A
próxima eleição municipal de 2020 será o primeiro pleito em que a geração do
terceiro milênio, os nascidos no século XXI irão votar porque o escrutínio no
Brasil se dá por obrigatoriedade. Esses jovens chegam a fazer até perguntas
inocentes: “não dá pra baixar um aplicativo e votar pelo celular?”. A nova
geração não sabe nem de resquício de lembrança o que é hiperinflação, nem o que
significa ser analógico porque já estão constituídos no digital. São intuitivos porque o sugestionamento
tecnológico incutiu a relação de que se passar o dedo em uma parte na tela do
smartphone, isso fará com que se abram leques de aplicações. Surfam no
aceleracionismo da “Lei de Moore” porque acham que as mudanças constantes são o
novo normal. E justamente por serem adeptos a mudanças constantes que são mais
inclinados a aceitar a implantação de um novo órgão vital. E é aqui que a
questão deve ser debatida; a questão da adesão e adoção aos chips implantados
no corpo.
Os
nascidos no século XXI possuem demandas que são diferentes das gerações
passadas, que estiveram presentes nesta transição de controle de inflação e
entre o analógico e o digital. E é aqui que o PSDB erra em fazer enfoque de
divulgação ao propagandear o grande feito do controle da hiperinflação chamado
Plano Real. Quem tem idade mais elevada sabe que o Plano Real foi e é uma
grande conquista econômica e social. Mas os jovens de hoje, aqueles que perfazem
a idade de 29 anos ou menos, “não ligam” para essa construção de controle
inflacionário porque este feito já está superado pelo tempo. O problema já foi
resolvido no passado e agora se requer algo a mais. O nascido no século XXI
olha para a propaganda do PSDB sobre o Plano Real e diz: “tá, e daí?”. Esta
abordagem não tem efeito prático para atrair o jovem ao tucanato por adoção.
Isto só pode ocorrer caso a hiperinflação volte a assombrar o país. Neta
situação, o PSDB volta forte e varre a eleição de forma geral. Caso contrário,
o Plano Real, neste momento é irrelevante para o jovem que quer o progresso. O
Plano Real é, na verdade, uma espécie de base de sustentação. E se a casa não
estiver caindo, a pessoa tende a se preocupar mais com melhoria de acabamento
do que com a fundação. Deste modo, felizmente,
o tempo e a superação da inflação estão fazendo com que o Plano Real seja
irrelevante para o debate no país.
Os
jovens de hoje - embora mais recorrente nos nascidos neste início do 3º milênio
- não gostam de perder tempo com extemporaneidades, como, por exemplo, este
próprio texto escrito e publicado de forma rudimentar. Para este blog, por
exemplo, atrair o nascido no século XXI, a publicação deveria ser disponível
também no formato de Podcast narrado [por isso que o consumo de Podcast está
cada vez mais alto], com o tocador de mídia com recurso de velocidade de 2x,
como acontece no Youtube, para o jovem consumir a informação mastigada e de
forma mais célere. Como há concorrência neste segmento de publicação escrita, o
criador de conteúdo tem que se adequar ao usuário e isso significa ter que se
adaptar à demanda de consumo puxada pelos jovens. Mas como este blog é para
outro perfil e outro foco de público, então não há Podcast algum. Diante disso,
o fato é que o jovem quer cada vez mais expurgar o “ladrão de tempo” para que
haja bastante tempo para perdê-lo em atenção a games e a consumo de mídias
sociais de entretenimento. “Ler é chato; ler cansa.” É por isso que menos
jovens, no Brasil e no mundo, fazem da leitura algo habitual.
Já
na questão de capacidade de adaptação, os jovens gostam de mudanças e acham essa
transformação algo como trivial, pois, são empurrados pelos avanços constantes
dados ao aceleracionsimo incutido na “lei de Moore”. Como sabido o efeito de duplo padrão, o homem
muda a tecnologia e a tecnologia muda o homem. Com isso, a sociedade está cada
vez mais dependente da tecnologia para continuar até mesmo a viver. Caso
contrário, sem haver o bem-estar que a tecnologia oferta, nos dias atuais o
homem perde a “existência”, virando um marginal, no sentido de estar à margem
das conexões sociais. É justamente por causa da dependência da tecnologia que o
smartphone, por exemplo, está a ficar cada vez mais parecido, por assim dizer,
com um órgão vital – que se não estiver próximo do corpo, a pessoa pode até
morrer. A interação e a fusão do smartphone com o homem, mais precisamente com
essa nova leva dos viventes nascidos no século XXI, faz com que o smartphone
não seja considerado um item de ostentação, mas um objeto fundamental para a
pessoa existir. Nesse aspecto, a excentricidade chegou ao seu apogeu: o
utilitarismo do smartphone é tão importante quanto um rim.
