Pular para o conteúdo principal

O Estagiário Compra-Lanche do Plano Real

Por: Júlio César Anjos

Nas produções cinematográficas que refletem sobre a vida de estagiário e/ou assistente-estagiário, geralmente no gênero comédia, sempre há aquela personagem que só labuta para comprar o lanche para que o grupo de trabalho possa continuar o serviço. Seja um café no Starbucks ou uma comida no restaurante da esquina, lá está o serviçal fazendo até o que não é da sua alçada para atender a sua equipe. Andrea Sachs (Anne Hathaway) no Diabo Veste Prada, a Nancy (Natalia Dyer) da série Stranger Things, ou até mesmo Robert Boucher (Adam Sandler) com o icônico “Waterboy” são exemplos de ajudantes que só colaboram de forma periférica no trabalho exibido na película do filme. Diante isso, há de destacar que com o Plano Real não foi diferente, um grupo de economistas teve que se fechar num bunker para executar a operação e com isso precisou de um ajudante para estes serviços eventuais. Só que este servente era, na verdade, um sujeito que ocupava um cargo elevado, mais precisamente o de Ministro da Fazenda. O tempo passou e hoje este estagiário compra-lanche vive dizendo por aí que foi ele quem fez o Plano Real. Dá pra acreditar?

Segundo Ciro Gomes, com a sua eterna econometria embusteira, quem fez o Plano Real foi ele junto com o Itamar Franco. E só. Então, todo mundo tem que negar o fato do Plano Real ter começado pelo URV com o Fernando Henrique Cardoso (FHC) em 1993. Tem que negar também que o Itamar Franco nomeou o SOCIÓLOGO FHC como Ministro da Fazenda (o que é um absurdo por si só) porque Itamar não queria saber de nada, só queria na verdade empurrar o mandato com a barriga até a próxima eleição de 1994. E também tem que acreditar que dá pra fazer o controle inflacionário em um período de 1 a 2 anos, sendo que estudos indicam que o controle inflacionário não se dá em menos de 5 anos de execução [o tempo mínimo de um ciclo econômico].

Na realidade, o Real como moeda de verdade só foi condensado de fato em 1999 quando surgiu o tripé macroeconômico e assim o câmbio flutuou. Até então, o Real era moeda zumbi do Dólar (paridade de 1:1). Então, o projeto iniciou em 1993 e concretizou-se em 1999 [intervalo maior que 5 anos para controle inflacionário]. Deste modo, há de destacar linearmente como a moeda se realizou em controle inflacionário. Primeiramente, o sociólogo FHC virou Ministro da Fazenda em 1993. Este, sabendo que os economistas estudavam inflação desde 1985, correu nas universidades fluminenses para criar uma equipe de trabalho nesta área de atuação. Na época, o PT - e a oposição incluindo Bolsonaro -, votou contra o Plano. Deste modo, era preciso o FHC ganhar a eleição presidencial para manter o plano em curso. O tucano venceu o pleito no primeiro turno [o que mostra que o povo sabia que FHC era o verdadeiro pai do Plano Real], colocou a moeda em paridade com o dólar e estabilizou o Brasil tanto no meio econômico quanto social no seu primeiro mandato. Com isso, ganhou a reeleição, de novo, vencendo no primeiro turno. E aí sim, após se reeleger, com a estabilidade cimentada, a equipe econômica desindexou o câmbio, deixou a moeda flutuar e, deste modo, o país teve após 1999 uma moeda de verdade sem inflação.

Em miúdos: se a oposição em geral [composta por Bolsonaro e Lula já em 1994 (e Ciro Gomes, estagiário compra-lanche que ficara possesso em ter sido demitido pelo FHC em 1995)] que votou contra o Plano Real ganhasse em 1994 ou em 1998, certamente o Plano Real não existiria e o problema inflacionário seria rotina na vida do brasileiro até hoje. É por isso que a política é maior que a economia. O governante pode ter a melhor equipe econômica do mundo, mas se o ambiente político não lhe dá condição, então o problema político contamina a economia. Oposição tóxica, quando muito grande, atrapalha o fluxo do país.

Deste modo, se for analisar toda essa complexidade para o controle inflacionário, e sabendo que Ciro Gomes em 1994 só virou Ministro da Fazenda porque o FHC lançou-se candidato a Presidente da República para defender a moeda, sendo que logo em seguida o demitiu por ser irrelevante no processo econômico, é óbvio que o Ciro Gomes, mesmo sendo Ministro da Fazenda, era na verdade um fantoche nesta área, um mero estagiário compra-lanche do bunker do Plano Real, um waterboy no Ministério da Fazenda.

Essa trapaça do Ciro Gomes - ao dizer que fez o Plano Real, sendo que na verdade não passava de um estagiário compra-lanche com título de Ministro na era Itamar Franco – consegue prosperar porque o povo foi induzido pela política em geral de que o voto é mágico, ou seja, vote que o milagre acontece. É a fórmula mágica e caminho fácil que o candidato engana o eleitorado para promover-se político pelo pleito. Certamente é um embuste, pois, não existe solução simples para problema complexo em qualquer área de atuação profissional, ainda mais nas congratuladas ao governo de um país que precisam passar por entraves estatais.   

Ciro Gomes em matéria de embuste com o tal do limpar o nome do povo no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) “pagando”, com o fim da meta de inflação porque os EUA não possuem meta de inflação – sendo que os EUA exportam inflação -, e dizendo ser o pai do Plano Real junto com o Itamar Franco [sendo que nunca foi], tais lorotas só perdem em embromação para o Paulo Guedes que vendeu a tese de que a “economia de 1 trilhão” da Reforma da Previdência seria a Panaceia para o crescimento econômico, que zeraria o déficit no primeiro ano do governo, e que aplicaria o orçamento base-zero (isso é impossível) como regime orçamentário oficial brasileiro. E tem economista que aplaude tanto Guedes quanto Ciro Gomes. Ciro e Guedes são dois estagiários compra-lanches que estão onde estão porque atendem certos interesses específicos de uma pequena elite Macunaíma do Brasil. Essa é a verdade.

Portanto, Ciro Gomes foi o estagiário compra-lanche do Plano Real. E vive politicamente só na base da embromação e na econometria embusteira. Mais um Bolsonaro para tumultuar a política com frases de efeito e populismo barato. Ciro Gomes, “o breve” como Ministro da Fazenda, foi somente um waterboy do ministério, um estagiário compra-lanche do grupo de economistas que estava fazendo o Plano Real. E por isso que Pérsio Árida entre outros que realmente fizeram o Plano Real são agradecidos até hoje pelo Ciro Gomes ter entregado aquele cafezinho sempre naqueles fins de tarde, toda a turma ficou feliz pela colaboração do pedetista compra-lanche. Obrigado, Ciro Gomes, por ter comprado lanche naquela época.

***
Eu me assusto quando vejo economista bater palma para Paulo Guedes e Ciro Gomes. É realmente assustador.






Licença Creative Commons
O Estagiário Compra-Lanche do Plano Real de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.

Comentários