Por: Júlio César Anjos
Em
época de torpeza mundial, com facínoras querendo ascender pelo voto nos países
ocidentais, é tempo de voltar para os fundamentos explanados até mesmo em sala
de aula e explicar os meandros civilizacionais, os aspectos políticos,
geopolíticos e até mesmo questões humanitárias globais. A geografia refutará e
calará a voz raivosa dos extremistas. Abra o mapa político, pois agora haverá
uma conversa séria ao pé do ouvido. E, no final, só restará um fato sem
contestação: O cidadão de hoje foi o imigrante de ontem. E o migrante de hoje
será o cidadão de amanhã.
Um
sujeito sabujo, mas que se acha sabichão, atenta para a seguinte frase de
expressão: “Vão escancarar as fronteiras!”, como se isso fosse possível e/ou
plausível até mesmo pelas limitações de geografia. Porque as fronteiras no Brasil
se não é água é mato. O Brasil está distante de quase tudo, só está perto,
relativamente, da África, América Central, e América do Norte. E as regiões
hoje em conflito estão concentradas no Oriente Médio, próximo à Europa e na
Ásia (Coreia do Norte). Ou seja, o Brasil, pela lógica teórica, era para estar
na paz, mas o país, pela soberania, prova aos demais do mundo que pode matar os
brasileiros sozinhos mesmo. E ainda há quem ache que o terrorismo islâmico seja
perigoso, sendo que negam a realidade hoje do Brasil, em que nas favelas há
jovens com fuzis nas mãos. Mas aí, alguém dirá: “Entendestes errado, escancarar
fronteires no sentido de não haver filtro de controle”. Neste sentido, aí o
problema é outro.
Para
fins de analogia, por exemplo, o torcedor do Corinthians, saudosista quanto à
invasão da torcida no maracanã (contra o Fluminense), sempre atenta pela vaga lembrança: o timão
fez o “maior deslocamento humano do mundo em tempo de paz”. Porque, como se
sabe, em tempos de guerras a migração é forçada por causa do conflito [em tempo
de guerra existem as diásporas e êxodos, divulgados pela história]. Mas a extrema-direita quer porque quer incutir na cabeça do brasileiro o mesmo imaginário do torcedor do Corinthians, ao dizer que a lei da migração fará o “maior deslocamento humano em tempo
de paz”, como se isso fosse possível e, além disso, como se todos quisessem
migrar, esquecendo o fato das diferenças culturais, seja na culinária, norma de
indumentária, religião, temperatura, adaptação entre outros. Outro ponto
curioso é que a extrema-direita, para refutar os ambientalistas sobre
desmatamento, utiliza da retórica o estudo de que toda a população do mundo
cabe no Texas. Ou seja, esse tal “escancarar fronteiras” como problema de tudo
quanto que é tipo, até mesmo de haver o fluxo migratório desenfreado da população do
planeta inteiro no país, tal assertiva não geraria o caos que muita gente está
pregando por aí. Sem mencionar que a densidade demográfica brasileira é extremamente
baixa. Então, sem pânico por causa disso. O mundo não irá se deslocar para o
Brasil só por causa desta lei.
Essa
lei de migração não é uma materialização do mal, feita pelo vilão Lex Luthor
Aloysio Nunes Ferreira, pela corporação PSDB LexCorp. É apenas um documento
criado para fins humanitários, pois, com o Trump no poder, não se sabe o que
acontecerá nas zonas de conflito na Síria e na Coreia do Norte. E, vale
lembrar, a Síria está muito próxima da Europa e o próprio EUA poderá ser
bombardeado, caso aconteça o pior, em que o americano e o europeu teriam que
migrar para uma zona de segurança. E, pela posição geográfica de conflitos, o
local mais isolado do mundo hoje é o Brasil, que além de celeiro do mundo,
será, caso o pior aconteça, o campo de refugiados do planeta. Hoje, as águas do
pacifico e do mediterrâneo estão turbulentas, ao passo que as águas do
Atlântico desfrutam de certa forma de calmaria. Então, o atlântico é um canal
de refugio, caso aconteça o pior (se Deus quiser, não irá acontecer). Essa lei também dá direitos para os migrantes
que já estão no Brasil, ou seja, antes mesmo da lei ser elaborada, já há imigrantes
no país, portanto este documento não é um imã de forasteiros, é apenas um
documento que atesta o que já é cotidiano.
