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Programa de Governo, Cadê?

Por: Júlio César Anjos

Todo político que deseja concorrer a uma eleição executiva, seja ela municipal, estadual, ou federal, deve ter um conjunto de propostas para os eleitores, o que é chamado de “programa de governo”. É notório saber também que, desde sindico de prédio até executivo de multinacional, qualquer pessoa que queira exercer função de tomada de decisão deve ter algum plano escrito num esboço, que é a proposta pensada por este ente, carta de intenção transpassada num papel – e realizada, caso esteja apto a começar a realizar e executar os seus ideais. Então, criar este documento é fundamental em se tratando de executivo [quanto mais o político que almeja a faixa presidencial]. Por este modo, as eleições já batem à porta das campanhas eleitorais, fazendo, assim, a cobrança natural para os presidenciáveis mostrarem as suas propostas de governo, tornando-se a corrida eleitoral algo transparente ao eleitorado.

Mas, antes de continuar ao raciocínio da documentação formal de campanha eleitoral, que se faça uma breve análise sobre as definições de: “Regime Político”; “Forma de Governo”; e “Sistema de Governo”.  De forma binária e simples, “Forma de Governo” é Monarquia ou República, “Regime Político” é Democracia ou Tirania; e “Sistema de Governo” é Parlamentarismo ou Presidencialismo.  Até porque sem estes entendimentos não há como fazer um programa de governo sem que haja ruptura, caso queira fazer a mudança geral.  Já que o candidato que queira representar o novo, almejando uma “disrupção” completa, tem que colocar também no papel como fará isso, para não ser considerado um político hipócrita na corrida eleitoral.

Voltando ao assunto, o site: “O Antagonista” exibiu uma entrevista realizada a um sujeito com o perfil lânguido e de trejeito um tanto quanto canhestro, tal de General Heleno, ao mimetizar sobre a defesa do candidato Bolsonaro, na questão de que o candidato da extrema-direita não tem “programa de governo” a apresentar [vídeo no fim do parágrafo]. Neste sentido, o General vem com a seguinte pérola: “No quadro político atual, não vejo ninguém melhor que ele [...] ele terá um programa de governo, todo mundo cobra isso... Não cobraram de outros, mas dele toda hora cobra”. Cobra-se toda hora do Bolsonaro programa de governo por uma simples razão: é o único politiqueiro que nunca administrou nada. E justamente por nunca ter administrado nada que a premissa do Heleno de “não vejo ninguém melhor que ele” é falso. O povo quer saber: Bolsonaro vai fazer ruptura ou manterá o sistema vigente de Regime político democrático, forma de governo republicano, e sistema de governo presidencialista? Pra quem se diz o “diferente de tudo que está aí”, há de se cobrar estas questões, sim!



General Heleno defendendo o "mito" (1h1m2s). 
Mas já que o Heleno indagou como absurdo a falta de programa de governo diante todos os concorrentes presidenciáveis, então saber qual é o programa de governo, por exemplo, de Alckmin deve ser respondida de forma clara e límpida. O programa de governo do Alckmin é a execução de governo como governador de São Paulo, ou seja, já está colocando em prática o que já foi posto no papel, em campanha anterior. O PSDB, também, ao ter feito no passado até presidente, governando hoje prefeituras e estados Brasil afora, com os documentos do partido expostos na web, tudo isso mostra que todo candidato do PSDB É O GOVERNO [no modelo atual].  E como governar o Estado de São Paulo é governar um país, então, Alckmin ser presidente do Brasil é somente subir um degrau. O PSDB é social democrata, é a vertente politica que está de acordo com tripartição de poder, da “Forma de Governo” Republicana, do “Regime Político” Democrático, e do “Sistema de Governo” Presidencialista – embora queira o parlamentarismo, a vertente já está adaptada ao presidencialismo.

Agora, o que se espera do mito da extrema-direita? Até o momento, só o que se sabe é que o politiqueiro tem 30 anos de legislativo sem conseguir fazer política, pois só aprovou dois projetos desde que está no congresso. Parlamentar omisso e, como candidato, não propõe nada, em que o seu programa de governo é somente a mão abanando. O seu partido também é um coletivo de “nadas”. Até agora não colocou nada no papel e não apresentou nada para o eleitorado em geral, o povo brasileiro. Bolsonaro representa ruptura política ou faz parte do continuísmo da velha política que tanto criticou? Cadê o messianismo proposto em papel? O mundo espera ansioso por isso.

Ainda mais em tempo em que até ex-presidente está indo preso por ser desonesto, o fato é que nesta nova era o político tem que ser ao menos transparente e falar de forma clara, ao menos ser honesto com o próprio eleitorado. Ficar com a mão abanando, só jogando pedra nos outros, fazendo da política um circo, batendo palma pra louco dançar, isso é fácil fazer, não é algo tão extraordinário. Agora, articular politicamente com os setores das comunidades, propor soluções possíveis, dialogar com a sociedade o que se deve fazer diante diretrizes, isso é fazer política, coisa que Bolsonaro está mostrando, até agora, que não sabe fazer.

 Portanto, só o que se sabe até agora é que o Bolsonaro é um aventureiro. Surfa num antipetismo que já até saiu do circuito politico porque Lula nem candidato poderá mais ser. O político da extrema-direita só faz populismo, cria um messianismo e torna-se a cada dia o que mais teme: uma espécie de “Lula do lado de lá”. Mas Bolsonaro não entregará nada porque não prometeu nada, mesmo os eleitores radicais achando que o mito “vai fazer acontecer”. É o limbo dos esperançosos que acham que essa figura caricata poderá fazer o Brasil ir a um novo patamar. Mas não compreendem que o politiqueiro anda de mão abanando. Não é o que diz ser. Eis, então, que se pergunta: Programa de governo, cadê?


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  Obs: É possível reverter o eleitor momentâneo do Bolsonaro para o retorno ao tucanato? Resposta: Sim.

E o exemplo é conhecido: Luis Miranda.

Luis Miranda é um rapaz conhecido nas redes por comparar a qualidade de vida do brasileiro ao americano.

Este rapaz disse que, se o Bolsonaro não prometesse nada para a região dele, ele estaria inclinado a começar a apoiar o Ciro Gomes.

Luis Miranda está errado neste posicionamento? De jeito nenhum. Até porque o Bolsonaro está com a mão abanando, não mostra projeto nenhum. Quem não propõe nada não entrega nada.

Vários Mirandas aparecerão na eleição e cabe a cada político, diante as idiossincrasias, estabelecer o que é melhor para cada região. Isso é articulação política.





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