Por: Júlio César Anjos
A
expressão muito usada no Paraná: “Um polaco de cada colônia” significa um
agrupamento capturado a esmo para fazer uma ação em equipe. E geralmente é usado
para explicar que alguém fez um “catadão” e por isso este grupo não “dará liga”.
Não é porque os polacos são parecidos que essa formação de grupo dará certo em
algum trabalho em turma. Deste modo, pela loucura eleitoral em 2018, é fácil
compreender que o PSL é “um polaco de cada colônia”. Estava escrito que não
iria funcionar.
De
qualquer modo, há de fazer uma análise sobre essa fuzarca criada na bolha
política que envolve PSL e Bolsonaro.
Sobre
a Briga
Se
nesta altura do campeonato, neste fim de primeiro mandato, o PIB do país
estivesse a fechar em 3% a.a., se tivesse pleno emprego, com retomada de
melhora em todos os indicadores sociais, com robustez de crescimento para os
próximos anos, e sorriso no rosto do povo que voltou a prosperar, este cenário
positivo por si só pacificaria não só o PSL como também colocaria na caixinha a
oposição. Este cenário político seria de paz.
Como
a realização política está a gerar bagunça tanto no aspecto econômico quanto
social, então há duas expressões populares que definem bem a situação atual do
PSL e Bolsonaro: 1) Gente feliz não enche o saco; 2) lugar que falta pão, todo mundo
briga e ninguém tem razão.
Se
os números estivessem bons, Bolsonaro estaria agora com altos índices de
aprovação, a oposição estaria em processo de ”terra arrasada” e a base
governista poderia cear no natal e passar o ano novo e carnaval com a alma leve
e a cabeça vazia. Agora, por burrice criada pelo próprio governo pela
ideologização exacerbada, é outra expressão popular que explica a situação da
base governista: “quando a cabeça não pensa, o corpo padece”. Vão ter que
correr atrás.
Carlos
Bolsonaro x Major Olímpio
Aqui
é praticamente uma guerra de facções entre a Milícia Corrupta de São Paulo
contra a Milícia Corrupta do Rio de Janeiro. É o controle da boca de fumo
chamado Brasil.
Até
porque todo sargento no Brasil quer ter hoje uma mansão avaliada em R$ 4
milhões, como aquela do vizinho do Bolsonaro em que deflagraram um arsenal de
rifles depositados na residência. O sargento quer enricar por causa do espírito
do tempo. Se o povo na manifestação até aplaude o fascismo, então o fascismo
merece colher frutos monetários. Questão de obviedade.
Deste
modo, a luta das milícias é pra ver quem irá mamar por mais tempo na teta
estatal.
Carluxo
x Dicró Paulista – essa deve ser a alta cultura vinda pela direita, em que o
Olavo de Carvalho almeja instaurar.
Caos
Controlado
Isso
aí é briga orquestrada da direita para agitar a bolha que está começando a
querer dispersar. É tanto caos controlado que essa fuzarca toda não sairá da
internet. Se na internet parece que eles se matam entre si, no mundo real eles
se esbarram no congresso e está tudo na pura paz. Por isso que é preciso
entender que há toda uma linguagem, uma abordagem, uma lógica entre aquilo que
acontece na internet e aquilo que acontece no mundo real. Ou seja, o que fica
na internet, morre na internet, na lógica desta milícia reacionária.
São
“tretinhas” virtuais para que se controle e paute a audiência e com isso tente
fazer o controle da narrativa. Como sabido, caos controlado não funciona e
quando se usa deste artifício, sempre perde alguma coisa pelo caminho. E com
essa direita não é diferente, esse caos controlado está fazendo minguar o PSL.
Além
disso, vale destacar, saiu da pauta da mídia cibernética lava-jato, vaza-jato,
entre outras situações políticas mais sérias para se concentrar em “fogo amigo”
de correligionários do PSL.
PSL
e Bolsonaro
Assim
como o Lula sempre foi maior que o PT, o Bolsonaro é maior que o PSL e será
maior que qualquer partido em que ele esteja inserido.
O
PSL, por ora, tem um fundo eleitoral robusto, mas se o Bolsonaro sair do
partido, a legenda mingua até a extinção. O balaio de gato do partido PSL é um
ajuntamento no estilo “cada polaco de uma colônia” e era sabido que esse
agrupamento não daria certo no longo prazo.
A
força da direita é igual da esquerda populista; é questão de culto à
personalidade.
Estratégia
das Tesouras
Se
essa confusão é uma lógica de estratégia das tesouras da direita, o certo é que
não irá funcionar.
Para
que a estratégia das tesouras funcione de fato, o espectro político tem que
estar totalmente dominado por apenas uma linha ideológica.
Se
o Olavo de Carvalho comenta que o Lula chegou até a comemorar que em uma
eleição só tinha candidatos da esquerda, isso, caso seja verdade, ocorreu
porque a direita sofreu lepra política. Neste cenário dá para criar a oposição
artificial, fazer o dividir para conquistar e implantar a estratégia das
tesouras.
O
problema é que a eleição de 2018 teve polarização ideológica entre esquerda x
direita, expurgando a polarização partidária PT x PSDB, o que fez a esquerda
ressuscitar no pior momento histórico vivido por esta linha ideológica.
Ou
seja, como a esquerda existe forte ainda hoje e com certo peso na sociedade
brasileira graças à polarização burra da extrema-direita contra as esquerdas em
geral na eleição passada, não dá para fazer estratégia das tesouras porque o
espectro político não está dominado pelo viés da direita. Mas se a direita não
fizesse esta polarização, não teria vencido a eleição. É o fardo que terão que
carregar até 2022.
E
caso continue esta polarização extrema-esquerda Lula x extrema-direita
Bolsonaro, o futuro do Brasil já está traçado pelo fracassado Efeito Orloff
argentino: o Brasil será a Argentina amanhã.
Glasnost
O
clã Bolsonaro quer na verdade sair do necrosado PSL que está muito sujo com
corrupção e afins, para fazer um novo partido conservador do zero. Mas nesta
transição, o clã não quer perder o fundo partidário que é forte.
Então,
a direita fica no dilema: manter-se no PSL sujo, mas com o fundo partidário
para brigar eleitoralmente na grana; ou sair do PSL, perde o fundo partidário,
e briga eleitoralmente só na base da ideologia.
A
direita conservadora quer a glasnost, o polimento político, de um novo partido
limpo e incorruptível do zero com preceitos da extrema-direita. Mas este grupo
reacionário possui um relapso corruptivo interessante, pois, finge não ver a corrupção
do clã Bolsonaro com as milícias junto com Queiroz. E pra Glasnost dar certo, o
político também não pode ser sujo. Então tem um impasse aí. A direita fará,
pelo jeito, uma glasnost mal feita, pois, para se limpar de verdade, terá que
jogar Bolsonaro ao mar.
Eleição 2022
Sem
resultado concreto pelo crescimento econômico e pela implantação do que se
chama de “alta cultura” [eu não sei o que é isso], o certo é que se Bolsonaro continuar
no PSL, muito provavelmente a direita terá o fim igual do Macri na Argentina.
Portanto,
bateu o desespero entre os políticos deste balaio de gato do PSL para se salvarem.
Porque o PSL é um agrupamento de “um polaco de cada colônia” e estava certo que
isso não teria sucesso no longo prazo.
A
única coisa certa, e não tem como negar, é que a direita enganou o eleitorado
com essa lorota de mito e que bastava votar na direta para tudo melhorar. A situação brasileira não melhorou por esta
mágica. E a conta chegou.
PSL: Um Polaco de Cada Colônia de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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