Por: Júlio César Anjos
Tirando as queimadas na Amazônia, o PSDB é o assunto mais comentado. E isso é bom demais. Significa que o partido voltou ao jogo.
Tirando as queimadas na Amazônia, o PSDB é o assunto mais comentado. E isso é bom demais. Significa que o partido voltou ao jogo.
Neste
momento já dá para bater um papo informal sobre o futuro do PSDB para as
próximas eleições.
***
O
PSDB fez o mais difícil na última eleição: posicionou-se como partido de centro
– e por isso perdeu o pleito presidencial. Mas fez a glasnost com sucesso.
Agora, o tucanato deve tomar posto como o partido “Big Tent” brasileiro. Ser o
maior partido do Brasil, ganhador de eleição.
Big
Tent
Big
Tent significa grande tenda. No meio político, este termo técnico refere-se ao
partido que pega-tudo, ou seja, uma legenda que busca captar votos de todos os
espectros da sociedade, além de também arregimentar várias correntes
ideológicas em seus quadros, não precisando ficar preso a uma bandeira ou a uma
ideologia específica.
Muita
gente confunde o partido Big Tent com a legenda que prega fisiologismo e
pragmatismo. Isso é errado. O Big Tent tem que ter diversidade em seus quadros e também tem que ser cabeça de chapa quando for disputar
eleições. É por este motivo que o PMDB, por exemplo, não pode ser considerado
um Big Tent.
Diversidade
da Fauna Política
Até
2017 Alexandre Frota não seria bem-vindo de modo algum ao PSDB. Os tucanos,
naquela época, faziam polarização com o PT e isso dava a responsabilidade ao
PSDB de ter que obrigatoriamente defender valores e bandeiras destinados ao espectro
direitista do meio político.
Essa
obrigação mudou porque o PSDB é de centro.
Agora
como o PSDB quer ser o Big Tent brasileiro, Alexandre Frota é, na verdade,
primordial para os planos do partido porque os tucanos devem expandir a
diversidade da fauna política na legenda.
Nesta
composição, Tabata Amaral e Joice Hasselmann também são bem-vindas.
O mais importante para o Big
Tent é atrair as estrelas políticas para que o partido possa ficar maior e mais
forte a cada dia.
Mas
atenção: não é qualquer político que entra nos quadros. Só os potenciais astros
e/ou ganhadores de eleição são bem-vindos nas filiações eleitorais do partido.
Esse é o critério de recrutamento seleção.
É
preciso preencher os espectros políticos para que os extremistas fiquem
isolados e, com isso, fiquem pequenos eleitoralmente.
Cabeça
de Chapa e a Fórmula: 1, 10, 100, 1000
Como
o PSDB expandirá a fauna política para atrair candidatos que tenham força para
ganhar eleição, então o PSDB tem que ser cabeça de chapa em todas as eleições possíveis,
até chegar ao objetivo da fórmula 1, 10, 100, 1000, para ganhar eleição:
1
Presidente
10
Governadores
100
Deputados Federais
1000
Prefeituras
Deste
modo, os tucanos estão livres para galgar o que quiserem desde que esse
objetivo seja e sirva para ganhar eleição.
Se
no pior momento da história vivida pelos tucanos, como a recente eleição de
2018, o PSDB ainda manteve cerca de 700 prefeituras, 30 deputados federais e 3
governadores, o fato é que daqui pra frente a tendência é melhorar.
Até
porque haverá maior concentração nos partidos tradicionais, já que a tal da “nova
politica” já nasceu de umbigo roxo com o Bolsonaro no poder. O tradicionalismo
voltará.
Defender
Bandeira x Ganhar Eleição
Até
2017, o PSDB polarizou com o PT. E isso significava que os tucanos ficavam engessados
politicamente porque tinham que defender valores da direita, para bater de
frente com a esquerda, e com isso ficava travado em questões morais, ideológicas
e até mesmo de transformações de modo de vida e outras questões gerais.
Com
a mudança do PSDB ao ser Big Tent, o partido não precisa mais se desgastar com
luta ideológica, de cunho moral e/ou até mesmo de ações filosóficas sociais.
