Por: Júlio César Anjos
O
povo foi às ruas para exigir a legalização do lobby:
“Queremos
lobby, já!
Queremos
lobby, já!
Queremos
lobby, já!”
E
foi assim que o lobby foi aprovado no Brasil por aclamação popular ao
pressionar o congresso.
Só
Que Não [sqn].
***
Segundo
a definição do Politize!, lobby é: "uma atividade em que empresas, entidades, pessoas físicas, segmentos da
sociedade lutam para viabilizar seus interesses perante o governo, seja no
Congresso, seja no Executivo".
Mas
no Brasil, o lobby é ilegal por não estar regulamentado. E por não estar regulamentado,
é fácil torná-lo também imoral. Porque o brasileiro médio não faz a menor ideia
da diferença entre o ilegal e o imoral.
Sendo
assim, quem faz esta prática [lobby], faz-lhe hoje ao estar à margem da lei.
Portanto, faz atividade criminosa. E atividade criminosa é algo imoral.
O
lobby é a ferramenta econômica para influenciar a política. E como não se pode
colocar dinheiro privado nos agentes públicos por causa da falta de
regulamentação, o que é considerado ato de ilegalidade, o lobby é crime tanto
no que diz respeito a “tráfico de influência” quanto a “abuso de poder econômico”.
Mas
o Brasil está prestes a entrar na OCDE. E para ingressar neste grupo, é necessário
legalizar o lobby. Porque para o clube dos ricos, o lobismo é atividade legal e
moral para manter a transparência e a liberdade em atividades cotidianas entre
agentes econômicos e o parlamento.
O
lobismo legalizado também faz sustar a insegurança jurídica. As empresas junto
com os políticos não precisariam se utilizar de submundo de doleiros e
operadores para fazer as transações lobistas porque essas operações seriam
legais e normais [morais].
Diante
disso, neste caso, há um problema de incoerência fundamental: o Brasil quer ser
rico; mas não quer legalizar o lobby. Ou seja, é caso para psiquiatria.
Agora,
o engraçado mesmo é que se o lobby estivesse legalizado no Brasil, a reforma da
previdência, por exemplo, já estaria aprovada no congresso.
Como
os próprios empresários querem a votação da reforma da previdência para retomar
investimentos, os donos do capital poderiam barganhar com os deputados nas suas
regiões, ao trocar a instalação industrial por voto.
Ou
seja, o empresário pediria para os deputados de uma dada região o voto
favorável pela reforma e em troca daria emprego no distrito destes
parlamentares.
Seria
o bom “toma lá, dá cá”.
E
isso não serviria só para a aprovação da reforma, mas para tudo.
Que
é o que já acontece nos países ricos que fazem parte da OCDE.
É
por isso que o lobismo tira do parlamento o peso das mediações de barganha
porque tudo pode ser aliciado com tais negociações além do congresso.
Agora,
se o lobismo não está regularizado e os empresários fazem lobby mesmo assim,
isso se configura crime. É por isso que o lobby tem que ser legalizado, porque
não se pode tornar crime, o que crime não é.
Diante
disso, vamos fazer oque é certo?
O
Brasil tem que legalizar o lobismo. Passou da hora.
Legalização do Lobby no Brasil de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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