Por: Júlio César Anjos
Cazuza,
em sua música intitulada: “O tempo não Para”, parafraseando Santayana, cantou os
seguintes versos: “Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de
grandes novidades, o tempo não para”, em que, realmente, se olhar a política
nacional, o sujeito com mais de 30 anos de idade não deveria ser manobrado, mas
a idiotice estampa como marca e mostra que o brasileiro não conhece a própria
história – nem mesmo a recente -, e por isso está condenado a repeti-la. Neste
caso, as equivalências são evidentes: Mensalão como Lava-Jato, Lula como
Bolsonaro e mídia sendo mídia, além de instituições e eleitores equivocados [Bom,
eu tenho mais de 30 e vou dizer o que vi e vejo neste blog, bem aqui mesmo]. Estão
prontos para lerem o que o brasileiro recentemente já vivenciou? Siga o ritmo e o fluxo.
Muitos
Brasileiros recordam pela lembrança do historiador Marco Antônio Villa que o
presidente FHC (Fernando Henrique Cardoso), quando a crise do mensalão estourou,
disse que era para: “deixar o PT sangrar”. Essa frase nunca foi pronunciada, só
a atitude dos tucanos, na época, de forma acertada, foi de deixar os
acontecimentos se fazerem por si só. Todavia, por praxeologia social naquela época,
o maior oposicionista, o que mais batia o pau na mesa, era o líder da oposição,
do partido DEM, chamado Demóstenes Torres, o mais furioso contra o mensalão. O PT, então, criou a CPI dos bingos como
estratégia para pulverizar no noticiário o mensalão. Os bingos chegaram até a
terem maior cobertura jornalística, deixando o mensalão em segundo plano,
diante o trabalho da mídia e das “instituições”. No final das contas, o Dirceu
até foi preso, mas o Demóstenes Torres foi escandalizado, porque a CPI foi um
estanque, pela corrupção dos bingos (que até hoje não provaram que o Torres
fosse o verdadeiro culpado), com os mensaleiros tendo suas vidas suavizadas
diante o escândalo do mensalão.
Essa
estratégia dialética de criar a CPI dos bingos para tirar do foco o mensalão
está igualmente sendo aplicada hoje, em que, para esvaziar a lava-jato, criaram
a carne fraca (vão criar a CPI da Friboi), gerando indiretamente elo com
lava-jato, e o desdobramento em que colocaram em evidência Aécio e a oposição.
A mídia todo momento pega tudo o que consta nos grampos do líder tucano,
esvaziando o maior escândalo de corrupção do mundo, que deveria ser chamado de
petrolão [lava-jato como nome da corrupção já foi uma vitória dos corruptos, a
investigação deveria se chamar petrolão]. É lógico que o que está acontecendo
hoje é um efeito orloff da época do mensalão, pois o empirismo deu certo e com
certeza os petistas iam aplicar isso novamente, como a ORCRIM está fazendo,
pois eles têm a certeza de que o Brasileiro é tapado ao ponto de repetir uma
história recente. E, neste sentido, o maior orgasmo que a ORCRIM tem é quando
ela consegue colocar palavras na boca, por exemplo, da Joice Hasselmann*, ao
fazer os oposicionistas do PT se atacarem de forma até mesmo visceral. Então, fica a lição: O Aécio é o Demóstenes
Torres de Hoje.
Contudo,
ao retroceder um pouco ao passado, nas eleições de 2002, a direita de certa
forma tem razão de que o FHC “criou” o Lula. O problema é que a narrativa está
errada. O FHC criou o Lula por causa da conjuntura da época, em que o
ex-presidente tucano estava muito desgastado com a sua gestão, já que tinha
puxado privatizações, controle de moeda inflacionária, além de outras questões
que envolvem a governabilidade. Somado a isso, no fim do século XX, também,
houve muitas crises que impactavam o país, e isso fazia com que o brasileiro, carente
a tudo, almejasse um salvador da pátria, ao fazer do Lula uma espécie de herói
nacional. Lula, até então se apresentando como honesto e a “cara do povo”,
conseguiu enganar muita gente, ao mostrar-se hoje o mais corrupto do mundo,
após ter recebido o voto de confiança de todos. Se por um lado o povo
acreditava no messianismo de líder do PT, o mesmo não ocorreria com a elite,
que, assustada, exigiu até a tal da “carta aos brasileiros” (que era a carta para
o mercado, na verdade), para que não houvesse pânico porque o mito não era tão
mito assim. Além disso, a sociedade também naquela época estava enojada, em que
nenhum politico prestava para o povo, apenas o “pai dos pobres” chamado Luís
Inácio da Silva servia para acalmar os ânimos da sociedade que naquele momento
se encontrava hostil. Então, a conjuntura da época criou Lula, o zeitgeist daquela era.
