Por: Júlio César Anjos
Os
países ocidentais – diante das pluralidades gerais – possuem a liberdade para
mudanças eleitorais pelo sufrágio universal, em que se embasa a democracia –
liberdade para dizer e auferir o que pensa -, sem restrição inicial. Ou seja, a
democracia ocidental tem a liberdade de expressão como clausula primordial. Mas,
infelizmente, é justamente neste ambiente que o extremismo tem voz. E, ao invés
de combater-se o extremismo da esquerda que, até outrora era pujante, nestes
novos tempos, tais nações “dobraram a meta”, ao deixarem a extrema-direita
também proliferar. O que antes era apenas um problema de radicalização, agora,
tornou-se dois. É por isso que, neste momento histórico, a extrema-direita na
democracia Ocidental traz ingovernabilidade e desestabilização.
A
extrema-direita aprendeu com a extrema-esquerda técnica de Saul Alinsky. Se
antes a esquerda sabia que era preciso sabotar um governo no poder com ações
de rua, a direita descobriu a mesma coisa, ao ir para a rua fazer manifestação.
Até aí, tudo bem, faz parte do jogo democrático. Mas o que se deve saber é que
existem dois tipos de desestabilizações: a boa e a má. A boa é aquela que fica
só no campo político, sem que isso contamine a dinâmica econômica e/ou social
de uma região. Já a desestabilização má faz instabilidade na política, na
economia, e no social - ao até mesmo gerar motim -, no estilo “quanto pior,
melhor”. O MBL, por exemplo, faz a boa
atividade, enquanto que o grupo intervencionista faz a má.
Posto
isso, de 2015 pra cá, houve uma espécie de onda direitista no mundo ocidental.
O problema é que esse impulso teve muito mais a ver com extremismo do que com pragmatismo.
Seguem exemplos: Nos EUA de Trump, o vilão era todo o progressismo de
homossexualismo, religiões orientais, e migrações, em que tais inserções
sociais foram taxadas e consideradas, de algum modo, culpadas pela queda de PIB,
além de atrapalharem a dinâmica do país, e, com isso, gerou-se perda de
qualidade de vida do americano em geral [é um mito, mas a narrativa pegou]. Já
na Europa, a culpabilidade ficou mais na área de xenofobia e na animosidade de
diferenciação entre nações dentro do bloco da união europeia. Por isso que se
deu até mesmo a saída da Grã-Bretanha no bloco, pelo Brexit. O papo é surreal
de tão absurdo, mas esta narrativa da extrema-direita convenceu e fez Trump
presidente, além de ter convencido o Britânico a sair do bloco europeu.
E
o papo de louco não influenciou só estas duas ações não, mas de forma recorrente
de maneira geral em todo o mundo ocidental. É só verificar os partidos que
estão ganhando terreno na Europa. Seguem:
Movimento
5 Estrelas na Itália é até mesmo antissemita. Patrício na gênesis, este grupo
político considera que todo forasteiro seja considerado vilão [desde o judeu até o islão];
UKIP,
da Grã-Bretanha, movimento que não quer separar só raças, quer separar fronteiras
também por serem separatistas [se pudessem, morariam na lua de tão separatistas
que são];
AFD
(Alternativa para a Alemanha). Esses caras são tão nazistas que a Merkel, do
Partido Cristão, juntou-se com o SPD social democrata marxista, em uma coalizão
histórica [fazendo juntar água e óleo], para impedir a ascensão nazista na Alemanha;
Denaes,
da Espanha, são chamados de extremistas incoerentes. Querem que a Espanha saia
da união europeia porque os espanhóis não são semelhantes como os alemães,
italianos e etc. Pelo menos é lógico o argumento. Mas querem que o catalão, que
é um povo diferente do espanhol, mantenha-se unido na Espanha. Ou seja, fez contra-argumento
no separatismo, mostrando que extremismo é ilógico;
Frente
Nacional, da França, e DIR, da Holanda, são somente xenófobos mesmo.
Republicanos,
Rednecks, após Trump vencer eleição, afastou esse grupo do dia-a-dia da gestão
governamental para não desestabilizar ainda mais a administração do republicano.
Além
disso, o mais engraçado de tudo isso é que o terrorismo islâmico cessou de
forma “espontânea”, o que dissolveu um pouco a narrativa xenófoba no ocidente.
Por que será? Enfim, isso é assunto para outra hora.
