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O que se Aprendeu com o Bolsonaro Corrupto

Por: Júlio César Anjos

Eis que agora todo mundo sabe que a família Bolsonaro pratica corrupção. O Flávio Bolsonaro foi pego. E é bem capaz que os outros também sejam desmascarados, se continuarem com a crista levantada e achando que possuem algum poder nas mãos. Esse é o sinal que o Sistema enviou para os que estão temporariamente no poder.

Já era sabido que o [clã] Bolsonaro não era limpo porque em Janeiro de 2018 a Folha divulgou a riqueza de toda a sua família e constatou-se que o patrimônio amealhado era incompatível com a renda.  Já havia indícios que o “mito” da direita praticava ato ilícito.

Com a corrupção do Flávio Bolsonaro deflagrada, há então vários aprendizados que mostram como funciona o “mecanismo” da sociedade em geral. Se a corrupção é um mal a ser extirpado na política, então que se aprenda a lição.

Seguem 10 lições sobre a corrupção do caso Bolsonaro que modificou totalmente esta eleição:

1ª lição – As instituições

As instituições fazem política.

Lula preso em abril e Beto Richa detido faltando 20 dias para a eleição mostram que o poder mexeu os pauzinhos para garantir vitórias de outros políticos alinhados ao sistema.

Muitas instituições fizeram durante o período eleitoral operações controladas para pegar cabeças do centrão, além da justiça ficar mexendo papel sobre suposto caixa 2 do Alckmin, para minar o tucano na eleição.

Enquanto isto, Bolsonaro era preservado do escândalo de corrupção.

A lição que fica é que cada região jurídica pratica o que acha o mais pragmático politicamente em cada local. Não há padrão na justiça porque a justiça e MP [ministério público], em 1ª e 2ª instância não tem padrão de união [as turmas não se comunicam].

No Paraná pegaram Lula e Richa e no Rio nem tocaram no Bolsonaro. Isso mudou totalmente a eleição.

2ª lição – Dissimulação

Bolsonaro enquanto preservado – E SABENDO DA PRESERVAÇÃO – enchia a boca para chamar os adversários de corruptos enquanto que a família praticava corrupção.

Quando se chama alguém de corrupto sendo também um, essa tática só funciona se quem estiver fazendo isso tenha retaguarda para tal ação. Portanto, é garantido pela lógica que o Bolsonaro tinha essa defesa de antemão. Já sabia que o COAF não vazaria antes da eleição.

Bolsonaro foi hipócrita, mas sabia que poderia ser.

3ª Lição – Datas

Em política, o calendário é muito importante. O COAF só vazou as informações que mostram que o [filho do] Bolsonaro é corrupto só agora em janeiro de 2019.

 E o motivo é simples: no período eleitoral, Bolsonaro não seria eleito – por isso da retaguarda na lição sobre dissimulação. E agora em janeiro, porque é um período bom pra quase todo mundo: é bom para o Bolsonaro porque perdeu um pouco de capital político, mas não o desestabiliza, ainda, ao ponto de ser destituído; ajuda o PT para voltar a ter fôlego e vida política; e ajuda os mamadores, ao botar o “mito” no tronco e segurar algumas benesses na reforma da previdência que vem por aí [House of Cards].

Só quem foi prejudicado pela data foi o PSDB, que só agora têm provas de que o Bolsonaro também está sujo por corrupção. Agora que passou o pleito a Inês é morta.

4ª Lição – O Quarto Poder

A mídia tradicional tem poder. Mesmo a mídia só divulgando o básico, as informações, embora escassas, já fazem um estrago tremendo na reputação Bolsonaro.

Mas no final o 4º poder faz acordo com o governo e a mídia em geral começa a ficar mais calma porque começa a receber verba estatal. E a Globo, por exemplo, irá receber.

Depois de fevereiro tudo voltará ao normal, o povo esquecerá, e estará tudo certo.

5ª Lição – Graus de Corrupção

A direita para ascender ao poder caminhou na lógica moral. E uma dessas lógicas seria que a direita não aceitaria mais corrupção política de jeito nenhum.

Inoculando a ideia de que um vereador pegar pixuleco na prefeitura tem o mesmo peso de uma corrupção de petrolão, como a direita “não existia” no poder, quem se dissesse e, teoricamente, fosse ilibado seria direita por concepção.

Ou seja, ser direita significava ser honesto; e ser honesto significava ganhar eleição.

Com a regra filosófica de que comunista faz corrupção para se perpetuar no poder, e tendo como a ideia de que a direita é limpa porque não se corrompe, tal ação gerou três consequências eleitorais: 1) igualou todos os políticos como corruptos [é aqui que o Lula e o PT respiram, pois, a lógica do Reinaldo Azevedo se fez verdadeira: “Se todos são iguais, Lula é melhor”]; 2) Como todos são iguais, o PSDB, como oposição, foi o que mais capitulou porque era corrupto igual; 3) A direita voltou ao poder – por meio de golpe.

Só que esse ensinamento de que todos os roubos são iguais, sem graus de corrupção, fará com que o povo também jogue a direita como igual no aspecto de corrupção.

Não importa se a corrupção for um suposto caixa2, situação que talvez nem seja corrupção, tal ação corrupta agora está comparada com o petrolão, corrupção sistêmica do PT para perpetuação de poder.

