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Política Brasileira: Caminho Fácil e Fórmula Mágica

Por: Júlio César Anjos

Este texto não tem como objetivo ser pessimista, somente ser realista; o artigo possui observações de situações nacionais que demonstram o Brasil real. É por isso que a realidade obriga a colocar a bola no chão para refletir e repensar sobre decisões. Porque a fantasia esperançosa da democracia faz o povo acreditar em devaneios diversos, tão oníricos que parece algo até pueril.  É preciso entender que na política não há caminho fácil nem fórmula mágica, a fábula do “mito” é inexistente, por isso que este que vos escreve cita: “não iremos mais longe do que somos: brasileiros”.

É óbvio que o brasileiro pode sonhar. Desde que sonhe em cima de lógicas realizáveis. Achar que o simples ato de votar e eleger um “mito” mudará tudo é algo que beira o ingênuo [e também ao ridículo]. Porque o Brasil não vai além das suas limitações históricas que já cimentam alguns padrões que determinam o que se pode esperar do seu futuro. Por isso que o brasileiro deve sonhar sim, mas sabendo que o sonho só pode ser amparado em certas condições.

Pensa um pouco, leitor. Se houvesse essa fórmula mágica de votar em um “mito” que tenha como slogan: “liberal na economia e conservador nos costumes”, não haveria no mundo vários países democráticos, bem-sucedidos, aplicando essa lógica de concepção?  O Brasil já foi colônia, monarquista, ditatorial, democrático e agora está saindo de um ciclo socialista de 14 anos de PT. E, em todas essas situações, o Brasil só em alguns momentos de espasmos históricos chegou a ter relevância mundial.

No entanto, o Brasil pode ter relevância mundial? Pode. Basta dentro das próprias limitações o país assentar tijolo por tijolo para construir o básico e, com isso, mudar de patamar daquilo que fora construído. Fazendo isso, é possível almejar coisas maiores e ser respeitado no mundo pela sua construção. Mas se quiser dar um passo maior que a perna, querendo instaurar a ruptura, a certeza que se constituirá é que se perderá o que foi construído e o país estará em uma condição inferior daquela em que já estava estabelecido em execução.   

O Brasil, desde a redemocratização, pode ser enquadrado pelo seguinte padrão de informações de análise de dados. É só verificar a estatística estilo “moda” para constatar que o país historicamente é um intervalo de PIB positivo entre 2% e 3,5%, intervalo de inflação entre 3% e 4,5%, intervalo de dólar entre R$ 1,50 e R$ 3,50, e uma quantidade de desemprego de dois dígitos de milhão [10 milhões de desempregados pra cima]. Isso é histórico.

[adendo: na era FHC, a estatística para verificar desemprego era por pesquisa (desalento entrava como desemprego). Na era Lula, a estatística era por procura no CAGED (desalento não entra como desemprego). A estatística do Lula é uma farsa, como confessa Bolsonaro]

Deste modo, vendo as estatísticas, alguém dirá: “E o PIB de 7% do Lula?” O “PIB de 7% do Lula” em 2010 foi reflexo da fuga do capital financeiro dos países ricos em 2009, ao fugir da crise imobiliária de 2008 e baldear recursos [hot Money] aos países emergentes para proteção [todos os países dos BRICS naquela época aumentaram o PIB em 2010 de forma monstruosa]. Além, é claro, do fenômeno “tsunami monetário” do dólar que obrigou as nações a imprimirem moedas nos seus países, artificializando a economia do globo, e, com isso, gerando inflação mundial [todos os países do mundo tiveram que imprimir moeda além do normal por causa do dólar].

Diante disso, se na economia não há fórmula mágica, no social não existe caminho fácil também. Achar que basta as forças armadas tomarem o poder [como em 1964] ou que basta a justiça [como a lava-jato] prender todos os corruptos que aí sim o país irá se elevar em grandeza tanto econômica quanto social é papo de gente sem noção. É aquela regra boba: “basta fazer isso e pronto”. E quando as instituições aderem a esse tipo de raciocínio, o início sempre começa com populismo, mas sempre termina de forma trágica. A ditadura, por exemplo, começou com o Castelo Branco imponente e terminou com um Figueiredo na cadeira de rodas. E a lava-jato começou como uma organização moralizante e agora termina desmoralizada porque deixou o poder contaminar a instituição.

Por essa lógica de concretização, o povo, ao querer dar um passo maior que a perna, elegeu na última eleição [2018] um “mito” para fazer o Brasil prosperar – além de prender o outro mito do passado, o Lula, porque este fracassou. Oito meses depois da eleição, Bolsonaro e Lula entregam o Brasil ressentido e dividido, com um PIB negativo, um desemprego aumentado, um dólar elevado e uma inflação estável porque o povo não tem poder para consumir. A lava-jato cai em descrédito porque não soube a hora de acabar a operação [e por isso acabará de maneira trágica]. E o brasileiro entra, mais uma vez, em frustração.

Como não existe caminho fácil e fórmula mágica na política, o Brasil agora tem que parar de sonhar para realizar a lição de casa [fazer o básico]. Caso contrário, a coisa só vai piorar.

Portanto, não há caminho fácil nem fórmula mágica em se tratando de política. E o país não irá mais longe do que ele é: Brasil. Acreditar em mitos, em instituições ilibadas e que o Brasil, por lógicas absurdas, conseguirá virar até mesmo uma potência mundial (sendo que o país não consegue fazer o básico da lição de casa) chega ser até engraçado de tão bobinho que é. E por causa destes solavancos oníricos, o país, agora, está em um patamar inferior ao padrão em estatística que sempre lhe foi ofertado pela história: dólar elevado, PIB negativo, desemprego crescente e etc. O triunfo do populismo gerou desestabilização. Agora é voltar à humildade e assentar tijolo por tijolo para voltar à normalidade (PIB positivo entre 2% e 3,5% ano, intervalo de inflação entre 3% e 4,5% ano, intervalo de dólar entre R$ 1,50 e R$ 3,50 flutuação dia, e redução de desemprego) para o brasileiro voltar a sonhar de novo.






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Comentários

  1. Em um pais em que muitos blogs falam e repetem igual papagaios Julio C.Santos está sendo um ser pensante e que faz pensar foi uma otima leitura

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