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A Liga Verde: A Ascensão

Por: Júlio César Anjos

A população quer mudança. Tanto é que o bipartidarismo PT-PSDB findou-se nesta eleição. Deste modo, há no âmago da população que se queira algo a mais que somente essa dicotomia partidária, buscando também o fim do dualismo regional, pós-redemocratização, em que só se fez político do sudeste ou nordeste presidente da nação. Porque, pela adoção, se o povo quer alternância na dinâmica no pleito, por que não uma mudança ampla? Dito isto, para quebrar o paradigma que está em exaustão, então, há no horizonte a criação de um terceiro bloco regional eleitoral, para contrapor ao eixo nordeste-sudeste. Esse blocão é o chamado de Liga Verde – que está em ascensão.

Desde a redemocratização o presidente junto com o seu vice é do nordeste ou sudeste, fazendo esse ping-pong de poder. Se na república velha havia a política do café com leite, hoje, pode-se dizer que a política é do agro-agreste. Citam-se: Tancredo Neves – Sudeste – e vice Sarney – Nordeste; Sarney – Nordeste – e vice – Vago; Collor – Nordeste – e vice Itamar – Ultramarino (Sudeste); Itamar – Sudeste – e vice  Vago; Fernando Henrique – Sudeste – e vice Marco Maciel – Nordeste; Lula – Nordeste – e José Alencar – Sudeste; Dilma – Sudeste – e vice Temer – Sudeste. Além disso, Lula sempre foi ao 2º lugar nas eleições até ganhar a presidência. Ao conseguir o objetivo, o PT ficou no poder esses anos todos, com o PSDB indicando dois candidatos paulistas [Serra, Alckmin] e um mineiro [Aécio], ficando em 2º lugar nos outros pleitos.

Ou seja, a eleição sempre orbitando no eixo nordeste-sudeste [Agro-Agreste] e na dicotomia PT-PSDB.

A Liga Verde, que não é oficial por nem existir ainda, embora haja uma confluência para se materializar em agrupamento, é composta pela junção dos excluídos do eixo nordeste-sudeste, que são as regiões: Norte; Centro-Oeste; e Sul. O nome Liga Verde não deriva de algo caracterizado pela defesa de natureza, ao ser ecologista, mas dos biomas que perfazem as regiões, como: Amazônia; Pantanal; e Pampas.  Para critério de exemplo, na época da monarquia (ainda com Dom Pedro II – menos de 200 anos atrás), o Paraná era a 5º comarca de São Paulo e o centro-oeste nem existia. Hoje, essas três regiões juntas possuem uma população de aproximadamente 58 milhões de habitantes, maior que o nordeste com 53 milhões de habitantes, e um pouco menor que o sudeste com 80 milhões de habitantes, podendo fazer contraponto como um novo bloco político para rivalizar com o sudeste e o nordeste no embate político nacional [figura no fim do texto]. 

Se a Liga Verde é apenas um sentimento, nada que se veja concretizado ainda, a Marina Silva é a materialização desta sensação que está por vir. Muita gente compreende, com razão, que a Marina é a escolha política que faz a fuga do binarismo PT-PSDB. Isso é fato, ela é com certeza a candidata mais fora do mainstream.  Mas ela também é a alternativa deste desgaste do eixo nordeste-sudeste que luta pelo poder sem parar. E isso não se traduz como um ufanismo regionalista, de sentimento boboca de defesa de região, mas uma alternativa para alternância de poder, que é a renovação que o povo tanto almeja. Renovação tanto do fim do binarismo PT-PSDB quanto do eixo nordeste-sudeste. Porque enquanto os políticos do eixo fazem a estratégia desgastada de dividir para conquistar, rachando as regiões ao criarem uma leva de pré-candidatos, a Marina, pelas beiradas [literalmente pela beirada da Liga Verde], está indo para o segundo turno ao natural; e no segundo turno vence a eleição com os votos dos derrotados no primeiro.

Marina Silva, natural de Rio Branco (Acre), poderá ser a surpresa nesta eleição ao virar presidente – concorre ao pleito para tal objetivo. Isso ocorre não pelo fato de ser “mulher-pobre-negra” – neste combo da esquerda –, mas pelo fenômeno de, neste momento, não ser tucana nem petista, muito menos nordestina nem sudestina. É a presidenciável que certamente, caso seja eleita, será a quebra de paradigma por ser a ascensão da Liga Verde no equilíbrio eleitoral brasileiro. Porque a lógica é simples: se todo mundo louva a possibilidade de mudança pelo novo, então todo mundo saberá que o Acre existe – assim como saberá sobre o surgimento da Liga Verde. E que tal bloco pode também fazer presidente.

Mas ainda dá para atrasar o surgimento desta Liga Verde se houver inteligência ao jogar o jogo político. Só há uma saída, sem exceção, que é o PSB aliar-se com o Alckmin, alinhar o sudeste com o nordeste, para aí sim diante de convergência manter o eixo nordeste-sudeste em vigor. Aliás, essa aliança PSDB-PSB foi costurada em 2014 entre Aécio e Eduardo Campos, em que deveria estar na ativa até agora. Sem saber por qual razão, o PSB quebrou este acordo [e o  PSB que ser aliar com o Ciro Gomes, candidato vaiado por onde passa]. Quebrando o acordo, não ganha eleição [porque divide as regiões]. E se a Marina for esperta, vendo essa cisão, basta ela agregar o Álvaro Dias como aliado para ganhar o pleito deste ano. O que tudo indica, neste momento, é que a Marina será mesmo a futura presidente por causa da rejeição do bipartidarismo PT-PSDB, além do desgaste, pelo dividir para conquistar, do eixo nordeste-sudeste. A Liga Verde urge.

Portanto, a Liga Verde surge como alternativa ao eixo nordeste-sudeste que impõe ao Brasil a vitória do presidente que seja de região populosa. Mas as três regiões marginalizadas da Liga Verde, ao se unirem, já possuem uma grande quantidade populacional, e de votantes, para fazer contraponto ao eixo agro-agreste.  E com isso Marina Silva, ao se apresentar como fenômeno eleitoral, materializa-se como a porta-voz desta terceira via que só engrandece o debate eleitoral. Um novo país está a surgir na limítrofe oeste brasileira, que está começando a se organizar para conseguir também dar as cartas e obter, porque não, o poder. Porque a mudança não está só em candidato e em partido, mas também em alternância de poder entre regiões do país. Enfim, a democracia elevando-se a um novo patamar.

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Obs: A minha conta é simples: O Ciro Gomes não irá para o segundo turno porque é vaiado em todo lugar que vai. Foi vaiado no encontro com os prefeitos em Minas, foi vaiado agora no encontro com a CNI em Brasília. E será vaiado em muitos outros lugares porque o MODELO esgotou. Então, resta ver se vai Marina Silva ou Alckmin para o segundo turno. Deste modo, basta o PSB apoiar o PSDB que dá pra reverter votos no nordeste e fazer Geraldo presidente.

Obs2: Com o PSB como pilar fundamental pela esquerda e o DEM como base pela direita, o PSDB elege-se pela coalizão. Caso contrário, dará Marina Silva Presidente.

Obs3: Caso vença Marina Silva, não farei oposição. Por isso quero vencê-la agora pelo voto.
  





 

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