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Singelo + Minimalista + Puro

Por: Júlio César Anjos

Tudo aquilo que encanta pela essência tem como existência a satisfação de ser singelo, e/ou minimalista, e/ou puro. Cativa pela necessidade de ter substância por existir ao natural, sem interferência de acumulações extravagantes, que de tão exageradas acabam perdendo o valor.

O vigor daquilo que se apresenta como normal possui mais valia do que aquilo que forçosamente se demonstra muito ornamental. Neste sentido, fica clara e válida a lição: menos é mais. Se pouco é sensacional, tudo que se soma, a partir deste instante, torna-se exagerado demais. 

É realmente interessante visualizar os anseios do ser humano quanto o aspecto do ato da acumulação. Sempre querendo tudo: “quero mais, quero mais, quero mais”, a busca do preenchimento do vazio existencial em uma mão abarrotada de sacolas ou cheia de quinquilharias espraiadas pelos aposentos e no chão. 

O nível de devaneio chega a tal ponto que o conceito de descarte, como alternativa de qualidade de vida, vira até uma opção de arquitetura conceitual. Neste conceito, a residência possui espaço. A área útil fica linda por não ter objetos extraviados em todos os lugares, ou espalhados de qualquer jeito. E esse simples ato de limpeza vira até mesmo produto de estudo: apresenta-se como minimalista.

Por isso que o singelo é o minimalismo da criação. Uma música cheia de barulho incomoda a audição. Assim como um desenho cheio de rabisco turva a visão. No mesmo embalo do “menos é mais”, uma criação sem muito adorno torna a produção final algo de grande profusão, como, por exemplo, a icônica ilustração do álbum “The Wall”, do Pink Floyd, considerado uma das capas mais bonitas do rock por ser simples e genial ao mesmo tempo, pois traduz a essência da principal música contida no disco.

A noção de que algo para ser bom deva ser cheio de incrementos é falacioso, e enganoso na concepção. Uma boa criação é singela quando tem substância própria, mesmo que não tenha ostentação. Mas o singelo também pode ser considerado algo ingênuo e não corrompido. Neste caso, a sua gênese destaca como algo sendo puro.

Uma água impura torna-se impraticável para consumo. Uma alma impura torna-se intragável o convívio. A pureza tem o seu valor por não haver mistura alguma na sua concepção imaculada.

Respirar o ar puro, ter a consciência leve, com a alma bem cristalina faz o puro ser um prazer válido de bem estar. A pureza de viver bem a vida expurga sentimentos carregados de impurezas como ódio, raiva, ressentimento, sentimentos que são pesados e acumulativos que tonam o viver algo sujo.

 Se carregar torna pesado, abandonar o fardo vira uma benção. Guardar e amar somente as coisas importantes, porem simples, cativa pela capacidade de prestigiar o que é realmente essencial. O desapego alivia a carga de bagagem – de algo material ou espiritual -, tornando a vida muito mais trivial.

A vida pode ser boa quando menos é mais. E se não acredita nisso, basta recorrer ao filósofo mais entendedor de bem-estar social. No utilitarismo sempre se recorre ao epicurismo. E nesta vertente em questão sempre fica eternizada, portanto, a grande equação: Epicuro = Singelo + Minimalista + Puro.

Alívio.




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Singelo + Minimalista + Puro de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.

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