O Filósofo Aqualung de Jethro Tull

Por: Júlio César Anjos

“Aqualung, meu amigo, não comece a ficar intranquilo. Seu pobre velho tolo, veja, sou só eu” - O Ceifador da Morte.
Música: Aqualung - Jethro Tull      

Aqualung de Jethro Tull conta a história de um longevo mendigo que, mesmo em condição deplorável, não perde a mania de ser tarado ao observar as mocinhas ao seu redor, mesmo sabendo que nada pode fazer porque não é mais novinho e a sua vida está perto do fim. Ou seja, é um peixe fora d’água [ou, melhor dizendo, uma pessoa submersa em um Aqualung – dispositivo para fazer submersão em águas profundas].

O Aqualung não pode mais interagir, pois não faz parte daquele lugar, porque o seu tempo já passou, não adianta ficar suspirando pelo Suplício de Tântalo, no estilo: “tão longe e tão perto”, maldição daqueles que conhecem, mas não podem desfrutar daquilo que é sabido porque o objeto de desejo não está mais ao seu alcance.

Deste modo, no Brasil, o filósofo da moda comporta-se como o Aqualung de Jethro Tull. Próximo da sua jornada espiritual, por também ser longevo, mesmo com dificuldades de pós-operatório, o pensador da direita dá a fazer embates sobre questões de natureza sexual. É o saudosismo daquele que nunca pôde desfrutar dos prazeres da vida porque sempre foi cárcere da sua própria masmorra de convenção moral. Então, o dito cujo anda a criar estórias fantásticas sobre a sua juventude transviada, que soa tão falsa que na verdade acredita-se, com certeza, ser fantasiosa.

É insistente na narrativa forjada de seu próprio molde. Meticuloso, discute sobre questão de libido com Márcia Tiburi. Espetaculoso, vê beleza até na Marilena Chaui. Mas a verdade é que o sadismo deste tudista, que acredita ser polímata, transfigura numa caricatura de que esse pseudo-filósofo nada mais é do que uma personagem parecida com a do “Fifo” da Praça é Nossa. Não mais do que isso. Dá pitaco em tudo, não se aprofunda em nada, e continua a enganar incautos com a sua profusão sexual e intelectual inexiste. E, neste caso, nem Freud explica.

O problema de colocar o sexo como bandeira política é que faz os extremos estragarem as relações sociais de forma arrasadora. A extrema-esquerda faz sexo de mais, enquanto que a extrema-direita, de menos. E deste modo, aquilo que é periférico no dia-a-dia normal das pessoas, acaba sendo o centro dos debates, levando a sério aquilo que no mais é somente uma prática natural. Esses heteróclitos não entendem que sexo é apenas algo de foro intimo e personalíssimo.

Mas o duro mesmo é ter que “ouvir esses ‘trap’ de quem nunca trepou”, ou que até fez em alguns momentos da vida essa necessidade fisiológica natural, haja vista que basta observar que o dito cujo ao menos atendeu a bíblia: “procriai e multiplicai”, porém, com a própria impossibilidade de continuar tal atividade [física e mental], quer que ninguém pratique mais ato sexual. Preconceito, ofensa, rotulação e ironia satisfazem como ferramentas para que o considerado notável-excelente da nova vertente moral consiga implantar, de forma sensacional, um cinto de castidade conceitual, a nível nacional.

Todavia, esse senhor comporta-se como uma espécie de Marquês de Sade de reacionários eunucos. O guru acredita que as libertinagens transcritas em mídias sociais estão próximas da elevação de um clássico literário. Por isso que todo momento confunde 120 caracteres da mais profunda “autoria”, da sua pseudo-putaria, com a obra-prima 120 dias de Sodomia, do escritor sadista. Este Cristão-Conservador fica contentinho em recitar a sua hipotética travessura de tempo juvenil. Mas se um marxista tenta contar as próprias experiências similares às supostamente vivenciadas pelo pensador da extrema-direita, esta pessoa é rotulada como uma profana infantil. E deveria ir para a fogueira do século XXI – a impopularidade da “lepra política”. 

Portanto, chega-se à conclusão: este filósofo da direita, ao identificar a existência do "ânus" como o micro e o macrocosmo de tudo [tudo é "c* para esse cidadão, tarado por brioco], não passa de um fiscal da vida alheia; é Aqualung de Jethro Tull!



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