a investigação italiana foi de 1992 até 1996 [fazia uma ano somente que existia o Windows 95]. E a lava-jato golpista de Curitiba não tem a mínima vergonha na cara de dizer que a operação ainda durará mais uns anos, o que acarretará que tentará destruir mais eleições municipais e federais porque a atividade é golpista e por isso não poderá parar enquanto o domínio não estiver completo.

Mas a lava-jato não cairá sendo atacada por quem ela persegue, cairá por quem ela preserva. Porque preservar corrupto, sendo a lava-jato uma ferramenta que teoricamente limpa o país da corrupção, tal contradição uma hora aparecerá na sociedade e isso não será algo bom para a imagem da operação. Até porque o ente preservado que tem o seu processo descansado [parado], uma hora o seu processo terá que prescrever à revelia. E não pega bem a um grupo que quer limpar até mesmo o Brasil da corrupção, sendo que prendeu o Richa 20 dias antes da eleição para que o caso não prescrevesse, tenha essa mácula como marca na operação, ao deixar outros processos prescreverem. Ou vocês, leitores, acham inocentemente que só o Richa está supostamente envolvido com Odebrecht/pedágio? Você acha que está vivendo em um país livre de corrupção? Inocente.

E se a operação lava-jato não acabou quando deveria, pode ocorrer de não conseguir acabar quando quiser [porque preserva corrupto]. E, por ter que trabalhar a contragosto, não mais porque é puro e sim por obrigação, isso fará com que a lava-jato sofra humilhação.

Talvez seja essa humilhação que a lava-jato de Curitiba tenha que passar para aprender que não se pode acabar com a democracia pela justiça. Fica a lição.


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Zé Processo

A alcunha do sujeito era Zé Processo. A Criatura caricata parecia um humanoide, com o perfil singular e trejeito único. Zangado, o moço não levava desaforo pra casa, levava para o foro, ou um fórum mais próximo. Era brigão e falastrão, mas só se pronunciava no momento certo.

A reputação do litigante foi lapidada pelo bom desempenho em execução. Sujeito manhoso, fazia até tinhoso rezar para São João. Qualquer movimentação fora do prumo, de cidadão opositor, Zé Processo não deixava o caso barato, gastava o que pudesse às custas para viver a custa do agressor ou do próprio Estado. Ofendeu? Calúnia e difamação no aparato. Agrediu? Processo Civil e Criminal no ofensor. Fez qualquer coisa fora do contexto? Havia na letra fria da lei a amparar de qualquer delito cometido ou refeito. Se tiver uma pendenga com o Zé, não tem jeito, se encontrará em um tribunal aleatório.

A primeira questão o sujeito não esquece, parece que foi sobre divergências com o troco, na cidade de infância, ao fazer compras na quermesse.  O tribunal de “pequenas causas” deu ganho ao cliente, dando pontapé inicial a um mito na contenda, a qualificação do Zé Processo.

Os casos seguintes foram criando tamanho e forma. O homem respaldado pela lei começou a ganhar várias frentes, em primeiras, segundas, e terceiras instâncias, criando um fenômeno sem igual: até aquele momento Zé Processo não perdeu uma causa sequer. Sabe como é, antecipado aos acontecimentos, sempre procura guardar provas, lembrar detalhes e articular os pensamentos. Contrata um advogado bom e é batata, o resultado só pode ser o esperado: Zé Processo ganhou mais uma vez.

Os letrados apertavam-lhe a mão e até diziam: “parabéns, rapaz!”, como se tivesse um dom, fosse um oráculo com poder ou algo do gênero. Os magistrados os faziam como exemplo a seguir, cidadão de boa conduta que procura os direitos e os conquista.  Zé Processo estava na boca do povo: a população com receio do novo fabuloso; e os intelectuais e pessoas do gênero exaltando a “persona” jurídica. Nessa seara muita coisa pode acontecer.

O tempo passa, as folhas do calendário caem, e Zé Processo começa a ser temido em toda parte. Ninguém o queria atender, mas se não o fizessem certamente seriam outros processos que os comerciantes teriam que empreender. Então atendiam Zé Processo com temor servil. E, diante da situação, a cidadela começa a sentir os efeitos dos julgamentos, empresas começam a fechar, comércio dá sinal de fraqueza, só o que cresce é a virulência do Zé Processo e dos pareceres favoráveis da justiça capataz.

O cenário é de apocalipse, chegou ao colapso o favorecimento da lei para o Zé Processo perante os demais. Agora tudo estava fechado, da escola privada até o supermercado, absolutamente tudo tinha corroído, Zé Processo tinha contabilizado tudo a seu favor, sugando toda a riqueza da pacata cidadezinha da região. Só ficou aberta a comarca, o fórum da lei era abastecido pelo imposto federal, o que mostra que tal localidade não teria complicações afetadas pelas querelas regionais.

Galante, Zé Processo, antes de ir embora, vai fazer uma última visita, no órgão de ofício, para enviar uma última pendência, era um litígio excêntrico, mas razoável, o pedido era de fechamento do fórum, pois o argumento era forte: Por que manter um tribunal aberto se não há população?  A alegação tem base sólida, corre em instância maior, e tem grande chance de ser vitoriosa a última ação de Zé Processo. Já tem juiz pedindo transferência, indo embora.

Zé Processo continua a processar, mas agora parece que não vence como outrora. Ainda bem.


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Como a operação lava-jato processa indivíduos, políticos e empresários, ela comporta-se como o “Zé Processo”, e por isso a operação tem que acabar antes que gere insegurança jurídica [isso se já não gerou] e caos.

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