Por:
Júlio César Anjos
“Se não for possível o sabor do fruto,
ao menos que nos sobre o aroma da flor; Se não pudermos contar com o aroma da
flor, que nos sobre pelo menos a beleza do orvalho sobre a folha; Mas se nem
isso for possível, que nos fique o vigor da multiplicação contida na semente,
assim como a esperança será o nome deste partido que nasce hoje.” – Mário Covas, sobre a criação do PSDB.
É
tempo de incertezas. Dólar chegando a r$ 4,00 (quatro reais), o crescimento do PIB
naufragando, a dinâmica econômica estagnada, além de falta de perspectiva do
brasileiro diante do desgaste político de um modelo de PMDB/PT que se esgotou
de forma salutar. Então, a esperança está na eleição. O pleito de 2018,
portanto, sem nenhuma lógica racional, virou uma espécie de portal para o paraíso
que irá se fechar. É por isso que, até lá, o povo contenta-se em ficar
parcimonioso porque acredita de forma pueril que somente a eleição poderá fazer
tudo mudar. De todo modo, o problema, por incrível que pareça, não está no
possível vencedor da eleição presidencial, mas de qual tipo de oposição, no
futuro, irá se formar. E é sobre os tipos de oposição que este texto irá se
aprofundar.
No
Brasil, na história politica recente, houve/há praticamente 3 tipos de
oposições: 1) A Lacerdista/Institucional; 2) A Petista; 3) A Tucana.
A
oposição do Lacerda é aquela conferida no episódio em que o jornalista dialoga com o
Getúlio. Segue: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se
eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Essa é a
oposição mais do campo institucional, que vive de acossar político, que não
quer candidato A ou B no poder porque esse sujeito tem um viés ou um estilo que
o sistema não gosta. Não precisa ser gênio pra saber que a lava-jato, que não é
só da competência do Sergio Moro [se fosse, tudo estaria tranquilo], faz esse
tipo de oposição Lacerdista contra alguns políticos brasileiros. E a isso,
Reinaldo Azevedo, acertadamente, denominou de PAPOL [Partido da Polícia]. O Lacerda,
por se portar deste jeito radical, tinha como alcunha nos corredores do poder
de o Corvo. Apelido bem dado por sinal.
Já
a oposição do PT é conhecida, é aquela do “quanto pior melhor”. É a bagunça em
forma de indignação, é daquela configuração: “farinha pouca, meu pirão primeiro”,
oposição hidrófoba que no fim só quer algum benefício estatal, que só quer uma
teta pra mamar. É só ver que o PT, por exemplo, quando oposição, foi contra a constituição,
o plano real, a lei de responsabilidade fiscal e tudo que fosse bom para o
país. Só que o paradoxo é perverso, pois, quando governo, este grupo queria
aliança e até criou junção com partidos ideologicamente antagônicos, chamando
esse Frankenstein de política de coalizão. Ou seja, só os vermelhos podiam, na
cabeça destes lesados, ser a oposição raivosa; os outros, não. Mas, para a
tristeza dos comunas, agora, a esquerda não sabe o que fazer sobre o nascituro
dos raivosos da direita, que se comportam como os petistas num passado não
muito distante. Seria engraçado se não fosse trágico. É mais uma oposição
hidrófoba em ascensão.
E,
por fim, a oposição Tucana. Bom, a oposição tucana é aquela só de seara
parlamentar, em que os correligionários desta vertente tenderiam a serem
favoráveis ou contrários a uma pauta em questão pela simples divergência ideológica
ou de gestão. E só. É a boa oposição porque dá governabilidade. Só que o PSDB
foi entubado pelos extremistas, tanto da direita quanto da esquerda, porque, no
impeachment da Dilma, a extrema-direita acusou os tucanos de serem alinhados
aos petistas e a extrema-esquerda, que os social-democratas eram golpistas. Mas o
fato é que o PSDB foi utilitarista neste momento histórico: só ofertou, no momento
certo, o que o povo demandou. E o PSDB, também, por se comportar racionalmente,
virou até mesmo verbo proferido pelos radicais, pois, quando o político é
sensato e racional, o extremista diz que esse parlamentar “tucanou”.
Por
causa desta configuração contraditória, o Temer, por exemplo, está com essas 3
oposições, [a petista, a lacerdista e a tucana]; e por isso não governa. Porque
as oposições Lacerdistas/institucionais [PAPOL] e as petistas do quanto pior
melhor são muito, mas muito maiores mesmo que a oposição enfraquecida tucana de
governabilidade - somado com a base de apoio do centrão. O problema é que isso
se reflete no mercado, pois, enquanto o mundo anda em ar de bonança econômica e
politicamente até certo ponto com paz mundial, o Brasil está num azedume
estrutural e conjuntural em vários fatores, a saber: que vão desde o
esgotamento do modelo PT/PMDB até as oposições PAPOL e a petistas, que acossam
sem parar. Deste modo, para corrigir um pouco esse desarranjo, a solução seria
o parlamentarismo. Mas o parlamentarismo o PAPOL e os Hidrófobos não querem nem
a pau.
Alinhado
a isso, configura-se então que o mercado mapeou justamente este problema em
questão, essa falta de governabilidade mais voltada pelas oposições, tanto a
institucional do PAPOL quanto dos petistas hidrófobos, que garantem estremecer
os governos, assim como foram estremecidos os mandatos de Dilma e Temer. É por
isso que o dólar está indo a 4 reais, a economia patina e por aí vai. E se for analisar
que o mito da extrema-direita tem chance de ganhar o pleito, mesmo sem fazer “carta
ao povo brasileiro” porque é mais orgulhoso que o mito petista, aí então que o
day after eleitoral tende a ser totalmente pessimista mesmo.
Deste
modo, recentemente o presidenciável Ciro Gomes disse que o PSDB como oposição não
seria um entrave ao seu governo, sendo o inverso também verdadeiro, o líder do
PDT também não seria radical como oposição, o que é fato. A oposição ficaria
relacionada somente em questões pontuais de ideologia e diretriz política, mas
nada que seja extremista ao ponto de gerar turbulência geral. Mas o problema
recai, de novo, nas outras duas oposições, as que já foram mencionadas e
repetidas inúmeras vezes neste texto, a oposição lacerdista/institucional do
PAPOL e a hidrófoba do PT – que, aliás, o Ciro Gomes já está enfrentando
resistência desde já por parte das viúvas do Lula.
Portanto,
estes são os 3 tipos de oposições que o Brasil possui atualmente e que poderá
afetar a governabilidade de quem vencer o pleito de 2018. Os mercados já dão
sinais de que poderá haver ingovernabilidade do futuro presidente porque as
oposições do PAPOL [lacerdista/institucional] e dos hidrófobos do PT são
destrutivos para o bom andar da gestão governamental. Sendo assim, dependendo da
configuração da aberração legislativa, somado com interesses alheios à
democracia das instituições corroídas do Brasil, perder a eleição seria até
mesmo um livramento. E é por isso que o PSDB, por hora, “joga parado”, ao não
dar ares de que vai se aprofundar na campanha eleitoral, pois as forças
destruidoras não querem que o país tenha um futuro promissor. É por isso que,
agora, o mais inteligente é esperar para ver no que vai dar.
Enfim,
é por este motivo que o pleito de 2018 é rotulado como a eleição da incerteza. É
tempo de incertezas.
Cenário eleitoral: Os 3 Tipos de Oposições e a Dificuldade em Governar de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: