Por: Júlio César Anjos
O Partido Nazista (NSDAP) nasceu da ideia de um Estado
colonizador, que somente atendesse os interesses dos arianos, digam-se os
germanos, por meio de conquistas de territórios e domínios de povos ditos
inferiores. Com o populismo em alta diante de uma Alemanha devastada, a
extrema-direita encontrou, neste cenário, um campo fértil para inocular as suas
ideias inerentes e inatas que condensaram a Superestrutura do Partido Nazista.
E é justamente esta Superestrutura que será explanada no texto, ao explicar
sobre os pilares que sustentam, não só o nazismo antigo como também o
neonazismo, a direita dita “democrática” dos dias atuais.
Hitler era inteligente porque foi um bom observador. O pai do
nazismo diagnosticou e mapeou todo o contexto político de uma Alemanha
recém-democrática pela inserção do sufrágio universal, em que, nesta nova regra
de jogo, havia movimentos de massa que guiavam, pelas sensações, a tomada de
decisão em quem iria votar. Hitler descobriu que o sentimento de cólera provoca
o dogma; e o dogma gera o extremismo. Então, o ditador da direita entendeu o
que ele chamou de “psicologia das massas”, ao compreender todo mecanismo destes
aglomerados ideológicos, em que havia três principais movimentos de massa.
Os principais movimentos de massa, na época, estavam inoculados em
três vertentes: 1) Partido Social Democrata (Marxista); 2) Partido
Pangermanista (Nacional/Patriótico); 3) Partido Social(ista) Cristão
(Religioso). Hitler, como sabido era o membro nº 7 do Partido Trabalhista (que
não era marxista, embora na origem tivesse membros deste viés).
Hitler descobriu que os partidos dogmáticos
e extremistas não tinham o poder pleno porque apenas rachavam o meio político.
Embora tivessem grande força de influência, cada qual era apenas uma peça de um
todo, o que determinava a saudável cisão democrática. Mas Hitler não era
democrático, apenas considerou o sufrágio universal como uma possibilidade para
subir ao poder e, no governo, fazer as mudanças que assim o ditador desejaria.
A eleição não era um fim; era um meio. E, por isso, unificou os dogmas
extremistas, ao fazer a Superestrutura Nazista.
Adolf observou que o Partido Social Cristão era enorme porque as pessoas
aderiam este viés pelo ótimo trabalho de base que este grupo fazia ao praticar
o socialismo (assistencialismo). Mas pecava ao não ser nacionalista
pangermanista. Hitler chegou a criticar o Partido Cristão, veja só leitor,
porque este ente queria converter o judeu ao invés de matá-lo. Hitler não
queria um estado laico, por isso que, em nome de Cristo, perseguiu judeus até
chegar ao holocausto. Portanto, Hitler viu no assistencialismo cristão algo de
valor para aglutinar massa.
A mesma coisa foi observada no movimento pangermanista. Este
movimento tinha um discurso que o povo gostava, mas não inspirava nem
contagiava de uma forma geral porque não era socialista (assistencialista). O
que adianta a nação ser tão vangloriada se este mesmo país não dava frutos aos
seus cidadãos? Outro problema deste movimento, verificado por Hitler, é que o
pangermanismo aceitou entrar na brincadeira da democracia, ao jogar o jogo do
parlamentarismo, ganhando eleições, por isso tornou-se corrupto como os demais,
sendo rejeitado pela população por ser só mais um partido burguês. Por esta
razão que o Hitler aconselhava que o movimento surgisse clandestino até exibir
o “Partido Príncipe”, que foi o que realmente aconteceu com o Partido Nazista
[será que foi por isso que o Olavo de Carvalho aconselhou a direita, por hora,
a não fazer partido?].
Porém, na questão da vertente de massa dos trabalhadores, a dominação deste viés foi um
pouco diferente. Hitler viu que no movimento Social Democrata, de cunho
marxista, o trabalhador era fiel a esta vertente de esquerda, após este grupo
fazer reformas políticas como, por exemplo, o sufrágio universal. Então, não
havia como dominar esta massa, apenas restava conquistá-la. Hitler, então,
conquistou o proletário ao torná-lo patriota. O Proletário virou Patriota.