Diante
disso, é salutar saber que essa lei não é um dispositivo de vilania feito
especialmente para trazer homens bomba do oriente médio para o Brasil, com o
objetivo de explodir pessoas inocentes. O que acontece no mundo, e já aconteceu
no Brasil no conhecido caso “Massacre do Realengo” [o rapaz tinha contato com o
islã, mesmo sendo brasileiro e nunca ter saído do país], é que existem pessoas
extremamente vis que, pelo entendimento exacerbado de escrito qualquer (pode
ser desde Marx até Alcorão), vão fazer crimes hediondos, porque são doentes. Ou
seja, no caso do Realengo, nem mesmo tinha essa lei de migração em curso, e um
brasileiro totalmente doutrinado fez o que fez. Se for para acontecer um
atentado, desculpe a honestidade, mas isso vai acontecer de qualquer jeito,
porque não é um papel burocrático que será o indutor que incentive ou iniba este tipo de conduta. Os
povos podem fechar fronteiras no mundo físico, mas do século XXI adiante sempre
haverá conexão virtual no mundo – que é extensão do mundo físico [agora, como
de praxe, a extrema-direita lembrar-se-á deste episódio do Realengo (fingindo
que não lê este blog), vai distorcer tudo, para dizer que todo islâmico, mesmo o não árabe, é terrorista].
Outro
fator de defesa é a cultura vigente no país. O Brasil, como sabido, seja pelos
pontos positivos e negativos, tem a sua linha de defesa de BBB (bola, batuque e
bunda). E essa cultura é muito difícil de ser desconstruída, ainda mais para
ser colocada no lugar a tradição islâmica. Sem chance de esta troca moral
acontecer por meio pacífico. E, vale lembrar, ao menos os extremistas da
direita estão fazendo um "bom trabalho" neste momento, que é incutir nas pessoas o sentimento
de que, veja a ironia, o extremismo é ruim. Então a blindagem cultural é feita
por pura questão de etnografia e etnologia [se o árabe islâmico quiser perder
tempo e dinheiro tentando mudar algo impossível, ao gastar muitas cifras
tentando multar cultura do brasileiro, que faça isso, deixando o Brasil mais
rico do que nunca].
Portanto,
essa lei não é um documento de vilania para pessoas malignas fazerem o mal. Este instrumento é apenas um dispositivo humanitário, que será sancionado, já se antecipando de
possíveis complicações no mundo. Esse registro burocrático não escancarará as fronteiras
do Brasil, pois as fronteiras brasileiras são compostas de água e mato. Não
haverá também o maior deslocamento humano em tempos de paz, muito menos em
tempos de guerra, como já aconteceu no Brasil, no período entreguerras, em que
fez o migrante de ontem ser o cidadão de hoje. Se o leitor lembrar que há dificuldades
de grandes fluxos migratórios até mesmo dentro de um próprio país, por exemplo,
o sul inteiro se deslocar para o nordeste, pois há as limitações culturais
(comida, temperatura, adaptação e etc.), entenderá que há, também, essa
dificuldade em migração internacional. Enfim, esse negócio de falar que todo
terrorista é islâmico, além de incutir na mente das pessoas que haverá essa
invasão em massa, é paranoia de extremista que quer fazer pânico moral. São
empreendedores morais, que infelizmente, estão ganhando voz e terreno, ao fazer do isolacionismo segregacionista algo em voga no mundo. Tudo isso acontece porque, na era da pós-verdade, o povo anda faltando aula de geografia. Chega de xenofobia. Humanidade, já!
Lei dos Migrantes – A Disciplina de Geografia de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: