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Novos Tempos: A Aurora da Justiça


Por: Júlio César Anjos

O site The Intercept - diante interceptações de conversas envolvendo o juiz Sergio Moro e a operação lava-jato - parece querer turvar a visão do público brasileiro com um roteiro batido de que o fim não justifica o meio. A lógica é simples: Lula foi preso; mas a operação teve abuso; logo, Lula pode até ser inocentado. Com essa regra de concepção, até o grande Reinaldo Azevedo, inebriado pela vingança contra a operação, diz que se deve anular o julgamento do ex-presidente petista. Porém, o problema é que o roteiro verdadeiro é outro. A operação lava-jato não é um “meio” para chegar a um fim, é o início da gênese de novos tempos: a Aurora da justiça que está por vir.

A operação lava-jato poderia ser um meio para pegar o Lula se, e somente se, a justiça anteriormente à força-tarefa já fizesse o seu trabalho e prendesse os políticos corruptos como algo rotineiro e normal. Sempre houve uma perseguiçãozinha aqui e acolá contra os criminosos do colarinho branco, mas nada que chegasse perto desta operação criada para tentar fazer uma limpa no sistema político apodrecido alimentado pelo PT. Por causa da quebra de paradigma histórico, a operação lava-jato é o início de uma justiça que prende bem verdade o “pobre preto da periferia”, mas também prende a elite corrupta que vive protegida pela burocracia judicial e que estão localizados nos grandes centros do país. Portanto, prender políticos corruptos é o pontapé inicial de uma nova justiça que está por vir.

O que muita gente até mesmo com grande capacidade intelectual está a confundir neste episódio em que vive o país, com o caso envolvendo o site The Intercept, é a questão da diferença entre o consequencialismo maquiavélico – os fins justificam os meios – com o utilitarista – são as consequências que determinam se uma ação é boa ou não. Porque o Lula não é o fim de um processo que se concluirá semente ao prendê-lo; Lula é o início de uma justiça que não poupará políticos que fizerem atos de corrupção daqui pra frente. O povo assim deseja como rotineira ação: prender políticos e empresários corruptos. É o início. E por ser o início, há, certamente, complicações [como se está vendo agora com as revelações de conversas entre agentes da lei].

Deste modo, como qualquer início de criação, é salutar fazer uma analogia de concepção. A humanidade só existe porque se originou de ação outrora normal e que hoje é condenável por qualquer pessoa que pensa: o ato do incesto. Pouco importa se o homem originou-se de Adão e Eva ou do Macaco, o certo é que nos primórdios o incesto foi praticado para aumento populacional da espécie. Diante tal fato, pergunta-se: a humanidade deveria praticar a própria extinção só porque se originou de ato deplorável como o incesto? A resposta, por óbvio, é não. Assim como não se pode exterminar a humanidade porque precedeu de incesto, não se pode anular também a condenação do Lula só porque a operação Lava-jato agiu erroneamente em alguns momentos.

Diante disso, por esta analogia em questão, a humanidade estaria para a justiça – atribuída ao grande homem Sérgio Moro -, assim como a operação lava-jato está para o incesto. Porque assim como o homem, originado pelo malfeito e conforme evoluiu ao descartar o incesto como prática normal, o brasileiro deve descartar a operação lava-jato para que a justiça (Moro) seja protegida e resguardada perante a sociedade brasileira em geral. Portanto, Sergio Moro, por ser figura ativa ao prender o Lula, é um grande homem; já a operação lava-jato, agente passivo que não sabia nem fazer o trabalho direito, e por isso que a instituição teve que ser “orientada” constantemente pelo juiz, é uma operação totalmente descartável e que passou da hora para acabar. Vão-se os anéis, ficam-se os dedos. É preciso descartar a lava-jato para o Moro assim prosperar.

Deste modo, como é novidade prender político corrupto, isto leva a uma era de transição. Porque assim como o lusco-fusco penumbra temporariamente e precede um novo amanhecer – e por isso parece ser algo não esclarecido em primeiro momento porque não se vê a natureza antes do raiar do dia -, a lava-jato é a falta de clareza dos novos tempos que estão por vir: a aurora da justiça.

Porque, pelos fatos incontestes, ninguém disse que seria fácil pegar o ex-presidente Lula em corrupção, tendo agentes de defesa em todas as entranhas do Estado. Ainda mais se os meios de captura tivessem que operar somente pela atribuição do chamado: “devido processo legal”.  Porque, como todo mundo sabe, o problema é que o “devido processo legal” no Brasil só prende o dito “preto pobre de periferia”, sendo tal artifício um escudo de proteção para os mais abastados não serem punidos com prisão, pois o “devido processo legal” dá direito a recorrer e postergar uma condenação eternamente. Ou seja, gente em todas as entranhas do Estado defendendo o Lula [conseguiram até “hackear” a operação lava-jato], mais o tal do ‘devido processo legal’ que impede político ser preso, tal totalidade de defesa faria o ex-presidente ficar livre, leve e solto por aí. E isso o povo não quer.

Dito isto, certa vez, Martin Luther King disse: “o arco da moral é longo, mas sempre se enverga para o lado da justiça”. A justiça não pode ser cega quando há o composto de moralidade no contexto judicial. E se a deusa da caça Diana usasse o arco de Luther king, não pensaria duas vezes em alvejar qualquer corrupto que aparecesse no seu alvo. E, neste sentido, não haveria escudo chamado de “devido processo legal” que protegesse os imorais que roubam o povo com a justificativa de governá-lo. Portanto, não haveria justiça se Moro não condenasse Lula pelos seus atos de corrupção.

Porém, é fato que a operação lava-jato não cumpriu em alguns pontos o “devido processo legal”. Mas é fato também que não há um ser consciente de razão no Brasil, que entenda o mínimo de política e que tenha ao menos um pingo de envergadura moral, que tente defender o Lula ao pedir a sua inocência e anulação de julgamento porque a operação fracassou ao não fazer o seu curso normal.  Lula é um político preso porque fez corrupção - não está em dia com o "devido processo moral". E, deste modo, mesmo que os meios do processo para pegá-lo tenham sido não convencionais, o nascituro de algo bom, que é pegar político ladrão, deve prosperar. Já a operação lava-jato tem que acabar.

 Diante disto, a operação lava-jato, apesar de cometer erros, prendeu os corruptos e isso foi bom para o país. Mas o seu desgaste pede para que a prudência remeta ao seu fim.  A força-tarefa já cumpriu o seu propósito, mas a deterioração causada pelas suas falhas pede para o bom senso popular para que a operação acabe antes que jogue fora tudo de bom que se construiu até aqui. Isso não significa o fim. Isso significa um começo para avançar com o aparato institucional da lei, ao fiscalizar quem movimenta cifras do erário público com uma lupa mais apurada.

A operação lava-jato tem que morrer e da sua semente semear uma nova organização de controle à corrupção, mais equipada e capacitada do que a criada na “república de Curitiba”, que envolva todas as regionais judiciais do país em uma só pasta: a da justiça.

E deve ser Sergio Moro o condutor desta nova era. O juiz que prendeu o Lula tem que criar mecanismos para poder também investigar outras corrupções como as ocorridas no BNDES, tráfico de drogas, e até de milícias corruptas que estão a crescer no Brasil.

Portanto, diante de tais ponderações, Lula tem que continuar preso, a operação lava-jato tem que acabar e, com isso, iniciar, por meio de Sergio Moro, uma nova composição a partir da força-tarefa da “República de Curitiba”. Os políticos e empresários, caso façam corrupção, devem ser presos porque a operação lava-jato já incutiu este processo como normal na sociedade brasileira. Porque antes de pedir o "devido processo legal", deve ver estão em dia com o "devido processo moral". Com isso, o povo em geral anseia pelo início da gênese dos novos tempos: a aurora da justiça que está por vir.

***
 Obs: Se o "devido processo legal" que prende o "pobre preto da periferia" é o mesmo que poupa o colarinho branco dos grandes centros, então é óbvio que o tal "devido processo legal" é só fachada para defender político que pratica corrupção. Porque antes de verificar o "devido processo legal", tem que verificar também o "devido processo moral".







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