Por: Júlio César Anjos
Recentemente,
o Carlos Bolsonaro, vulgo Carluxo, teve o seu atendimento pelo Uber negado
porque o motorista do aplicativo não queria atender um “bolsominion”
[ilustração abaixo].
É
ruim sofrer preconceito, né Carluxo?
Neste
sentido, algo similar aconteceu em 2018, nos Estados Unidos, com um casal gay
que teve o seu atendimento, a uma confeitaria, negado por causa da orientação
sexual dos enamorados [figura abaixo].
A
visão da corte norte-americana que prosperou teve como lógica que a empresa tem
o direito de negar atendimento porque isso roga ao direito de propriedade
privada.
Todavia,
o motorista do Uber que negou atendimento ao Carluxo está errado; o confeiteiro
que negou atendimento ao casal gay está errado; e a corte norte-americana errou
ao dar ganho de causa para a confeitaria.
E
agora vocês, leitores, vão saber o porquê.
Antes
de tudo, deve-se saber se a empresa constituída é de propósito de público geral
ou público específico. Essa é a grande questão.
O
maior exemplo que se pode dar é a questão de corte de cabelo. Há três tipos de
grupos de segmentos:
1)
Barbeiro – só atende homens – público específico;
2)
Cabelereira – só atende mulheres – público específico;
3)
Unissex
– público geral.
Ou
seja, se a empresa é de público específico, então há segmentação e, portanto, a
empresa pode negar serviço àqueles que não se adequam na associação desta
empresa. Portanto, uma mulher não conseguirá cortar o cabelo na barbearia.
Já
a constituição da empresa Unissex é ao contrário, ela não pode negar serviço a
ninguém porque é de natureza de publico geral.
Por
este motivo, tanto o motorista do Uber quanto a confeitaria norte-americana
estão errados ao não atenderem o público geral. Estas duas empesas se enquadram
em atendimento geral.
Uma
empresa privada que atende o público geral tem que atender todas as pessoas sem
distinções de: raça, credo, visão política e etc.
Já
uma empresa privada que atende a público específico, ela será de caráter de
associação. Exemplo do corte de cabelo, em que há a barbearia que só atende
homens.
Mas
o problema maior ainda que o preconceito em não atender alguém por causa de
distinções está na questão da contradição e incoerência política, criada
justamente por estes agentes públicos.
Porque
a extrema-direita brasileira que defendeu o confeiteiro nos EUA, ao negar fazer
bolo para um casal gay, não pode agora criticar o motorista do Uber por causa
dessa negação em atender um cliente por causa de incompatibilidade de visão
política.
Se os aliados ideológicos do
Carluxo bateram palma para a corte norte-americana, no caso do confeiteiro que
se negou a atender o casal gay, por causa de diferença de ponto de vista
social-político, agora, na verdade, o grupo ideológico do Carluxo tinha que
defender o motorista do Uber por ser independente e negar fornecer serviço a
quem quiser.
E
sobre o motorista do Uber não ser independente como o confeiteiro dos EUA, cabe
uma ressalva: a menos que a extrema-direita confesse que o aplicativo Uber é
empresa e os motoristas são seus funcionários [o que impactaria em questão
tributária e trabalhista], é notório saber que cada motorista do Uber é a
própria empresa privada. Ou seja, são iguais ao confeiteiro dos EUA, em se
tratando de propriedade privada.
E
aqui vai uma lição: o que determina a força de um político é a capacidade de
criar incoerência e contradição sem ter abalo na sua popularidade. Era assim
com o Lula e parece que é assim com o Bolsonaro.
Em
contrapartida a esta lógica populista, uma sociedade que aceita todas as
contradições do seu líder sem fazer nenhuma critica, é um povo doente que
aceita até mesmo crime vindo dos seus líderes porque a defesa é amparada em uma
questão de ato de fé. É dogma. É Dissonância cognitiva de seita. É perigoso.
Portanto, Carluxo, mesmo
sendo vítima de preconceito, reclamou de algo que, em sua ideologia política,
não poderia reclamar. Carluxo, na verdade, deveria defender o motorista do Uber
por ser um homem livre, apreciador e que coloca em prática a visão conservadora
da extrema-direita das ideias do Theodore
Dalrymple: Em Defesa do Preconceito.
O
fato é que a família Bolsonaro deveria estar no manicômio e não no Palácio da Alvorada.
Carluxo Uber x Bolo Gay: Incoerência & Contradição de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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