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O Fenômeno Bolsolula e Porque Todos Sempre Tucanam


Por: Júlio César Anjos

Eis que esta eleição de 2018, mesmo com lava-jato em curso, com forma didática de que não se pode defender político de estimação, mostra que o brasileiro é sentimental. Algum outro por aí tentou defender que o brasileiro é cordial, ou seja, que existe razão nas coisas feitas pelo coração; mas a verdade é que o compatriota é colérico. O brasileiro é emocional, mas com uma emoção ressentida. E isso se transmuta para a eleição. O problema desta lógica é que pra governar é necessário razão. E, a partir do momento que a contradição estoura, este povo constantemente precisa tomar a vacina antirrábica política. Esse é o paradoxo visto desde a redemocratização.  Isso ensina a todos que este é o modelo para vencer pleito. Portanto, não é uma boa educação.

No Livro Esaú e Jacó, de Machado de Assis, Pedro e Paulo viviam brigando por variados casos torpes, além de até mesmo a conquista da mesma mulher. Eles só igualaram em uma coisa: serem atraídos pela política. Quando Dom Pedro II ainda estava no poder (mesmo com Isabel em regência), Pedro era monarca, enquanto que Paulo era republicano. Mas quando a monarquia caiu e a república vigorou-se, incrivelmente Pedro virou republicano e Paulo oposição. Ou seja, Assis quis ensinar que há dois tipos de brasileiros: o que sempre será fleumático e no fim será governista [porque alguém tem que apoiar o governo para que haja governabilidade]; e o que sempre será colérico revolucionário porque nunca estará satisfeito com nada.

O eleitor bolsolula desde a era da redemocratização é o Paulo do Machado de Assis. No passado era ranheta porque queria colocar o Lula no poder. Conseguiu. Agora, há ex-lulistas que estão querendo votar no Bolsonaro porque há certas características semelhantes de autoritarismo entre os dois políticos. E há também o eleitor ex-petista que ficou temporariamente tucano, e que agora viu em Bolsonaro a chance de voltar a ser o que realmente é: um revolucionário que gosta de tirano.  

O problema desta vontade é a realidade perversa de que não se pode viver só de revolução, de instabilidade, de confusão. É aí que entra o Pedro. Ou, melhor dizendo, os tucanos. Porque alguém tem que governar. E pra governar é preciso de parcimônia, de fleuma, de razão. Como toda regra tem exceção, mesmo o compatriota sendo colérico, há no tecido social brasileiro uma parcela minoritária, porém considerável, de cidadãos com as características de Pedro. O único tucano fora da curva nesse tempo todo era o Aécio Neves, que era carismático por ser colérico, atraiu muitos seguidores, ao passo que no desmonte de sua imagem, feita pelo PT, Aécio foi esvaziado pelos jacobinos que estavam no PSDB e hoje são Bolsonaro.

Então o brasileiro é Paulo, mas precisa ser Pedro. É por isso que, no final das contas, todo mundo tucana ao não poder fazer revolução. A redemocratização mostra bem a existência de Pedro e Paulo pela fotografia da eleição e no comportamento ao ter que governar. É só verificar que Lula babava de raiva até 2002, sendo que ao ter que governar, passou a ficar mais calminho, mais ameno. Bolsonaro também irá ficar – caso ganhe o sufrágio. Malandragem para ganhar eleição? Talvez. O Novo Lula (Bolsonaro), caso vença esta eleição, irá governar? Não se sabe. O que se sabe é que a dialética da revolução é sempre o surgimento de outra revolução. E a isso o livro revolução dos Bichos não deixa mentir. Portanto, Bolsonaro é desestabilização por não se saber no que vai dar.

E sobre os tucanos serem fleumáticos, cabe defesa pela concretização. Já foram 4 eleições, exceção de 2014, que provam que os tucanos são Pedro no aspecto comportamental. Ninguém engana por tanto tempo só para conquistar eleitor. Portanto, o PSDB é assim mesmo – Pedro. Mas, o problema é que o Brasileiro já teve várias eleições para votar em pessoas racionais, calmas e sensatas. Preferiram a tendência do momento [da radicalização]. Só resta aguardar pra ver se o “novo lula” irá Tucanar ou fará revolução. A tendência é tucanar.

Portanto, os brasileiros gostam de políticos coléricos, mas sempre precisam, de tempo-em-tempo, tomar a vacina antirrábica política se não quiser ver o Brasil entrar em erupção social. São revolucionários como Paulo, mas não querem perder o bem-estar social e por isso permitem Pedro. E por isso terão que agir como o tucano, o substantivo que virou verbo que é sinônimo de racionalizar. O fenômeno Bolsolula nada mais é que Paulo querer continuar a ser Paulo. Só que todos sempre, no final viram Pedro, tucanam para governar.

Moral da história: Se todos sabem que no final os revoltosos terão que tucanar, então por que não colocar tucanos de uma vez para governar? Por que postergar o inevitável? Fica a sugestão para esta eleição.


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Tudo o que eu podia fazer, eu já fiz. Não tem mais o que criar. Agora, é esperar o marketing fazer um bom trabalho, pescar a maioria silenciosa para conseguirmos ir para o2º turno desta eleição presidencial de 2018.

A partir de agora, as publicações serão intermitentes.






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