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Pesquisa Eleitoral e Como as Eleições são Vencidas

Por: Júlio César Anjos

As eleições não possuem uma regra para ser vencida. Já se viu eleição ser vencida de toda forma possível. Viradas eleitorais em 1 mês (como no caso do Dória), em 12 dias (caso Jaime Lerner), e até mesmo numa semana (caso Ferreirinha do Requião). Mas quem dizia que tais políticos estavam atrás dos seus adversários antes de se concluir a apuração de votos? As pesquisas eleitorais. E, diante dispositivo legal, toda pesquisa eleitoral traz consigo a seguinte afirmação inútil repassada pela mídia: “Se as eleições fossem hoje...”. Não são. A eleição tem uma data que já é sabida por muita gente. Portanto, as pesquisas realizadas neste momento são meros artifícios para fazer manipulação política/eleitoral.

A eleição de 1988, em Curitiba, estava a dar por vencida pelo candidato apoiado pelo sucessor do Requião, Maurício Fruet. Mas o candidato do PDT [legenda número 12] Jaime Lerner, fez uma campanha eleitoral agressiva, em que dizia que em 12 dias viraria a eleição [porque as pesquisas diziam que daria Fruet]. Mas o milagre só foi realizado porque o marketing do pedetista, na época, mudou totalmente o rumo da campanha, ao trazer a motivação na propaganda eleitoral. Em 12 dias, Jaime Lerner ganhou uma eleição considerada impossível de ser vencida. Portanto, fica a lição, marketing ajuda a ganhar eleição.

Já a eleição de 1990, no segundo turno, para o governo do estado do Paraná, ocorreu o que é considerado a má política, que não pode ser aceita e repetida nunca mais. Trata-se do caso Ferreirinha. Requião, malandro como sempre, trouxe na última semana para o debate eleitoral uma personagem chamada Ferreirinha, que afirmava que o Martinez, à frente nas pesquisas [seria o futuro governador], estava perseguindo os agricultores e os moradores do interior do Estado. Como o “interior faz governador”, esse escândalo correu como rastilho de pólvora, fazendo Requião governador. Mas o mais impressionante é que a eleição não foi anulada nem Requião fora cassado do mandato. O motivo é porque o pemedebista foi muito generoso com o ministério público e os procuradores, diga-se assim. Posto isto, a segunda lição que fica é que Requião usou a técnica de desconstrução de adversário [de forma espúria] para ganhar eleição.

E, por fim, o fenômeno do outsider. Dória em setembro de 2016 tinha 5% de intenções de voto [com margem de erro para menos, teria até mesmo 3%], no estilo de pesquisa eleitoral: “se as eleições fossem hoje”. Em outubro de 2016, dois meses após a pesquisa eleitoral divulgada ao público, Doria ganhou no 1º turno a eleição da prefeitura de São Paulo. Mas, por incrível que pareça, o Doria venceu no primeiro turno porque ganhou os debates, quebrando a ideia de que o marketing o elegeu. O marketing foi agressivo, mas se o candidato tucano escorregasse nas sabatinas e nos debates, poderia ir para o segundo turno e até perderia a eleição porque abriria espaço para adversário adaptar-se. Doria mostrou-se bom de debate. A terceira lição que fica é que o político, ao ser bom orador, retórico e com repertório, consegue convencer o eleitorado e, assim, pode virar eleição, ao ser bom de debate.

Além de tudo isso, uma coisa que chamou a atenção, por ser verdade, foi a constatação do Alckmin, presidenciável pelo PSDB, nesta eleição de 2018, ao dizer que ainda está cedo para fazer previsões eleitorais porque já houve vários pré-candidatos que mal se lançaram e já desistiram da corrida eleitoral. Como nos casos de Luciano Huck e Joaquim Barbosa, que, mesmo com bons percentuais nas pesquisas, desistiram por decisão própria. Até julho muita coisa vai correr, muita coisa vai mudar, então não há necessidade de se apavorar e antecipar corrida eleitoral. No mais, esta eleição é diferente das anteriores porque este pleito não possui uma polarização partidária, possui uma pluralização ideológica, sendo diferente da realizada em 2014, por exemplo, em que já se sabia que Aécio, Dilma e Marina seriam os prováveis presidentes, antecipando a eleição ao natural. Hoje, quem se antecipa corre o risco de queimar largada, ao fazer desgaste de imagem antes da hora, ao até mesmo falar o que não se deve na hora errada.

