Por: Júlio César Anjos
As
eleições estão chegando, a importância do debate econômico acentua-se, o que
faz com que os presidenciáveis intensifiquem projeções em cima desta vertente
social. O texto será curto, com algumas curiosidades somente, pois economia é
algo complexo e não dá para se aprofundar no emaranhado de teorias e
fundamentações desta ciência em questão num mero artigo de blog. Até porque,
para aprofundar, tal atuação carece de investimento grande para fazer um estudo
decente – o que não é o caso aqui.
Então, este texto será somente um debate sobre tópicos e questões de
natureza econômica. A resenha embasará sobre: tripé macroeconômico [meta de
inflação, superávit primário, e câmbio flutuante]; orçamento; desburocratização;
Investimento; entre outros.
Primeiro,
a questão de tripé macroeconômico. Enquanto que Bolsonaro nem sabe o que isso
significa, o Ciro Gomes deu a questionar tal ferramenta de controle econômico
estatal. Mas, para variar, este falou bobagem enquanto que aquele é a bobagem
sem opinar. Então, que se refute o Ciro Gomes porque o outro lá não tem nem
ideia na cabeça para que se possa refutar. Ciro Gomes, em uma dessas sabatinas
disse que o Brasil não pode continuar com meta de inflação [dando como exemplo
que os EUA não possuem mecanismo de meta de inflação], que tem que rever o câmbio
flutuante [o dólar tem que continuar valorizado (para ajudar na exportação)] e,
para criar superávit primário, deve-se renegociar a dívida pela redução da taxa
de juros [calote branco]. Então, segue a crítica sobre tais ponderações:
Meta
de Inflação: Sabe por que o EUA não possui mecanismo de meta de inflação, Ciro
Gomes? A resposta é simples: PORQUE O EUA EXPORTA INFLAÇÃO! Se o Brasil tivesse no Real a possibilidade
de controlar a economia mundial, lógico que não precisaria de meta de inflação. Até porque o dólar é o "numerário universal". Mas o Brasil é país subdesenvolvido, improdutivo e vulnerável às especulações
mundiais [vide o ataque especulativo que o Brasil está sofrendo devido à
fraqueza deste governo]. Então, não se pode comparar banana com maçã, assim
como não se pode fazer analogia entre Brasil e EUA. Acredita-se que ficou clara
essa diferença neste simples esclarecimento de que o Brasil não tem como
exportar inflação e, com isso, deve ter meta para não desorganizar a economia pelo
sistema monetário. Ah, a Venezuela também não tem "meta de inflação" [e o resultado desta falta de meta todo mundo já sabe]. Primeiro tópico simplesmente refutado com sucesso. Portanto,
Meta de inflação permanecerá em vigor, pós-eleição, independente de quem assuma
o ministério em 2019.
Câmbio
Flutuante: sabe por que o câmbio não pode ser fixo, Ciro Gomes? Porque o
mercado cria um fenômeno chamado de “taxa-sombra” [especulação por causa da
artificialidade do câmbio fixo]. Essa taxa sombra, por causa da pressão vinda
pelo mercado, faz com que, uma hora ou outra, a moeda tenha que se
desvalorizar, pois, ao determinar a paridade de 1:1 [um para um], essa aberração
cobra o preço na economia porque a moeda pareada vira zumbi da moeda principal.
Então, o sadio é deixar o câmbio flutuar. Mas, como é sabido até por ti, Ciro
Gomes, há limite para a moeda flutuar. E, pela experiência brasileira, a
cotação entre real x dólar não pode sair do intervalo entre 1:1,50 [Um Dólar
equivalente a Um Real e Cinquenta Centavos] e 1:3,50 [Um dólar equivalente a
três reais e Cinquenta centavos]. Ou seja, se o real está muito valorizado,
prejudica o mercado doméstico [importados dominam o mercado nacional]; e se o
Real estiver muito desvalorizado, as mercadorias nacionais vão para exportação
e falta produto no Brasil, gerando inflação. Nos dois casos, o Brasil sofre com
improdutividade + Custo Brasil. Então não dá para fixar o câmbio e abandonar o
cambio flutuante, apesar de ter que fazer swap para manter a paridade neste
intervalo [tanto pra cima quanto pra baixo] citado anteriormente.
Superávit Primário: Sabe por que se deve
manter o superávit primário para só então fazer investimentos no país, Ciro
Gomes? Porque esse sistema dá segurança econômica, jurídica e social para que,
tanto o investimento público quanto o privado, traga no desenvolvimento social
uma maior confiabilidade nos players como um todo. Conseguindo obter o
superávit primário, ou seja, pagando todas as contas em dia, após sobrar um
saldo para começar a desenvolver, aí sim se inicia investimentos de médio e
longo prazo. Ciro Gomes dá a entender que não há necessidade de buscar o
superávit primário, pois, pela lógica keynesiana [quanto mais o estado gasta,
mais arrecada – efeito multiplicador], o Brasil teria crescimento porque o
estado incentivou. Caso contrário, o país nunca investirá, pois nunca sobrará
recurso para tal. Mas foi justamente esse pensamento que a Dilma fez o que fez
ao criar esse desenvolvimentismo torto chamado de bolivarianismo. Ciro Gomes,
ao querer abandonar o tripé macroeconômico, quer até mesmo reaver juro de
dívida, o chamado: CALOTE BRANCO. E, por fim, para acabarem com o 6º ano de
déficit primário, os olhos devem estar voltados nas reformas [principalmente a
previdenciária]. Infelizmente, essa é a única solução possível para que não
haja pânico na economia, gerando evasão de divisas e circulo vicioso ao manter
a crise em vigor.