Já
não bastasse tudo isso, a extrema-direita brasileira, que não existe como
partido político porque o guru Olavo de Carvalho proibiu a sua criação [deve
estar esperando o partido príncipe], embora exista hoje como movimento de
massa, bate palma para essas vertentes “democráticas” mundo afora, destes
partidos extremistas, que de democráticos não possuem nada. Além disso, foi
este grupo que cevou o movimento intervencionista, ao fazer do militarismo um
sentimento, e usar os caminhoneiros como meros instrumentos políticos, chegando
ao ponto de ser realizado, por este movimento, um motim próximo a uma revolução,
que se condensou neste mês de maio de 2018 no Brasil. Não só bateram palma pra
louco dançar, como fizeram disso uma orquestra da delinquência geral. Saul
Alinsky vive!
Todavia,
se não bastasse à desestabilização provocada pela extrema-direita enquanto
oposição, a falta de uma direita com vigor também pode provocar
ingovernabilidade em um politico eleito de forma isolada. É o caso do Macron,
na França, e o Macri, na Argentina. Embora estes dois presidentes sejam avessos
à esquerda de forma geral, ao estarem no governo de forma distanciada aos
socialistas, tal fenômeno fez com que, mesmo a esquerda cambaleada por
impopularidade, tenha força para gerar ingovernabilidade no politico da direita
de ocasião. E aqui vai o ensinamento básico a quem nega a política: sem base e
capilaridade, político nenhum governa. Ainda mais em país que a esquerda ainda
é existente. Por isso que os candidatos
que não são da esquerda, Macron e Macri, estes dois conseguem fazer o
impossível: dar força para a esquerda mesmo neste cenário apocalíptico para os socialistas na política ocidental.
Já
por outro lado, o extremista no poder, dependendo o que está a modificar, não
governa porque o que se deseja de fato é incompatível com o que era oferecido
em teoria, deixando este extremista em um dilema: radicalizar ou virar político
status quo? Os mais sensatos sempre escolheram a segunda opção. Porque, como é
sabido, no final das contas não se combate zumbis virando um. Porque o “day after”
é implacável; o sujeito que utiliza de fins espúrios como o da esquerda, passa
a também, por causa da incoerência, a não governar. Ou seja, a direita até
copia a esquerda na prática de desestabilização, mas, para desgraça desta nova
vertente de convicção, a ingovernabilidade da direita é no futuro, caso ganhe a
eleição, a sua própria desestabilização. Infelizmente, só a esquerda tem a arte de delinquir.
No
mais, extremismo na democracia não tem futuro. A politica saudável sempre orbita no centro do
espectro político. Mas para o eleitor ser saudável, é preciso disciplinar a
maioria silenciosa de que o extremismo não é o caminho. Ser didático para governar.
Portanto,
a extrema-direita na democracia ocidental está a gerar instabilidade, quando
oposição, e ingovernabilidade, quando governo. Porque o extremismo é
incompatível, no final das contas, com a democracia. Regime este que, pela própria
imperfeição, dá liberdade de expressão para todo mundo, até mesmo àqueles que
querem da democracia apenas findar-se. O mais absurdo não é ver a
extrema-direita expressar suas opiniões totalmente aquém da racionalidade, mas
pessoas ditas democráticas aceitarem absurdos como se fosse algo normal, pois
até possuem inclinação em algum ponto ou outro, dando razão para o extremista
radical. E, deste modo, não adianta jogar a responsabilidade para terceiros,
pois, este problema é do próprio eleitor. É preciso mudar.
__________
Logo
eu que nunca acreditei em sincronismos históricos, fui surpreendido em achar
que esse levante da extrema-direita, na democracia ocidental, fosse algo gerado
espontaneamente por causa da liberdade de expressão – e do desgaste natural das
esquerdas nestes países em questão -, ao não ver intriga em curso, mesmo eu
sabendo que coincidência em política não existe. Pagarei caro esse atraso, por
isso começo retardatário na corrida eleitoral de 2018. Mas ainda dá tempo de
consertar este estrago no Brasil e no mundo, embora não se saiba se dará pra
reverter a tempo nesta eleição. Farejo manipulação global para elevar esta
direita. Só não entendo, por hora, o propósito.
Começar
a observar de perto essa tal de Heritage Foundation.
Extrema-Direita na Democracia Ocidental: Ingovernabilidade e Desestabilização de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
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