Porque a lógica era simples: Porque o trabalhador estaria a brigar com o patrão
por causa de percentual de aumento de salário ou uma reivindicação aqui e
acolá, sendo que esta pessoa poderia muito mais, ter não só um bom emprego como
uma boa vida, ao ter como recompensa a qualidade de vida por viver num país
forte, numa potencia mundial. Ou seja, o trabalhador, agora, ao invés de somente brigar contra o patrão, serviria para
construir a nova nação!
Após aparar todas as arestas, Hitler junta o nacionalista do
movimento pangermânico, com o assistencialismo do Partido Social Cristão,
somado ao atar o movimento proletário do Social Democrata. Enlaçando os três principais movimentos
de massa, cria a Superestrutura NSDAP: Partido Nacional (movimento
pangermânico) Socialista (Partido Social Cristão) dos Trabalhadores (Partido
Trabalhista - que não é marxista -, embora tenha enlaçado o proletariado para o Partido Nazista) Alemães (Caráter Patriótico). Está criada a maior máquina de
moer carne humana da história. Enfim, esta é a tradução do nome do Partido
Nazista. Portanto, esta é a superestrutura da extrema-direita.
Mas como o nazismo foi rejeitado pelo mundo ocidental, pelo menos
àqueles que compreendem como foi nefasto esse movimento anterior à segunda
guerra mundial, este segmento reformou-se ao ter apenas como sustentação o
nacionalismo exacerbado, o fundamentalismo religioso e um fiscalismo
conservador no âmbito democrático ocidental. Mudou a superestrutura para ficar mais palatável e ficar de
prontidão para destilar todo o extremismo pela liberdade ofertada pela
democracia. Mas este grupo odeia a democracia porque este regime político dá
espaço ao “marxismo cultural”, não deixa o estado ser confessional cristão,
além de, na ótica destes sujeitos, a nação ser sabotada internacionalmente por
um “globalista” vilão. Conclusão: a essência é a mesma, só o que muda é a
forma.
Diante disso, há uma expressão popular, errada, que diz:
“política, futebol e religião não se discute”. Discute-se, sim! Agora: Movimento Trabalhista/Trabalhadores, Movimento Nacionalista/Patriótico e Movimento de Religião não se juntam! Unir esses
movimentos de massa, que são até mesmo dogmáticos, a fazer um monstro maior e
mais dogmático ainda, sob a utopia de um Estado monstruoso, chega a ser até
mesmo doentio! O leitor já leu ou ouviu a seguinte
expressão: “Brasil Acima de Tudo, Deus
acima de todos!”? Pois então. Para o bem da democracia, estes grupos devem
sempre estar separados no escrutínio do sufrágio. A democracia agradece.
E aqui vai um puxão de
orelha: Estar numa “cerca embandeirada que separa quintal”, e/ou numa religião
popular, e/ou numa classe social não faz este ser associado a estas agremiações uma pessoa melhor ou pior do que
ninguém. Uma pessoa não é melhor que um mendigo só porque tem um trabalho, frequenta
uma religião e defende o país. Esta pessoa é apenas socializada. Por isso que
extremismo requer até mesmo tratamento medicinal.
Portanto, Hitler só enlaçou
todo o sentimento do povo em um só balaio chamado Nazismo. O Nazismo era
popular, populista, apresentava-se somente da forma que o povo queria ver e
ouvir, e tinha os pilares sociais para sustentar esta superestrutura, que são:
nacionalismo (Alemão), religião (Cristã), Classe Social (proletária). E há quem
ousa dizer que o nazismo é de esquerda. Para isso, não tem nem o que falar.
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Quote de um trecho do livro “Minha Luta”, autobiografia de Hitler:
Se o Partido Socialista
Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande massa, uma
noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado o
movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o
movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da
questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência
prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao
socialismo - ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então - estou
convencido - poderia ter influído no destino do germanismo.
A Superestrutura do Partido Nazista |
A Superestrutura do Partido Nazista de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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