Por:
Júlio César Anjos
Os
poderosos possuem técnicas para que o sistema não caia de uma vez só. A elite
não larga o osso, não adianta o quanto você chore, berre e esperneie, a
aristocracia sempre acha uma forma de reiniciar o esquema de manutenção destas
benesses que só satisfaçam um pequeno grupo perante os demais. Marx identificou
exatamente isso. Só pecou em achar que o capitalista daria as cartas, o que se
vê agora que nunca dará. A partir deste momento, o sujeito também descobre que
a frase de efeito bem ardilosa dos liberais: “que a economia não é um jogo de
soma-zero” cai por terra, pois, se esta frase fosse verdadeira, as elites não
fariam articulações, pois não teriam com o que se preocupar. Infelizmente,
aquele papinho bem escorregadio de que 1% da população tem a riqueza de 99% é
verdadeira. É por isso que a Glasnost é inevitável.
Mas,
afinal, o que é Glasnost? Segundo Pacepa, no livro Desinformação, no capitulo
dedicado a esta expressão em específico, Glasnost é fazer publicidade. Seguem
citações (pg. 41-42):
Mas
a verdade é que Glasnost é um velho
termo russo para o ato de polir a imagem do governante. Originalmente significa, de maneira literal, fazer
publicidade, isto é, autopromoção.
[...]
Utilizava a glasnost para
santificar o seu líder e para induzir hordas de esquerdistas ocidentais a
acreditar nesta fraude.
Antes
de tudo, que se faça uma pequena pontuação sobre enquadramento. Para
compreensão geral, que se saiba de antemão que Glasnost e o Enquadramento andam
juntos. Até porque, para retirar alguém do poder [enquadramento] é preciso
colocar alguém no lugar [glasnost]. Ou seja, o enquadramento serve para
assassinar a reputação do atual político no poder; e a Glasnost para “polir” o
político substituto do outro que estaria a cair pelo assassinato de reputação.
É
por isso que o Lula está sendo ENQUADRADO pela justiça, para largar o osso,
porque não serve mais para manter as benesses da elite de uma forma geral. Até
porque, caso o Lula vencesse a eleição, o seu modelo esgotou-se, não tem mais o
que tirar deste projeto, o armistício do pacto social foi para os ares, o que
privaria a elite de manter-se com as benesses que só o poder satisfaz. Este termo “enquadrar” é, também, muito usado
no jargão da polícia, em que, ao prender o bandido, tais agentes de segurança
dizem que tal “meliante foi enquadrado” em tal artigo da lei. Isso é herança de
vocabulário soviético nas forças policiais no Brasil, por incrível que pareça.
Portanto, o Lula foi enquadrado, ou seja, se ferrou.
E
isso responde a pergunta que não quer calar: O PT está sendo perseguido e
enquadrado por que Roubou ou Fracassou? Lógico que é porque fracassou! E, como
explicado no parágrafo anterior, o modelo esgotou. Caso contrário, o PT poderia
deslocar a América do Sul ao roubar o continente inteiro, desde que os players
estivessem satisfeitos [funcionários públicos, megaempresários, políticos de
carreira, instituições que influenciam massas, o povo empregado em pleno
emprego, outras instituições beneficiadas de forma intermediária como ramos
religiosos e ONGs, e etc..], o PT teria vida eterna no poder porque não
incomodaria o luxo dos poderosos [e acalmaria a massa]. Enfim, o PT fracassou e
está fora da “brincadeira”.
Já
o candidato da extrema-direita, pela falta de vontade do poder público em
investigá-lo, tal desmotivação das instituições cheira à glasnost que estão
fazendo para beneficiar este "mito da extrema-direita" do momento.
Porque é fato: Se as instituições públicas investigarem, elas acharão podres
[de qualquer um]. Somado à ocorrência de que o "mito da
extrema-direita" e sua trupe passam dos limites [desde camppanha
antecipada até ataques em internet], e tais seguidores não são contidos pelos
absurdos que fazem aos opositores, esta vantagem mostra que há um alinhamento
entre elite e este herói da vez.
A
elite gosta do líder que controla a manada. Isso já é denunciado desde os
tempos de Geraldo Vandré, em que Jair Rodrigues até ganhava festivais
promovidos pela Ditadura Militar, com a música Disparada, uma analogia sobre
aqueles que, com a capacidade que possuem, dominam o povo como se fossem gados.