Deste modo, como as eleições são vencidas? Não se sabe. O que se sabe é que cada qual joga com a sua estratégia que se considera ideal.  

Mas há premissas eleitorais que são inexoráveis, como o político ter uma boa equipe de marketing que consiga identificar e ofertar o que a massa deseja [como no caso do Lerner, ao virar a eleição em 12 dias], saber desconstruir o adversário no momento certo [como o Requião fez, só que de forma ilegal, em uma semana da eleição, mostrando timing], e também o político tem que se ajudar, ao mostrar-se bom de sabatina e debate. Na teoria, tais instrumentalizações, ferramentas e aptidões deveriam determinar vitória na urna presidencial. Mas há as exceções [que, dependendo o que acontecer nesta eleição, poderá virar regra].

A Dilma, por exemplo, em 2014, fez uma péssima campanha eleitoral [se o leitor lembrar, ela até rasgou uma nota de real na inserção de propaganda eleitoral], fez uma desconstrução de imagem na Marina Silva no nível “Ferreirinha”, e fugiu dos debates e das sabatinas. Resultado: ganhou a eleição por se esquivar, só porque era o poste do Lula [levando em conta que o Toffoli não manipulou a contagem de voto]. E nesta eleição de 2018, Bolsonaro foge de sabatinas e debates, frequentando somente bate-papos em espaços confinados com alguns amigos da mídia. E só. E aqui vai um aviso: Bolsonaro não está fugindo dos adversários, está enganando você eleitor. Não é o que diz ser, do mesmo modo que Dilma tinha enganado o eleitorado no passado. Portanto, por conclusão óbvia, Bolsonaro tende a ser a Dilma de farda. Isso já dá pra cravar.

E, por fim, já que as pesquisas vivem errando, qual é então a pesquisa eleitoral confiável? Resposta: a última [ou as três últimas] divulgada antes da eleição. A última será sempre aquela que será discutida na bancada, por cientistas políticos, ao acertar ou errar, tentando decifrar a lógica entre a pesquisa científica e a vontade popular. Ou seja, aquela pesquisa divulgada três dias antes do pleito, esta pesquisa é a mais fiável, pois a sua falibilidade será escrutinada em discussão midiática pós-eleição. Essa última, os institutos não gostam de errar. Mas essas que saem de janeiro até agosto, essas só servem para enganar incautos. E, acredite se quiser, engana sim – tanto é que até agora está a dividir o centro.

   Portanto, como as eleições são vencidas dependem de vários fatores relacionados, mas a verdade mesmo é que quem decide eleição é o eleitor. Todo poder emana do povo. E assim como o eleitor teve toda a liberdade de errar ao votar, por exemplo, na Dilma em 2014, este mesmo eleitorado tem o direito também de corrigir o erro, ao retirar a confiança depositada neste politiqueiro que engana o eleitor para faturar eleição. Mas os eleitores podem facilitar a vida dos entes políticos e tentar não falhar. O desgaste político é assustador. No final das contas, as eleições são vencidas pela sua decisão. É tempo de conscientização. Enfim, eleitor, saiba em quem votar. A democracia agradece.


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Ao fugir dos debates e das sabatinas, Bolsonaro não está fugindo dos seus adversários; ele está fugindo de você, eleitor. E, com isso, mostra-se uma fraude que quer ganhar a eleição na base da omissão. Isso não é boa política e só mostra o caráter do “mito da extrema-direita”. 



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