Por: Júlio César Anjos
Como
todo mundo está careca de saber, a tripartição de poder - forma de organização
do Estado implantada na maioria dos regimes democráticos do mundo - foi criado
por Montesquieu como um instrumento inibitivo de elevação de tirania. Mas, se
teoricamente há uma divisão igual entre poderes, o fato é que o poder terá que
estar estacionado em uma das três alas para fazer governabilidade. E é por isso
que, embora esta organização social seja eficiente, tal condição torna o
sistema penso, pois, indubitavelmente a força irá galgar para algum lugar. Diante
desta constatação, o Brasil está anacrônico, com o presidencialismo desgastado,
o legislativo sem moral e o judiciário viciado. É tempo de mudar.
Como
é sabido que a separação de poderes se dá em três partes, então o alojamento do
poder poderá estacionar no legislativo ou no Executivo ou no Judiciário. Para
critério de explicação: no Executivo é chamado de Presidencialismo; no Legislativo
é chamado de Parlamentarismo; e no judiciário é chamado de legalismo.
O
Brasil tem uma democracia jovem e já sofreu com a ruptura de 2 impeachments em
um curto espaço de tempo. E com o executivo desgastado, tudo leva a crer que há
uma possibilidade bem real de haver um terceiro impeachment pós-eleição 2018,
caso o próximo presidente fracasse em fazer o Brasil melhorar tanto no aspecto
econômico quanto social. Ainda mais se o segundo turno for configurado entre
dois extremistas, aí então que o “golpe” poderá ser concretizado, de novo,
pondo fim ao regime presidencialista de forma salutar.
E
falando em bagunça, o legislativo neste momento não tem muita moral para
estabelecer freio tanto no presidente, em que foi cooptado corruptamente pelo
executivo, quanto no judiciário, que, o sistema judicial em busca do poder, não
para de acossar parlamentar. Esse modelo de congresso e de justiça para
abastecer o presidencialismo também está dando sinais de desgaste, seja por
corrupção, incompetência ou inaptidão.
E
no judiciário, com a narrativa de que o ”homem só busca o ganho próprio e evita
a punição” [Han Fei Tzu], esta busca desenfreada pela limpeza total, sendo que
há até mesmo muitos indivíduos da justiça corruptos, faz com que o poder hoje
esteja estabelecido na justiça, em que isso se configura como legalismo. Mas o
legalismo não funciona porque criar leis severas. E ao criar leis severas,
engessa a economia. Então, a tendência é a justiça ir para a caixinha ao
natural, não precisa o Ciro Gomes manda-los para lá ao verbalizar o óbvio.
Diante
desta bagunça toda, com a possibilidade de um 3ªº impeachment, com um
legislativo engessado por causa de problemas diversos, com o judiciário fora da
caixinha, então qual é a solução? A solução é o Parlamentarismo -
semipresidencialismo. O Parlamentarismo acaba com a criação do imaginário do
povão que só uma pessoa [o presidente] possui um dom messiânico para salvar a
nação. Porque a regra estabelecida é simples: só se governa se fizer coalizão. E
só se faz coalizão expurgando os extremismos. Portanto, para um país como o
Brasil que é tão carente que clama por um herói todo dia, no aspecto político,
o parlamentarismo é a solução.
Mas
o parlamentarismo não pode ser implantado no Brasil sem arrumar primeiro a
bagunça política com mais de 35 partidos [cinco partidos no máximo], e também
não funcionará se não houver o sistema distrital misto para gerar células eleitorais
para facilitar a vida do eleitor e da regra política. Com esse tipo de congresso,
com essa bagunça política e com essa forma do brasileiro pensar em eleição, o
parlamentarismo ainda está muito distante da realidade brasileira.
E,
só para lembrar-lhes: os países democráticos ocidentais em sua maioria aderem
ao parlamentarismo – semipresidencialismo – como organização política ideal. Será
que o mundo está errado e o Brasil está certo? Há de se pensar.
Portanto,
o Brasil está tão bagunçado que há a possibilidade de dois extremistas irem
para o segundo turno. Feito isto, é salutar que quem vencer não irá governar.
Não governando, o presidente cai pelo 3º impeachment. Com isto, abre,
novamente, brecha para instalar o parlamentarismo no Brasil e fazer a política
se organizar melhor com o sistema semipresidencialista. Deste modo, acaba com
messianismo de um homem só [o presidente] ser o salvador de tudo – o que não é
-, ao passo que também expurga extremistas ideológicos porque é preciso de
coalizão para governar. E quanto à justiça, caso haja o 3º impeachment [independente
se o vencedor desta eleição for favorável ou contrário a lava-jato], estará desmoralizada
para qualquer coisa, até mesmo para acossar parlamentar e impedir o
parlamentarismo, e por isso irá para a caixinha ao natural. Montesquieu, se estivesse vivo, ficaria horrorizado
***
Demorei
em atualizar o blog porque fiquei com gripe forte. A gripe fez virar sinusite
forte. Gripe e sinusite forte, somado com desgosto e desanimo político, gerou o
resultado de eu ter ficado nocauteado esse tempo todo. Mas já estou melhor. Vai
passar.
Montesquieu Horrorizado: 3º Impeachment; Justiça na Caixinha; Parlamentarismo de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
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