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A Falácia Eleitoral do Falso Post Hoc

Por: Júlio César Anjos

A falácia Post Hoc Ergo Propter Hoc ("depois disso, logo causado por isso") caracteriza-se na premissa de que um evento só é causado por causa de outro antecedente. É uma correlação coincidente, em que uma ação A só foi realizada por causa de outra ação B. Diante disso, para uma melhor compreensão, segue um exemplo básico: ”o galo sempre canta antes do nascer do Sol. Logo, o Sol nasce porque o galo canta”. Isso, como se comprova em fato, é uma falácia porque o astro nasce independente do galináceo cacarejar. E na política é a mesma coisa, algumas premissas tornam-se falsamente verdadeiras somente por causa de uma lógica sem noção. Desta maneira, há outra exemplificação. Veja: “um candidato enche um local com o seu eleitorado de prontidão. Logo, esse candidato ganha eleição”. O que é um post hoc falho no empirismo e na concepção.

A Ditadura militar foi uma época de anos de chumbo que evitou rios de sangue – argumentava Roberto Campos.  O problema é que esse regime esgotou-se ao passar dos anos. Com essa fraqueza política da direita por inanição, surgiram os oportunistas políticos. E um dos mais famosos chamava-se Lula. Lula, nesta época, era tão astro político que dava autografo até para filho de empresário. Desde os anos 70 até o fim dos anos 90, o petista tinha tanta popularidade que se enchiam de trabalhadores [não só os das montadoras, mas outras classes trabalhistas] os pátios das fábricas, além de espaços confinados [como anfiteatros, auditórios, ginásios e afins] só para vê-lo discursar.  Era interessante ver a quantidade de gente apoiando o líder da esquerda. E esteticamente dava a entender que a eleição para o PT sempre estaria no papo, pois, pelo post hoc, como o trabalhador estava alinhado com o líder petista, então Lula por star seria presidente já na redemocratização [eleição de 89].

E o empirismo mostrou que não. Lula mesmo fazendo essa estética de multidão, sendo abraçado pela mídia, e um lobby da esquerda cada vez mais crescente, o petista perdeu as eleições de 89 para o Collor, 94 e 98 no primeiro turno para o FHC, e, mesmo ganhando 2002 e 2006, só obteve a vitória nestas eleições no segundo turno. E só conseguiu conquistar a maioria do eleitorado após compreender que tinha que capturar a população em geral, ao banir o ranço extremista para que pudesse apresentar-se como um candidato mais convencional. Ou seja, O PT só foi entender que encher o estacionamento de montadora não significava vitória na urna em 2002, quando, pela glasnost - da estética de aparência -, o marketing fez com que Lula usasse de roupa chique e loção de boa essência para aparentar-se mais palatável para a maioria silenciosa.

Diante disso, nesta eleição, há um candidato que está a lotar o aeroporto, e, embora faça campanha antecipada ao driblar a lei, tal estética tenta exibir para o brasileiro que o presidenciável da extrema-direita possui força eleitoral neste pleito de 2018. É a tragédia do Lula se repetindo como farsa.  Porque o aeroporto é um espaço confinado excelente porque não é tão grande que seja difícil de enchê-lo, mas também não é tão pequeno que não faça uma imagem que não chame atenção. Então, ao copiar Trump, este candidato em questão está a utilizar o aeroporto para mostrar persuasão. E, assim como o estacionamento do Lula fazia massificação, o aeroporto para este presidenciável faz aglomeração.

O problema deste candidato, assim como ocorreu com o Lula no passado, é de concepção. Parece paradoxo, só que não (sqn), que o mesmo agente que causa força seja o comburente que o desidrata. Ou seja, o extremismo estético de imagem da massificação em aeroporto demonstra certa força eleitoral, mas este mesmo agrupamento radical faz com que haja uma aversão pela maioria silenciosa neste candidato que utiliza desta situação. Portanto, é o mesmo efeito do caso Lula no passado. Este candidato da extrema-direita pode até obter um percentual eleitoral cativo, mas isso também vira um teto difícil de ser rompido, em que, talvez, faça este presidenciável ir para o segundo turno; porém não consiga obter vitória na urna justamente por ser extremista demais, pelo menos aos olhos da maioria silenciosa eleitoral que tem esta percepção.