O
Ciro Gomes foi citado e criticado nos itens do tripé macroeconômico porque é o
candidato que diz abertamente que irá acabar com este modelo. O presidenciável
do PDT faz uma espécie de econometria embusteira, em que tais dados parecem
verdadeiros, mas, se for verificar, são informações fraudadas na base, ou com
problemas de viés.
Continuando os tópicos, agora sem crítica a
ninguém, que se retome a resenha:
Orçamento:
este é o ponto em que os liberais somem. É o estado materializado mais até que
a constituição, pois é o instrumento para gerir o negócio público de fato. E,
independente do próximo presidente eleito, o futuro gestor terá que ao menos respeitar
no ano de 2019 o orçamento em que Temer irá aprovar este ano. O orçamento
brasileiro tem 3 funções: 1) Alocativa; Distributiva; 3) Estabilizadora. A
alocativa serve para alocar os recursos nas diversas áreas sócias [saúde, educação
e etc]. A distributiva serve para atacar a desigualdade social, para melhorar a
posição no Índice Gini, para que o país possa se desenvolver de maneira justa e
igualitária – que é a função do estado realmente. E estabilizadora para impedir
a anarquia, a desordem e o caos [este último tem os olhos voltados também para
emprego e renda – porque é aqui que se aceita o desenvolvimentismo]. Só que a ideologia pode mudar a forma como o
orçamento é praticado. Ou seja, dá pra fazer algumas mudanças substanciais,
mesmo sabendo que o orçamento é, de certo modo, engessado. Mas aí cabe
discussão sobre.
Desburocratização:
criação do CUB [central única da Burocracia]. Quem tem que correr para
facilitar a abertura de empresa ou construção qualquer é o estado e não o
cidadão. Acabar com essa cultura de fazer o cidadão ter que ir de um lugar para
outro pára ter possibilidade de começar a fazer uma atuação social. Até porque
o funcionário público não faz caridade, é remunerado para isso, então, não
impedir o fluxo econômico sadio é o mínimo a esperar do estado para que este órgão
consiga até mesmo pagar salário dos funcionários públicos. E, aproveitando o
tópico, vai uma provocação para debate: Alckmin sugeriu fazer o IVA ao unir
tributos no dito “colchão tributário”. Alguns tributos são fáceis de uni-los. Mas
e o ICMS? Ao implantar o IVA, o ICMS passará a ser imposto recolhido pela
origem? Na opinião deste que vos escreve, se o pacto federativo fosse sério, e
os estados da união fossem como “países”, então o ICMS seria uma espécie de
imposto de importação, com a receita sendo recebida pelo destino. Até porque na
origem já há o ganho social que é o emprego gerado pela fabricação ou pelo
serviço que está a ser consumido pelo destino, em que essa dinâmica já faz com
que este estado de origem tenha vantagem em recolher outros impostos por causa
da dinâmica econômica pujante. Então, ICMS deve ser de propriedade do destino,
ou seja, do estado e que o cliente está a consumir tal produto. Tem que
discutir isso, caso se queira implantar o IVA – que é uma boa para destravar
pela desburocratização por meio do código tributário nacional.
Investimento:
os presidenciáveis estão a propor qual o melhor tipo de investimento a fazer
para iniciar o processo de recuperação do país. Alguns acreditam em apoiar a
iniciativa privada – com o liberalismo -, outros com o estado motor – com o
desenvolvimentismo. Mas o que poucos entendem é que dá sim para fazer atuações
diferentes, pois as regiões do Brasil são diferenciadas, em que cada região
precisa de um tipo específico de incentivo para que haja crescimento econômico.
Nordeste, Norte e Centro-Oeste, por exemplo, podem receber investimentos “keynesianos”,
diga-se assim, com o estado investindo para fazer o efeito multiplicador. Já as
regiões sul e sudeste podem ter outros tipos de incentivos, como maior ampliação
em políticas de bem-estar, de redução de favelização, entre outros. Não há a
necessidade de aplicar um tipo só de ideologia econômica para o Brasil todo,
sendo que tal aplicação poderá não surtir efeito, pois cada região tem a sua
peculiaridade.
Portanto,
estes são os breves comentários sobre economia, que estavam incomodando o
escritor que vos escreve. Algo superficial, só por curiosidade, mas que há relevância
nas discussões do processo democrático. Até porque tem muita gente falando
bobagem, mas fingindo falar com seriedade tais tópicos em questão. E outros não
possuem nenhuma visão econômica e por isso se calam diante da complexidade
desta ciência social aplicada. A eleição já está aí, na porta, e o debate
eleitoral, para saber tais questões, é fundamental. Está na hora de mudar.
Obs: Lógico que o EUA não tem meta de inflação. Vocês não lembram do tal "tsunami monetário"?
Questões Econômicas: Breve Resenha de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
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