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Eleição 2018: Cada ente político carrega o seu fardo histórico

Por: Júlio César Anjos 

 Esta eleição de 2018, mesmo com uma quantidade absurda de pré-candidatos, terá em seu fim o afunilamento dos três nomes mais importantes, cada qual no seu posicionamento do espectro político, que serão: Ciro Gomes, pela esquerda; Geraldo Alckmin pelo centro; e Bolsonaro pela direita. E, sendo assim, cada qual terá que conduzir o legado de um pretérito materializado, em que o político enviesado será cobrado pelo seu passado ideológico em questão. Ou seja, neste pleito em questão, cada ente politico carrega o seu fardo histórico.

Dos três candidatos citados no parágrafo anterior, o mais “status quo” é o Ciro Gomes. Embora tente sustentar em campanha que seja um candidato diferente, é o representante da esquerda recente e remanescente da vertente socialista, em que, nesta eleição, propõe como solução retomar as práticas de Dilma, o modelo do bolivarianismo que naufragou. Ou seja, Ciro Gomes propõe, para encerrar a crise provocada pela Dilma, instaurar mais padrão Dilma ainda de sistema desenvolvimentista bolivariano. Mas o problema, além desta norma ser considerada obsoleta, é o que este sistema traz consigo, pela fusão maquiavélica entre capitalistas e o Estado [políticos e seus agentes], faz deste padrão uma junção perversa de corrupção que o brasileiro rejeita de forma acertada, pois o nacionalista detectou o problema de que o PT roubou para se manter no poder. Em suma, Ciro Gomes levará consigo o bolivarianismo que roubou para se manter no poder. Ciro Gomes pode até renunciar esse passado ao dizer que essa cruz carregada não o pertence. Em vista disso, como não há escolha sem renúncia, tal decisão poderá fazer também o candidato do PDT perder este enorme filão eleitoral.  

Já o Alckmin possui o problema de somente ser tucano. Porque a elite não gosta do Fernando Henrique Cardoso [FHC]. E o motivo é simples: O FHC, quando fez o plano real, acabou com a alegria dos rentistas que faziam dinheiro do nada, do dia pra noite, somente ao aplicar em overnight [acabou com a bagunça monetária] e similares financeiros. E também, até 1999, ter mantido a paridade de real/dólar de 1:1 [um real valia um dólar], tal decisão fez a indústria e o serviço nacional sofrerem com a concorrência internacional “desleal”. Ou seja, o FHC mexeu em ações estruturantes econômicas para fazer o pobre e a classe média-baixa terem renda maior, ao passo que isso enfezou a elite brasileira. Sem falar que o ex-presidente tucano também acabou com a mamata de alguns nababos da elite estatal, ao praticar privatização, além de dificultar a bagunça por aumento de ordenado além do razoável para os funcionários de alto escalão, pela responsabilidade fiscal. Deste modo, pela profundidade das mudanças no governo tucano, os 8 anos de FHC pareceram 80 anos, diante de tanta mudança que a era social-democrata fez acontecer na década de 90. Portanto, a elite fará a oposição lacerdista/institucional no Alckmin, em que: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Basta ver que há denúncias esquisitas contra Alckmin desde já. Isso é a tal da democracia para a elite brasileira. Entretanto, Alckmin pode driblar este problema ao convencer a elite que os tempos são outros e que não será FHC quem irá governar.     

E, por fim, o Bolsonaro traz consigo a pecha do militarismo linha-dura, de repressão e ditadura, modelo totalitário incompatível com a democracia.  O problema do “mito da extrema-direita” é que ele tem o que é chamado na psicologia de “sentimento de pertencimento”, defeito psíquico que faz com que o parlamentar sempre esteja do lado do militar nos acontecimentos do dia-a-dia. Bolsonaro é mais militar do que família, ao dizer que, como pai, surraria o filho, caso ele fosse gay. Bolsonaro é mais militar do que parlamentar ao defender mais os interesses dos fardados, ao não fazer, por exemplo, uma misera crítica e/ou reflexão a respeito da milícia carioca [que em parte é a polícia ruim] porque os delinquentes são uma forma de braço armado do estado [companheiros de caminhada]. E Bolsonaro será mais militar do que presidente, caso seja eleito chefe de estado na eleição que virá, pois não faz critica sobre os militares diante os acontecimentos do passado, em que o exército chegou até a matar para se manter no poder, dando até mesmo a entender, pelos discursos, que os militares estavam certos em praticar aquelas ações para defender o regime naquela época em questão. E é justamente esse sentimento de pertencimento que fez com que, no passado, a “tigrada” do Fleury realizasse práticas até mesmo hediondas na ditadura militar, assim como a “tigrada da esquerda” dos dias atuais, as milícias cariocas, não são contestadas de uma forma mais voraz porque, para o Bolsonaro, militar defende militar, pois todos os fardados são iguais.

Portanto, Ciro Gomes tem como carga política da esquerda o fardo histórico do bolivarianismo que roubou para se manter no poder; o Alckmin sofre com a elite com reminiscência da era FHC que faz os tucanos serem acossados pelas instituições no âmbito da eleição presidencial; e Bolsonaro tem a pecha de autoritário que flerta com totalitarismo. Por isso que Ciro Gomes acerta em dizer que o PSDB tem dificuldade para voltar ao executivo nacional, mas erra em apontar o problema como sendo a má governabilidade, sendo que a dificuldade está na impugnação da elite em aceitar a democracia e deixar o tucano voar. E Bolsonaro também está certo quando diz que prefere o PMDB ao PT, pois aquele quer roubar só a carteira, enquanto que este quer roubar a liberdade. Todavia, Bolsonaro esquece-se, ou finge esquecer, de mencionar que o militar, quando esteve no comando da nação, matou para tentar se perpetuar no poder. Em suma, essa é a eleição em que cada ente politico carrega o seu fardo histórico. Que o eleitor possa e consiga votar no melhor candidato que possa conduzir o Brasil para um futuro promissor.

Obs1: Neoliberalismo não existe. O que existe é perseguição aos tucanos por serem social-democratas.

Obs2: Bolsonaro tem o chamado “sentimento de pertencimento” da psicologia. Isso corrói a alma do indivíduo que, ao defender os pares sobre qualquer coisa, aceita como normativa absurdos acometidos na ditadura militar, ao banalizar crimes hediondos [tortura e assassinato político], mostrando que o candidato mais bem ranqueado nas pesquisas eleitorais, ao tirar o Lula da corrida presidencial, é psicologicamente desequilibrado e isso tende a ser um perigo para a nação.

Obs3: Não dê mais poder pra quem já tem.


Fica o Aviso: entre o “roubar para se manter no poder” e o “matar para se manter no poder”, eu fico com o melhor gestor do Brasil. Geraldo Alckmin Presidente.



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Comentários

  1. Só um adendo: sentimento de pertencimento no sentido de necessidade de pertencimento de Maslow.

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