Este candidato da extrema-direita, o mais bem colocado no momento nas pesquisas eleitorais, só está à frente porque o cenário político é de apocalipse [mais de 45% dos eleitores são de votos inúteis – abstenção, nulo, indeciso]. Além disso, este candidato não fez a glasnost como fez o Lula, ao se polir para que se torne mais palatável para a maioria silenciosa. A única diferença é que no caso deste candidato em questão, a glasnost seria a de acabar com o “sentimento de pertencimento” de categoria, ao deixá-lo de ser corporativista em demasia, o que o torna impopular de antemão. E nesta eleição não tem mais volta, não tem como corrigir este curso em vigor. Enfim, este candidato não será presidente. Não desta vez (try again).

Ou seja, diante dessa percepção, há de novo a falsa premissa de que certa coletividade, e aqui não importa que seja da esquerda ou da direita, faz com que a lógica errônea da estética da multidão gere vitória na eleição. Porque o eleitor desta plêiade extremista faz o post hoc falacioso de que tal candidato enche aeroporto. Se este presidenciável enche aeroporto, o povo está com ele. Logo, o postulante ao executivo nacional será presidente porque terá a maioria do eleitorado que é composto pelo povo.  Simplesmente um déjà vu do Lula no passado; com o mesmo fracasso assombroso.

Outra falácia de post hoc nesta eleição está condicionada à estratégia tucana de jogar parado. Então, para os barulhentos da política, jogar parado significa fraqueza, pois, na teoria, o PSDB fica parado porque não tem o que fazer. Logo, os tucanos perderam por abandonar o jogo. Agora, vai um fato histórico para comprovar que a lógica está errada. Pelo empirismo, Tancredo Neves ganhou a eleição de 1985 ao simplesmente jogar parado. A única diferença é que o PSDB está levando esta estratégia para a majoritária, enquanto que Tancredo Neves¹ fez isso por meio de colegiado. Mas essa estratégia é coerente quando se têm extremistas disputando o eleitorado, em que o centro foge de embates e vence eleição. Então está tudo planejado para os tucanos ganharem a eleição. Portanto, há ciência política em jogar parado. Jogar parado não é necessariamente derrota de antemão.

Portanto, a falsa lógica de correlação faz com que as pessoas se enganem sobre tais realidades da eleição. Um político lotar pátio de montadora ou um aeroporto não o faz presidente, mesmo que o cérebro do extremista tente enganá-lo de que encher algum lugar dê vitória na eleição. Às vezes, mostrar muita união pode significar extremismo, espantando a maioria silenciosa no sufrágio universal. Se for analisar que o voto descartado é grande [45% dos eleitores (cenário de apocalipse) não ficaram inspirados nem contagiados pela narrativa da radicalização], isso significa dizer que uma boa parcela eleitoral não vai mais aderir um extremista daqui pra frente. Quem era pra aderir já aderiu. Esta parcela de eleitores insatisfeitos está em stand-by, esperando a campanha começar, para aí sim fazer a tomada de decisão em quem votar. E num cenário em que todo mundo fica gritando pra chamar atenção, jogar parado poderá ser a solução. A maioria silenciosa gosta do centrão.
  
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 Tancredo Neves vence eleição:
“Como o grande meia-direita ‘Didi’, Tancredo jogou parado: ‘Quem tem que correr é a bola’. [...] Também seria necessário que Figueiredo continuasse embaralhando. Conseguiu.”.  [Ditadura Acabada, Elio Gaspari, pág.: 281]
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Obs1: Obrigado, Olavo de Carvalho, por referendar esta eleição que será vencida pelos tucanos.

Obs2: A torcida do Paraná Clube lota o aeroporto; o mito da extrema-direita também. Mas o Paraná Clube está longe de ser um dos clubes entre as maiores torcidas do Brasil; assim como o extremista da direita também está longe de ser presidente. Aeroporto lotado só significa que quem está desembarcando tem uma boa quantidade de radicais. E só. Então, pare de ir buscar político de estimação no aeroporto, você parece um lesado. Seu bobalhão petista de sinal trocado.




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