Por: Júlio César Anjos
Sabe
essa força invisível que faz você buscar informação? É a força que diz que você não está convicta
sobre nada na vida. E isso é bom. Porque talvez a sua procura não seja em vão. A
sua consciência faz você ficar incomodada e, com isso, sair do status quo, da
inércia que o sistema quer que você se mantenha. Deste modo, você se pega em
meio a madruga navegando na internet, procurando respostas, frustrada pelo o
que já possui ao seu dispor. E, por conseguinte, você descobre este blog, que
fala sobre política e satisfaz um pouco a sua ânsia de obter alternativas fora
do mainstream, por ser um meio de comunicação outsider político/eleitoral.
Mas
você luta contra as suas programações sociais, os seus gatilhos mentais, pois
você foi programada para pensar conforme a manada. E como a manada de hoje
clama por heróis, por salvadores da pátria, alguém falar que isso não é
possível soa estranho ao seu consciente que já está acostumado a pensar e agir
de forma igual. E por isso você se dará conta e chegará à conclusão que com a política como “arte do possível” o país não chegará a lugar
nenhum. E eu digo a você: Sim, a política é a arte do possível. A política
também é a arte da articulação, da relação de negócio e da conversa para chegar
a um objetivo comum. A política só não é a arte do possível àqueles que já são
tiranos – e por isso quer que você clame por eles – ou populistas que é sabido
que já estão enganando você de prontidão. E é sobre esta enganação que você
quer desvencilhar-se, ao buscar alternativas de informações.
O problema é que o sistema é incansável e mandará
você ser reacionária. Mas o reacionarismo do sistema não é a boa reação, como
aquela da música “À Primeira Vista” do Chico Cesar. Não, não, não, o reacionarismo
do sistema é aquele que confunde você, o da raiva que gera cisão, da confusão
entre ódio e indignação, que faz você brigar com os seus pares – no dia-a-dia,
até mesmo com familiares - porque o sistema quer que você não apenas queira
fazer parte desta pseudo luta política, como também quer fazer com que você queira
“morrer” por um ideal. E você acaba se dando conta que está brigando por um
político ou outro que não vale nada, não passam de charlatões. Mas como você se sente momentaneamente sozinha
contra esta alienação, você acaba embarcando em certas divisões. E aí você
acaba virando refém da turma que quer dividir para conquistar. Você virou peã.
Não
bastasse tudo isso, você ainda é massacrada por informações apocalípticas provocadas
pelo sistema que quer dividir para conquistar, que faz você achar que se deve
mesmo apoiar um herói, um mito, um salvador-da-pátria, porque o sistema diz a
você que a eleição de 2018 será uma espécie de “portal para o paraíso” que irá
se fechar, mantendo, assim, o inferno à sua disposição. Então, você se assusta.
E, tudo aquilo que você percebe como solução instantânea, você compra como
solução definitiva. Com essa confusão
toda, você começa a acreditar que não existe oposição, que você está protegida
pelas instituições, e que tudo será resolvido na eleição. E aí você cai justamente
no golpe deste pensamento inocente que o sistema quer que você pense. Tudo pensado
para você cair nesta armadilha sem noção.
Mas
você veio até mim por causa do chamado. Só que o paradoxo é perverso: você pode
estar sendo enganada porque eu posso ser também do sistema. E posso também
escrever, de outra forma, coisas que você queira ler, que sejam aprazíveis a você,
pois eu sou o outro lado do poder. Porque toda essa força motriz que fez você
desconfiar do sistema, e buscar outras informações fora da curva, pode fazer
com que você desconfie de mim. E, assim sendo, eu não passaria de mais um
embuste que quer convencer você a associar-se ao sistema por adoção. Eu seria
também mais um charlatão. E a sua busca pela verdade seria em vão. Portanto, eu
posso estar mentindo pra você. Posso fazer parte do sistema e ser o vilão. E
você estará numa difícil decisão: em quem confiar? E você conclui: o sistema
domina tudo. Só
que você não pode esquecer-se disso: você veio até mim. E eu tenho o que
dizer a você. Porque o único fato de tudo isso é: que você quer acreditar só naquilo
que você quer enxergar. E, por isso, talvez eu seja a sua solução.
O chamado.
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O chamado.
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À
Primeira Vista – Chico Cesar:
Quando
chegou carta, abri
Quando
ouvi Prince, dancei
Quando
o olho brilhou, entendi
Quando
criei asas, voei
O Chamado de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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