Ao
observar que a tecnologia fundida ao homem chegou a esse ápice de importância,
que faz as pessoas que não possuem um dispositivo de conexão deixar de viver por
ficarem à margem comunitária pelo simples motivo de estarem desconectadas da
interação de mídia social, isso faz com que se abra a possibilidade das pessoas
aderirem ao chip eletrônico como solução para manterem-se sempre conectados,
sem ter a preocupação de ter o seu aparelho de celular roubado e, com isso,
perder todos os seus dados pessoais. E essa nova geração do 3º milênio é mais
adepta a usar chips implantados no corpo porque o “vício de droga” tecnológica
faz com que a dependência de conectividade faça uma bagunça no cérebro e torne
algo até mesmo químico. Diante disso, com o chip implantando contendo
informações de software, enquanto que o aparelho de smartphone seria um
hardware que faria espelhamento de informações do chip implantado, o indivíduo
não teria medo de ser roubado e perder o celular porque o aparelho seria mero item
de plástico – e por isso poderia ser descartado.
É
por isso que o povo brasileiro em geral aderiu ao Bolsonaro por causa da questão
da segurança. Todavia, enquanto que uma boa parcela pediu segurança para não
perder o bem material - pelo custo -, a geração dos nascidos no século XXI inspirou-se
como demanda não perder o celular e, com isso, as conexões e informações
pessoais.
E
é justamente esse pânico pela segurança dos dados pessoais que fez com que as
empresas de tecnologia conseguissem obter, de maneira até mesmo muito fácil, as
impressões digitais e até leitura facial e das íris dos olhos, tudo isso pela
justificativa de segurança de desbloqueio do celular. Isso passou sem discussão
social porque a nova geração já aderiu a essa nova tecnologia de antemão. E a
lógica é simples: quem entrega a digital [algo que só ficava na mão do Estado,
da polícia militar] e até mesmo a íris [coisa que nem o Estado ainda tem como
informação no banco de dados] de prontidão sem contestar, tal lógica faz com que os nascidos no século XXI não liguem em implantar
o chip no próprio corpo, sendo que isso seria algo bom para facilitar a vida do
dia a dia e trazer bem-estar.
Quanto
a questão de desigualdade, e compreendendo que a estética urbana escancara esta
realidade de maneira visual -, as cidades serão cada vez mais parecidas com as
imaginadas nos conceitos “cyberpunk”, em que a tecnologia não resolve a questão
social, mas as grandes telas de propagandas servem como tapumes e segmentações
das classes sociais. Ou seja, a tecnologia fará com que a sociedade tenha a
decadência cyberpunk na arquitetura e no urbanismo dos grandes centros.
Mantendo a lógica, não dá pra ser otimista quanto a isso.
Portanto,
os nascidos no século XXI não estão nem aí para os grandes feitos do passado –
como, por exemplo, o Plano Real e o Getulismo -, consomem cada vez mais Podcasts
porque não gostam de ler – a tecnologia ao invés de melhorar a educação, ajudou
a piorar a concentração para o aprendizado -, aceitam até mesmo chips
implantados porque já entregaram “de mão beijada” desde a digital dos dedos até
formato da face e informação das íris para as empresas de tecnologia [sendo que
nem o Estado possui essas informações nesta quantidade e nesta precisão], e
também não estão nem aí para a questão de desigualdade, o que fará com que, no
futuro, a estética urbanística dos grandes centros seja parecida com as
imaginadas pelos conceitos cyberpunk. Enfim, os nascidos no século XXI em 2020
irão às urnas; e é preciso saber e entender o que a nova sociedade quer
demandar.
Isso
tudo é pessimismo? Não. É somente gerador de lero-lero de obviedade.
Chip implantado no corpo, já!
Nascidos no Século XXI - Questões Relevantes – Chips Implantados de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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