Por: Júlio César Anjos
Geraldo
Alckmin está certo em jogar parado. Também está certo em ser parcimonioso na
questão dos caminhoneiros, fleumático e racional sobre os aspectos de caos que
o Brasil vivencia, ao mostrar o seu posicionamento e comportamento natural de
mediador de conflitos. Porque, em era de extremos, mostrar-se diferente é
essencial.
Os
cães extremistas ladram nas ruas para não deixar a caravana da riqueza do país passar.
Eles querem o caos. Mas eles quem? Os extremistas tanto da direita – que querem
intervenção militar – quanto da esquerda – que agem no conceito “quanto pior,
melhor”. Os dois grupos acham que, após a eleição ser finalizada, havendo um
ganhador, as coisas se normatizariam espontaneamente, dando governabilidade
para um candidato extremista de ocasião. Não governariam não. Se ganhar um
extremista, seja ele quem for, o outro lado extremista incomodará a
governabilidade deste radical vencedor sem parar. Pura questão de lógica.
Deste
modo, pelo pensamento pueril, não há nesta eleição um portal para o paraíso que
irá se fechar, isto é mistura de ilusão com romantismo. A realidade é dura. É por
isso que a maioria silenciosa terá que se posicionar a favor do político que
queira resolver as coisas de forma pacífica, tranquila, articulando,
conversando para se chegar a um denominador comum. Se a maioria silenciosa der
vitória para um extremista, faz-se um presidente radical e o ensinamento social
será de que o povo, de uma forma geral, flerta com a tirania. Ou seja, se a
maioria silenciosa for didática ao ponto de mostrar aos extremistas que essa
estratégia radical não leva a nada, aí o Brasil tem chance de melhorar. É nisso
que os tucanos irão apostar.
É
por isso que Alckmin tem que se mostrar diferente. Até mesmo para dar opção
para a maioria silenciosa. Pois, se Alckmin também se radicaliza, a maioria
silenciosa poderá arranjar como desculpa que não havia opção a escolher no
pleito. Com o Alckmin mostrando diferença visível até mesmo no aspecto
comportamental, essa muleta de falta de escolha cai por terra, colocando mais responsabilidade
ainda no eleitorado, até mesmo para o povo ser cobrado pós-pleito, caso um
extremista leve a eleição e comece a fazer bobagem. É até uma válvula de escape
e um desafogo político mostrar-se diferente neste momento em questão.
Além
do didatismo do eleitorado da maioria silenciosa em mostrar que o extremismo na
política não funciona, pois ensinará que não se materializa em vitória na urna
este sentimento de cólera, outro aspecto estratégico se dará no caso da física de
anular forças opostas. Se o eleitor não quer radicalismo, a tendência é o eleitorado
disciplinar a figura pública, pois político só oferta o que o povo demanda,
tornando este político extremista refém da sua própria ânsia. E, a partir daí,
a rejeição popular se faria natural ao extremista que só quer bater palma pra
louco dançar. Já pensou esses extremistas terem tudo que “tucanar”? Seria o
inferno para esses sem noção. E uma salvação para o país.
Neste caso, o certo a fazer é disciplinar o
eleitorado para reagir positivamente na política. E como já é sabido a todos,
essa loucura na rua foi atiçada nas redes. Desta forma, divulgar ao público a
investigação de radicalização é fundamental. Para fazer isso, basta mostrar aos
internautas que a perseguição a políticos como os tucanos se dá em bullying na internet, com
comentários nocivos e negativação de comentário de texto e/ou vídeo para inibir
o debate eleitoral, impedindo o político sensato ser ouvido, diante da poluição
do ódio virtual. Mensagens de texto ou vídeo que tenha muita negativação e comentário
sedicioso devem ser mostradas como perseguição daqueles que querem fazer da
política um pardieiro, ao fazer o ”efeito manada”, para que o povo siga gente
alheia à democracia. Isso tornará Alckmin diferente por mostrar-se um
perseguido político - os extremistas o odiaria, e isso é bom para narrativa e ilustração.
Outra
demonstração de diferenciação pode ser copiada naquilo que ocorreu na época da
ditadura militar, em 31 de Outubro 1975, na Praça da Sé. Enquanto que nos
quarteis havia delinquência, com torturas e assassinatos ocultados como meros
suicídios, a oposição estudantil marchou junto com a igreja, no caso da morte
do jornalista Herzog, em que fez com que tais entes realizassem uma
manifestação pacífica, calma, sem hostilidade na sua forma político/eleitoral,
ao mostrar para a sociedade que aquele movimento passasse a encarnar a ordem e
a decência, sendo antagônico à desordem e a indecência da “tigrada” no poder. Esses
estudantes, depois, criaram o jornal chamado Avesso [que criticava o comunismo
e a ditadura militar]. É isso que o Alckmin deve encarnar, ao mostrar-se
ordeiro e decente, nem comunista nem ditadura militar. Ou seja, diferenciação.
Até
porque Geraldo Alckmin está certo porque é a certeza nesta eleição. É o certo
pelo duvidoso, pois, ao fazer um ótimo governo em um país chamado São Paulo,
credencia-se a ser presidente do Brasil. Mas aí, alguém dirá: "Bolsonaro
lidera na terra do Alckmin”. É verdade. Mas também é verdade que esse número eleitoral
é fruto deste extremismo que está na rua, agora, reivindicando sabe-se lá o
quê. E quem planta tempestade, colhe tempestade. Bolsonaro, extremista, não
governa. Já Geraldo Alckmin, pelos pontos apresentados no texto, terá
governabilidade porque, caso reverta os indicadores eleitorais, o povo assim
desejará. Simples assim.
A
tendência é que, ao afunilar o debate eleitoral, a maioria silenciosa irá
colocar o Alckmin no segundo turno. E no segundo turno, vencerá a eleição. Porque
o extremista derrotado no primeiro turno, no segundo turno fará a baldeação
para os tucanos. Então, Alckmin tem a difícil missão de ir para o segundo
turno; mas terá a fácil missão de ganhar eleição.
Portanto,
Geraldo Alckmin faz bem em jogar parado, em manter-se contido, que é próprio da
sua natureza, além de mostrar ser diferente dos raivosos populistas que querem,
por meio de esculhambação, governar o país – sendo que não vão. É preciso usar
a mesma tática do movimento estudantil que, na era de exceção, tinha uma nova
forma de pensar, ao colocar as ideias e formar um jornal chamado Avesso, que
era contra os comunistas e também contra os ditadores militares. E, para isso,
o movimento tonou-se a elevação moral do momento por não serem raivosos, por
não serem extremistas de antemão. Alckmin deve se espelhar nisso. É tempo de
paz. E que o eleitorado seja sensato na eleição.
Fonte:
Curiosidade
sobre o jornal Avesso: Desprezavam os ícones que simbolizavam trinta anos de
hegemonia do Partidão na cultura brasileira. Portinari era um mau pintor, Jorge
Amado, escritor banal. Ao sambão preferiam o rock, à poesia engajada do CPC da
UNE, a lírica de Mario Faustino. O horror ao “nacional-popular” levava-os a ver
na canção “caminhando”, de Geraldo Vandré, mera demagogia. O título do jornal
que imprimiam refletia a essência de suas ideias: Avesso. [Livro 4: Ditadura Encurralada,
pág.: 179, Elio Gaspari].
Geraldo Alckmin está Certo porque é a Certeza nesta Eleição de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.
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