Por: Júlio César Anjos
No
último programa 3 em 1 da rádio Jovem Pan, exibido no dia 27/11/19, Vera Magalhães discutiu
com o Rodrigo Constantino diante a fala do Guedes sobre o AI-5.
Quem
tem razão? A Vera Magalhães, óbvio.
Basta
ver essa ilustração:
O
que está em jogo não é se Guedes foi mal interpretado ou não sobre o AI-5, mas
sobre aquilo que é estético entre:
Civilização x Barbárie e Democracia x Tirania.
Quando
um grupo extremista sobe ao poder em um regime democrático, e neste meio tempo
não consegue tomar totalmente a estrutura política pelo seu total fechamento,
esse vácuo de poder tem que ser preenchido com um moderado que fará a intermediação
entre os extremistas que governam e outros segmentos políticos que torcem o
nariz pela radicalização – seja oposição ou não.
Neste
sentido, Guedes vira um mero garoto de recado do regime extremista. E aí faz
esse papelão neste estilo de exemplificação sobre o AI-5, uma espécie de “chantagem
do moderado”: “olha, eu sou liberal, moderado, democrático e tal, mas o meu grupo
não é e sabe como são as coisas...”.
E
nesse ponto, ao invés do principal nome do liberalismo no Brasil ser consoante
com as bandeiras da democracia e da civilização, a “obrigação” faz agir ao
contrário, e por estar junto com grupo fanático de direita acaba reagindo aos próprios
valores com dissonância, ao ser apenas um títere de instrumento para a barbárie
e tirania.
Neste
sentido, o Rodrigo Constantino, pelo sentimento de pertencimento ideológico,
acaba defendendo a infelicidade do comentário de Guedes sobre o AI-5 e por
apoiar regime político ao invés dos valores e das bandeiras liberais.
Essa
estética o faz acabar parecendo com o Roberto Campos, pensador liberal da época da ditadura
militar, que era um liberal cheio de frase de efeito que não servia pra nada
diante o governo ditatorial, o que mostrava que Campos era somente uma matrioska
que acobertava a tirania militar.
Por esta razão, a conclusão a chegar tende ao inevitável: os liberais antidemocráticos são meras “fachadas” para o fanatismo ideológico para a direita avançar aos seus preceitos e assim prosperar no domínio político e social.
E
pela lógica do contraditório, Vera Magalhães sai em vantagem.
Vera
Magalhães defende a democracia, que é uma vertente que vai além de ideológica, pois
é um modo de vida. E como democracia significa o poder ao povo, tal vertente defende
o pluralismo de ideias, convivência com quem pensa diferente, eleições
transparentes e instituições independentes. Tudo o que é contra a simples
insinuação sobre querer a volta do AI-5 - mesmo que seja só por ilação
ideológica.
E
como Rodrigo Constantino leva uma aula argumentativa da Vera Magalhães, o
liberal da Joven Pan parte para a apelação, ao querer, no final, insinuar que a
Vera seja favorável ao governo de Maduro da Venezuela, sendo que o regime do
país vizinho é até mais tirânico do que o AI-5 da ditadura militar. A perda de um
argumento sempre gera apelação sem sentido.
Todavia,
infelizmente, uma coisa o Rodrigo Constantino está certo: falta interpretação.
Falta interpretar que a direita liberal é somente o Roberto Campos dos dias
atuais. Não tem serventia pra nada porque não defende nem a própria bandeira
que é contra a qualquer insinuação sobre AI-5. Portanto, faltou ao Constantino conhecer-se
a si mesmo.
***
Obs:
o Dólar subiu por causa da fala sobre o AI-5 ou sobre Guedes querer o Dólar num
patamar mais elevado para os próximos meses?
Nessa
o Rodrigo Constantino tem razão. O mercado de cotação não tem nenhum apreço aos
valores sociais, apenas quer aumentar lucratividade. E se Guedes dá sinal de
querer um Real desvalorizado, o ataque especulativo demanda por elevação do
Dólar, para que os players deste setor ganhem dinheiro no câmbio.
Simples
assim.
AI-5: Direita Moderada X Direita Fanática. Ou: Vera x Constantino de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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