A
mesma coisa acontece hoje com o fator Bolsonaro e o seu ”hype” messiânico. É a
mesma confluência: Crise política, econômica, social, povo com descrença na
política como um todo, escândalo de corrupção, e falta de base educacional até
mesmo para conhecer um pouco de história recente e ver que os acontecimentos se
repetem de forma equivalente, tais fatores pariram o tal do “bolsomito” messias
da nação. O Bolsonaro é o Lula de hoje, que se diz honesto (mesmo com o caso da
Friboi relacionada de forma estranha), que, no imaginário coletivo, somente o
líder da direita poderá resolver tudo, ao ser colérico aos microfones, em que
confunde ser enérgico com loucura. O povo que ontem, ao invés de ter aprendido
a lição que messianismo não é salvação para política, nem de nada – a exemplo
do Lula -, aposta novamente em outro messias, o Bolsonaro, que se faz de “mito”
para ganhar eleição. Não será surpresa se lá pelas tantas nas eleições de 2018,
o Bolsonaro tiver que fazer uma espécie de “cartas aos brasileiros” para
amansar o mercado, pois, sem base nem capilaridade, governar será difícil,
portanto terá que ser amansado a “fórceps”, se não quiser ele mesmo criar crise
[lembrando que o partido que mais cresce é o PSOL]. Diante disso, se a pesquisa
estiver certa, e Bolsonaro seja mesmo líder em intenção de voto, com grande
vantagem aos escolarizados, aqui vai um conselho valioso: Não crie aquilo que
você não possa controlar. Porque o Bolsonaro poderá querer governar pela bota,
por meio de militar, e isso já foi visto que não deu certo em lugar nenhum no
mundo. Então, bora pra pensar melhor sobre a escolha e também a renúncia, que,
se não souber manejar, poderá ser renunciar a liberdade.
Portanto,
tudo o que acontece hoje é um déjà-vu dos anos anteriores: seja da eleição
majoritária de 2002, que subiu ao poder o “mito pai dos pobres”, no qual está a
haver a mesma confluência, em que o “bolsomito” seja o herói; seja pelo aspecto
de mensalão e a salvação da ORCRIM repetindo a mesma dialética judicial daquela
época, em que no passado criaram CPI dos bingos para amortecer o mensalão e
hoje estão a criar CPI da Friboi para estancar a lava-jato (petrolão). E tudo
isso com apoio da mídia e com a confusão incutida no imaginário do povão, para
fazer o país patinar mais uma vez, fazer escolhas erradas e renunciar situações
valiosas, como até mesmo a sua própria evolução. É por causa desses museus de
grandes novidades que o Brasil só dá voo de galinha, sem conseguir impulsionar o
futuro de forma sustentável, pois faz até mesmo o passado recente ser repetido
de forma contínua. As ações humanas estão sendo praticadas, as decisões
tomadas, e o resultado é que o tempo não para, com a mesmice de sempre. Enfim, diante tudo isso, é inadmissível quem
tenha mais de 30 anos, e se intitule escolarizado, voltar a repetir o passado e
voltar a errar. Neste sentido, o empirismo mostrará que o brasileiro não tem
solução; e o que não tem solução, solucionado está.
*Obs:
Eu citei a Hasselmann, mas essa atitude da oposição ao PT atacar outros
opositores do PT, como se fossem moralizados, mas que no fim não passam de
marionetes do José Dirceu, serve para todos os títeres que caem no conto da
sereia de Janot e etc.
Obs2:
Agora vocês já sabem a estratégia de carne fraca (e CPI Friboi). Não abandonem
a lava-jato para focarem neste outro acontecimento, pois é tudo o que esses
parasitas da ORCRIM querem.
Obs3:
Se você fica escandalizado sobre o que a Benedita da Silva, do PT, falou – “sem
derramamento de sangue não há redenção” -, então deve ficar escandalizado sobre
o que o Bolsonaro também já falou – “fuzilar uns 30 mil”. Se o eleitor do Bolsonoro
é de maioria escolarizada mesmo, tem que abandonar o duplo padrão ou deixar de
votar no “bolsomito”. Não existe escolha sem renuncia (escolha sem renúncia é
tirania do duplo padrão).
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Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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