E quando caixa2 é igual petrolão, a moral está no teto e quem está implicado na justiça sofre com julgamento por antecipação. Jacobinismo em curso.

6ª Lição – Viés Ideológico

Olavo de Carvalho, para ascender a direita, disse que a corrupção é um instrumento que a esquerda se utiliza para se perpetuar no poder.

E, além disso, disse que a direita é ilibada e por isso não pratica corrupção.

Isso fez com que a direita surfasse na lógica moral e tal medida fez com que Bolsonaro vencesse a eleição sem “dinheiro” [o que é sabido que é mentira] e sem fazer um debate sequer.

Corrupção não tem ideologia. A Ditadura Militar é considerada “honesta” em não praticar corrupção porque o malfeito não foi divulgado. Só por causa disso.

 Mas, de qualquer modo, partidos e classes não roubam pessoas; pessoas roubam pessoas. Corrupção pode ser de caráter individual ou coletivo. Mas corrupção sempre começa com uma escolha individual: de o próprio político escolher fazer corrupção. E Flávio Bolsonaro resolveu se corromper.

Além disso, fica a pergunta: se corrupção é coisa de comunista, então seria Bolsonaro um comunista? Fica a pergunta no ar.

E se todas as ideologias são corruptas, o centrismo é melhor. [coisas futuras]

7ºª Lição – A Moral e O Moral

“me chama de corrupto, porra!”

Esse foi o bordão que fez Bolsonaro vencer eleição. Uma eleição que foi marcada pela moral.

E falando em moral, veja que curioso: os Bolsonaros, como já sabido, enchiam a boca pra chamar adversários de corruptos no mesmo instante que faziam atos de corrupção. É igual o tal “xô, corrupção” do PT em 2002, em que no mesmo momento que se diziam moralizados, estavam matando o Celso Daniel ao queimar arquivo do PT.

O moral, aquilo que se caracteriza pela motivação, também foi um fator determinante para esta eleição. Como os tucanos estavam desanimados porque nada encaixava, o Bolsonaro surfou na popularidade, e tal lógica fazia a direita a cada dia ficar mais inspirada enquanto que os centristas ficavam, a cada dia, mais desanimados diante do baque eleitoral.

O espirito eleitoral da moral e do moral fez um político com um filho implicado em corrupção presidente do Brasil.


8ª Lição – Votação e Povão

Como o Bolsonaro estava sendo preservado pelo Sistema, o “mito” resolveu apostar alto com a ferramenta de impulso chamada Fake News. Whatsapp fingindo que nada sabia, além do Fux – Presidente do Tribunal Superior Eleitoral - fingir que nada havia, Bolsonaro nem precisava de tempo de TV, ou recurso financeiro para baldear base e capilaridade porque possuía propaganda grátis que vinha do povo que não sabia que Bolsonaro – e família – estava implicada em corrupção.

O povo votou num herói criado pelo Sistema.

O povo foi enganado. Não tem culpa por sua tomada de decisão.

9ª Lição – Efeito Borboleta

Efeito Borboleta. Se o COAF divulgasse/vazasse o escândalo de corrupção da família Bolsonaro antes da eleição, as instituições preservariam outas situações.

Bolsonaro não seria presidente – mesmo com a facada -; PSL não teria a maior bancada do congresso [nem faria governadores]; grupos de pressão não estariam junto com o “mito” porque ele é da direita; os extremistas não teriam como fazer ações sediciosas para promoção política; os eleitores se dispersariam em outros candidatos no pleito, dando condição até pro Amoedo [azarão] chance para ir ao segundo turno e vencer a eleição.

Além disso, Moro não faria parte do governo e a Direita continuaria com o argumento da honestidade e moralização [Não se sujaria].

Tudo isso foi perdido por manipulação eleitoral.

10ª Lição – Perdas e Danos

As instituições, a dissimulação, as datas, o quarto poder, os graus de corrupção, o viés ideológico, a moral e o moral, a votação e o povo, além do efeito borboleta fizeram o Bolsonaro ganhar eleição.

Mas quem perdeu? Quem mais perdeu foi o povo por ter sido enganado sobre a limpa eleitoral e o PSDB, que foi a vitima do Sistema que não queria tucano no poder.

Portanto, são somente fatos. E os fatos não prescrevem jamais.

***
Certa feita, o Aécio assim argumentou: “não adianta me empurrar pra direita que eu não vou”. Eu também não.

Porque a extrema-direita é:
1)    Incompetente;
2)    Corrupta e;
3)    Assassina.

E fazem isso sempre com a retaguarda da religião e do nacionalismo, amparados por um fiscalismo conservador.

***
E um pouco de teoria dos jogos:

Em minha opinião, a elite fluminense jogou bem esse jogo de xadrez político.

Não agiu por emoção nem por moral, mas pragmaticamente, e agora tem um presidente na mão.

O Rio de Janeiro terá muita facilidade, diga-se assim, porque tem um presidente alienado pelo ministério público fluminense.

O Rio de Janeiro jogou bem e merece colher. Já a caipirada do Paraná tem mais é que se fod*r – não sabem jogar o jogo [Richa e Requião deveriam estar lá no senado].









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