O
PSDB será evolutivo, não mais progressista, no sentido de querer mudar a “sociedade
para melhor”. Se a sociedade optar ser conservadora, tudo bem, o PSDB manterá a
ordem do jeito que estiver. E se o país mudar para progressista, a mesma coisa.
O foco do tucano, na majoritária é governar.
O
único fator preponderante na majoritária é ganhar eleição para governar. E na
legislativa, a fauna política, por ter maior leque de pensamentos ideológicos e
ponto de vista, tal característica fará o partido ser considerado democrático
por ter diversidade.
Agora
não há mais preocupação com defesa de bandeira ou algo que valha, mas em se
preocupar pura e simplesmente em ganhar eleição. Ser um partido ganhador de
eleição. Ganhar eleição é o sistema de medida de sucesso para o PSDB daqui pra
frente.
Até
porque do que adianta querer ser um partido de centro, Big Tent, e ainda ter
tique de alinhamento com a direita, ou com a esquerda, isso não faria o menor
sentido.
Além
disso, um partido de centro tem por obrigação denunciar os extremistas diante
toda a sua caricatura e inutilidade para o dia a dia da vida do povo
brasileiro.
Antifrágil
[Efeito Fermento]
Como
o tradicionalismo voltará a ter força porque a tal da “nova política"
envelheceu com o Bolsonaro, o fato é que os extremistas perderão força e, com
isso, não poderão mais agir de forma radicalizada na próxima eleição.
Se
um extremista, por exemplo, jogar ovo podre em um centrista, a maioria da
população ficará horrorizada com a ação e o centrista será defendido pela
maioria, tendo benefício por ser atacado por radical.
Em
2018 o extremismo fez o Bolsonaro ser o antífragil. A extrema-direita fracassando,
o efeito fermento estará com os moderados na próxima eleição.
Isso
é obviedade. Mas tem que registrar.
Reposicionamento
para o Centro do Espectro Político
E,
por fim, a explicação sobre o porquê do PSDB reposicionar o partido para o
centro no espectro político.
O
Bolsonaro era inevitável politicamente falando, assim como o Lula também já foi
um dia.
Era
para o Lula ser presidente bem antes de 2002. Se em 1977 o Lula já dava
autografo e lotava pátio de fábrica, em 1989 só não venceu a eleição porque
houve manipulação no debate presidencial. Em 1994, o Lula perdeu para o
Fernando Henrique Cardoso porque o tucano fez o Plano Real. E em 1998 a
reeleição impediu que Lula chegasse ao poder. Então veio a eleição de 2002 e o
inevitável aconteceu: Lula eleito presidente.
Só
isso já basta para acabar com o Fake News de que o FHC fez o Lula.
Deste
modo, o máximo que daria para fazer no caso Bolsonaro era o mesmo que foi feito
com o Lula: postergar o inevitável. Mas isso seria um problema, pois, caso Bolsonaro
não ganhasse em 2018, teria recall do filão eleitoral da direita para ir forte
para as outras eleições. Iria incomodar por muito tempo.
E
Bolsonaro era inevitável por causa desta passagem do livro Ditadura Encurralada,
do Elio Gaspari (PG 416):
“Num
bilhete a Geisel, Heitor Ferreira lembrou que, no final de seu governo, teriam
dezoito anos as crianças que tinham três na época da deposição de Goulart:
‘Desejarão ver funcionarem certos princípios liberais, não compreendendo a
origem das restrições’”.
Ou
seja, um jovem de 30 anos em 2018 só tinha visto a polarização entre PT x PSDB
desde que se conhece por gente. O povo queria mudança. E veio.
Somado
com fatores externos como o crescimento da direita no mundo todo, junto com
tenebrosas conspirações que envolvem o mundo de tecnologia de mídias sociais, o
certo é que Bolsonaro era inevitável.
[eu
sabia disso e por isso forcei o reposicionamento do PSDB para o centro do
espectro político - para que o partido não só sobreviva, mas cresça daqui pra
frente]
Portanto,
o PSDB foi reposicionado para o centro do espectro politico.
Agora,
resta aplicar em pratica e fazê-lo um partido ”Big Tent”.
PSDB: Big Tent de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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