Por: Júlio César Anjos
Questão Econômica: Reduzir
ou talvez zerar a alíquota de Imposto de Importação e de Produtos
Industrializados
Paulo
Guedes acerta porque é o óbvio a fazer.
A
maioria dos impostos somente pode ser modificada no congresso. As exceções são
o II [Imposto de Importação] e o IPI [Imposto de Produto Industrializado]. Estes
dois tributos são de prerrogativa do executivo nacional [o II tem que ser
cumprido já na data de publicação do Diário Oficial, enquanto que o IPI só 90
dias após publicação, para adaptação, pelo princípio da Noventena].
Então II [imposto de
Importação] e IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] são de prerrogativa
do executivo nacional, ou seja, da canetada do Bolsonaro.
Esta
é uma ferramenta para o Estado defender a indústria nacional.
Sabendo
disso, com o dólar na paridade em que está composta, de 4:1 [de quatro para
um], esta cotação já faz barreira de defesa ao natural pelo câmbio. E um
Imposto de Importação elevado, junto com um real desvalorizado, praticamente
proíbe o importado chegar ao Brasil porque o valor dos produtos importados se
eleva ao surreal.
Câmbio e Imposto de
Importação são pesos e contrapesos econômicos: quando, por exemplo, o dólar aumenta, o
Imposto de Importação diminui; e vice-versa.
Por
que o Temer não fez isso? Tem que perguntar para o Presidente. Talvez o Imposto
de Importação elevado mesmo no Dólar valorizado seja um lobby da indústria
nacional para tê-la como aliada neste momento de crise política. Vai saber.
Questão Social: Porque a
liberalização econômica, sem ser gradual, pode ser pior do que se não houvesse
liberalização
Neste
caso, há de trazer uma analogia. Segue: Pense que há muito tempo, por muitos
anos a fio, um passarinho nasceu e se criou em uma gaiola. Esse animal acredita
que o reger vivencial dele é aquela rotina conhecida sempre e sempre. Essa
normatização social faz com que essa ave acostume-se [costume carimbado] em
viver presa. Neste ponto, a partir do momento em que o dono desse animal decide
liberá-lo de sua prisão, ao abrir a portinhola da gaiola, o animal pode
comportar-se como se a gaiola não estivesse aberta, ao esperar a próxima leva
de alpiste e água no seu recipiente. Ou,
pior: sair vagando pelo ambiente e morrer em poucos dias porque não sabe viver
em liberdade, não sabe buscar os próprios alimentos e não sabe se defender.
Uma
prova desta analogia da ave ao costume brasileiro deriva da condição do SUS.
Quando os médicos cubanos resolveram desertar, a pedido do governo cubano, ao
invés dos liberais abarcarem a lógica do: “fim do SUS”, porque não há almoço grátis,
rapidamente a narrativa que venceu, facilmente, foi a que o SUS teria que ser
preenchido por médicos brasileiros. Ou seja, o brasileiro não quer a liberdade
de recorrer ao mercado a sua prevenção à saúde. O brasileiro quer o SUS. Ou
seja, quer alpiste e água no recipiente.
Não tem como fazer uma
ruptura porque o brasileiro é acostumado, tem o costume carimbado, em receber
coisas do governo. Ao passo que, antes de fazer quebra de paradigma, a
movimentação ideológica tem que modular o povo para que se acostume [costume carimbado],
a ser livre, tanto pelo ônus quanto pelo bônus da questão.
Neste
tipo de padrão, tentar impor economia liberal de forma brusca, em que isto não
está em consonância com a sociedade, pode tornar-se um esforço inútil, pois o
povo não quer mudar. Além disso, forçar a barra ao impor o que o povo não quer
pode gerar ingovernabilidade, tornando-se impopular.
Pode ser que o brasileiro
não esteja preparado para praticar a liberdade que os liberais almejam um dia
alcançar.
Questão Política: Eles não querem
uma Reforma da Previdência que resolva em definitivo
A
conta de uma parte da equipe econômica do Guedes acredita que dá pra resolver o
problema fiscal pela arrecadação. Privatizações, afrouxamento do mercado, além
do Trump, em acordo tático, investir mais de $ 200.000.000.000,00 [Duzentos bilhões
de Dólares] no Brasil, tais medidas podem, em curto prazo, desafogar as contas
públicas e tornar o ambiente artificialmente sadio.
Neste
sentido, Bolsonaro faria, então, um remendo previdenciário só para “inglês ver”.
O
cenário já observado pelos jornalistas Carlos Andreazza, Vera Magalhães e Reinaldo Azevedo é que a bomba da
previdência continuará armada, podendo estourar nos próximos anos, em que tal
medida do Bolsonaro seria só empurrar o problema com a barriga, não ligando
para o sucessor nem para o país. Não resolveria o problema da previdência, só
postergaria os danos.
Mas,
então, qual é o problema deste pensamento? O óbvio. Hiperinflação a caminho.
Porque
se você não tira o peso do Estado nas costas do povo, e, além disso, só faz
aumentar o fardo, chega uma hora que o povo capitula e não consegue carregar
tanto peso morto. Ou seja, chega uma hora que aumento de arrecadação não
funciona, aumento de imposto não funciona, e até aumento de impressão de
dinheiro não funciona, criando o colapso da bolha monetária, o que cria
hiperinflação. O que o Bolsonaro e sua equipe não entendem é que o Brasil já
está nesta situação.
Essa
crise tem muitos pais. Mas um dos principais tutores desta desgraça,
infelizmente, chama-se funcionalismo. Tem que reduzir o Estado e fazer reforma
da previdência, além de reforma estatal pelo enxugamento da máquina. Não dá
mais para postergar.
Mas
por que, afinal, a reforma previdenciária é uma questão política, sendo que a
premissa é de caráter econômico? Simples: por causa do desgaste. Essa reforma
ataca povo e instituição, o que pode fazer impedir governabilidade. É impopular.
Bônus: Vem crise de bolha de
Balcão por aí.
Com
a Empiricus e a XP investimentos avançando no mercado ao capturar a “sardinhada”,
tal situação gerará uma bolha financeira, o que é a pior das crises porque é
artificialidade pura [todo mundo acha que vai ficar rico só porque colocou o
dinheiro no fundo, não se importando com o resto].
É
por isso que a bolsa de valores poderá chegar a 100 mil pontos até o fim deste
ano.
Que
fique registrado para depois eu dizer: eu avisei.
Bolsonaro e Guedes, Observações de Questão: Econômica; Política; Social de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
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