Por isso que, num passado não muito distante, o boiadeiro colocado para segurar
a manada era o Lula, ao enlaçar o “proletariado” sob a sua vertente
política. Agora, o movimento de massa
muda, com o "mito da extrema-direita" segurando a manada “Patriota”
na ideologia em alta no momento. Tais influenciadores políticos de massa servem
para subir ao poder, satisfazer a elite, e depois caírem quando não servirem
mais aos poderosos. A elite gosta deste
tipo de populista que acalma a manada só porque é “carismático” e tem apoio do
povão.
Mas
o "mito da extrema-direita" tem o problema do “cúmulo do absurdo”:
que é correr sozinho e chegar em segundo. Se analisar todas as pesquisas –
todas elas! – o "mito da extrema-direita" não consegue estar na
frente quando o Lula – enquadrado pela justiça – aparece na estatística. E
mesmo com o Lula fora, o "mito da extrema-direita" ainda sim tem
dificuldade em popularizar-se. Ou seja, o mito – mesmo polido pela Glasnost –
fica estatisticamente apertado em percentual diante comparação aos seus
adversários [por isso que é provável que perca a eleição], isso somado que este
político não possui base alguma para governar. Seria um trabalho duro para a
elite poli-lo.
Além
disso, os poderosos gostam, também, do líder populista de massa que faça o
“Cavalo Sansão” da Revolução dos Bichos. Com o Lula, por exemplo, os
proletários uniram-se em um breve momento para galgar o país a um novo patamar
porque acreditavam no político do PT [motivação do novo porvir]. Mas, com o
tempo passando, este efeito foi evaporando até sumir, o que fez com que Lula
perdesse esta capacidade de fazer o efeito do cavalo sansão e manter a máquina
operando sem parar. Este esgotamento, somando à corrupção, faz o Lula e o PT
perderem a capacidade de gerar riqueza e manter as benesses para a elite. E esse efeito Sansão o atual "mito
da extrema-direita" não possui nem na largada. Porque ninguém está
propondo comprometimento para elevar o país a uma nova nação só porque é o
"mito da extrema-direita" que talvez estará no poder e, com isso,
voluntariam-se para fazer o Brasil crescer somente porque é o herói da extrema-direita
no comando do país. Enfim, o atual "mito da extrema-direita" não tem
o “efeito cavalo sansão” da revolução dos bichos já na largada, na concepção.
O
que a elite não entendeu, e com certeza irá penar – talvez com até uma crise
maior do que já está em vigor –, é que o Lula merece o enquadramento, mas o
"mito da extrema-direita" não merece a Glasnost. Talvez, o único
grupo de elite que já previu isso, e fez até uma propaganda profética a
respeito, foi o grupo bancário [com a propaganda 2023], ao compreender que este
cenário é o pior de todos: Mudar o Proletário pelo Patriota, sendo que o líder
do patriotismo não inspira nem contagia, por não ter nem mesmo o pacto social
nas mãos. Diante disso, vale destacar também algo muito importante a saber: a
extrema-direita é um movimento de massa perigoso mais instável que o
comunista que estava em exercício sob os cuidados de Lula. E, vale lembrar mais
uma vez, que os poderosos já fizeram Glasnost no Lula, ao poli-lo pelo “bom
selvagem” e em não o denunciarem no caso da corrupção em Santo André, a chegar
até o ponto que chegou.
Portanto,
vem aí: Glasnost. A elite está a polir o "mito da extrema-direita"
porque é o político de massa que pode acalmar a manada só na base da sua
influência. O problema é que este politico não sabe fazer o que é mais básico:
política. Ao não saber se articular, chamando todos os colegas de ocupação de
corruptos, tentando manter-se só na base da “honestidade”, este político tem
uma data de validade bem menor que a do Lula, tão curta que é capaz de gerar
crise numa primeira gestão, caso consiga ser Presidente da República. Mas,
assim como aconteceu com Lula e agora se repete com o "mito da
extrema-direita", o poderoso gosta de politico populista para chamar de
seu. A isso, até o Bivar entendeu. O problema é que o "mito da extrema-direita"
não é o ideal para controlar a manada. É por isso que é possível que a elite sofra pela
primeira vez. Todavia, mesmo diante tais problemas, a Glasnost é inevitável.
Vem aí: Glasnost de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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