Por:
Júlio César Anjos
“Os fatos não
prescrevem jamais.” – Júlio César Anjos
A
campanha do Bolsonaro entra com a mesma lógica de politicamente correto de que
não pode mais haver cisão entre: ricos x pobres, brancos x negros, gays x héteros,
homens x mulheres, e por aí vai, uma narrativa política tucana, diga-se a
verdade, em que os tucanos já comentavam sobre os problemas de cisão social lá
pelos idos de 2010 – quando o PT fazia essas divisões. Ou o leitor acha que foi
o “mito” que criou isso? [um dos meus primeiros textos escritos em 2010 já
abordava isso (link no fim do texto).] Bolsonaro, que nasceu do politicamente
incorreto, agora tucanou para ver se engana o eleitor. Que evolução! Mas o líder da extrema-direita faz o mesmo
erro do Trump ao criar subdivisão para tentar defender-se. Vai dar problema no
futuro.
O
“nós contra eles”, criado pelos tucanos, está desgastado; mas o politicamente
incorreto também não emplacou. O resultado disso é o limbo neste discurso
social cansativo para o eleitorado em geral. Mas o Bolsonaro está carimbado,
pelo seu histórico de como agir e como falar, de ser homofóbico, misógino, e
até mesmo racista. Já é até réu por causa destas querelas sociais. E, para quem
está se afogando jacaré é tronco, os bolsonaristas tentam achar, e emplacar,
qualquer negro, mulher e gay que saia defendendo Bolsonaro e as ideias da
extrema-direita por aí.
Deste
modo, o maior problema do Bolsonaro está na relação com as mulheres. Se no passado
se dizia que: “não basta à mulher de César ser honesta, ela deve aparentar-se
honesta”, hoje o Bolsonaro transmite o machismo como imagem política. E,
casando a imagem machista com discursos e ações misóginas, o fato é que o
Bolsonaro é limitado no que se concentra de eleitorado feminino. Ou seja,
Bolsonaro não aparenta porque não é respeitoso com as mulheres. E, ao invés de
mostrar projeto para a ala feminina, conversando com elas, Bolsonaro somente
deixa “machorras da direita” responderem por ele. É por causa deste problema que o Bolsonaro
utiliza algumas mulheres para fazer a sua defesa de marketing político.
Do
mesmo jeito, Bolsonaro também tem problema grave com os negros. Está para ser
réu nesta área em questão pelo STF. A gota d’agua foi o discurso no programa “Roda
Viva”, em que defendeu a tese de que os portugueses [brancos] nem entravam nas
terras africanas, dando a entender que os brancos não escravizaram os negros,
negando totalmente os fatos históricos. O Bolsonaro importou a narrativa da
extrema-direita norte-americana – neonazi – que tenta fazer revisionismo histórico
sobre este problema social em questão. Como o Brasil não é o EUA, por vários
fatores, o soneto ficou pior que a emenda e mostrou que Bolosnaro é sim
racista [se a justiça vai condenar ou não, é outra história]. Mas o Bolsonaro, como válvula de escape, faz o mesmo na questão das
mulheres, ao invés de pedir desculpa aos negros, busca como suporte algum negro
disposto a apoiá-lo para fazer limpeza da autoimagem.
E,
por fim, a questão dos gays. Neste campo social Bolsonaro não tem escapatória,
já é o inimigo número 1 desta bandeira política. Porque Bolsonaro é realmente
homofóbico. Ele trata mal os homossexuais com piadinhas, ilações, infâmias, com
o próprio enfrentamento do seu filão eleitoral, nas redes, contra essa minoria
em questão. Mas Bolsonaro passou do limite. E para tentar se limpar do estigma
de preconceituoso, mesmo após declarar veementemente que preferia ver um filho
morto a gay e que gay se cura na porrada, disse para desavisados que não é
contrário aos gays, mas é contra o kit-gay, por ser defensor de “crianças indefesas”.
Mas, assustadoramente, Bolsonaro consegue arregimentar gays. Porque assim como
tem Jean Wyllys que defende Che Guevara (que perseguia gays), há o gay da
direita que aceita Bolsonaro, como no caso do Amin Khader. E, neste caso, assim
como os outros, não há arrependimento nem pedido de desculpa do passado
ignorante que a própria bibliografia o aplicará, há apenas o enfrentamento nas
bandeiras sociais.
Neste
sentido, Já não basta o famoso “nós contra eles”, em que há divisões entre
negros x brancos, ricos x pobres, homens x mulheres, e gays x héteros, agora há
essas subdivisões sem pé nem cabeça, como negro subserviente x negro radical,
gay subserviente x gay radical, mulher subserviente x mulher radical, que jogam
no lixo o bom debate político do país. É tanta divisão e subdivisão, que as
reais discussões sérias, seja no campo econômico ou social, ficam em segundo
plano, com a sociedade caindo em degradação diante de brigas sem lógica e
gritaria sem razão.
Portanto,
Bolsonaro, por saber quem ele foi no passado e não saber o que ele fará no
futuro, tais compilações dão a referendar que o “mito” será nocivo para os
próximos anos ao país. Ganhando ou perdendo a eleição, o fato é que Bolsonaro
cria subdivisão social, ruptura em cima de ruptura, sendo que o Brasil precisa
de união. A presença de um extremista, e este radical conseguindo a disposição
de votação que se constituirá, só mostra que o Bolsonaro é a resposta errada
para problemas complexos, o que dificultará e muito a harmonia do país. O Bolsonaro,
ao invés de ser grandioso e pedir desculpas para tais entes minoritários da
sociedade, ele faz o enfrentamento porque é orgulhoso. E só são orgulhosos
ditadores que nunca recuam de suas barbaridades ou até mesmo de ações
repugnantes.
E se
o Bolsonaro quiser me processar por falar a verdade, tudo bem. Só que o que eu
escrevi é apenas fato. E os fatos não prescrevem jamais.
Autoplágio
embasado em outro texto intitulado: “O Extremismo e as suas subdivisões”:
http://efeitoorloff.blogspot.com/2017/03/o-extremismo-e-as-suas-subdivisoes.html
Texto
de 2010 em que eu já evidenciava a divisão social do PT:
Bolsonaro Promove Subdivisão Social de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
E verdade desculpas que é bom nada
ResponderExcluirIsso mesmo, desculpas que é bom, nada. É muito orgulhoso para isso.
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