Por: Júlio César Anjos
A extrema-direita
utiliza da mesma munição da extrema-esquerda: usar da emoção para fazer valer o
seu radicalismo.
A
lei dos migrantes, em fim de discussão no congresso nacional, está a ser sancionado
pelo presidente Michel Temer. Neste caso, não tem mais o que discutir ou o que
contestar. E se houver recuo, e a lei não passar, haverá outros desdobramentos.
Todavia, por causa desta situação, este texto esclarecerá os seguintes termos: A
questão objetiva da lei como fator de ativo político; a doença psíquica arraigada
e muito em voga hoje nos extremistas; e, além disso, outros meandros mais, como,
por exemplo, o que isso afetará a eleição de 2018 e a governabilidade pós-pleito
presidencial. Essa lei é muito mais ampla que a simplória briga de querer ou
não querer de mídia social.
A
primeira questão que fica evidente nesta lei é o caso da maior abertura de
relação internacional de comércio exterior, pois o Brasil vira um país amigável
para o mundo. Entram no bojo os migrantes como mão-de-obra legalizada, mitigando
a escravidão evidenciada pela mídia, assim como também começam a brotar
multinacionais que entendem que o Brasil é um país que dialoga com o mundo, sem
preconceito, podendo fazer da aliança uma lição de boa vizinhança
internacional. É pura questão pragmática de melhorar econômica doméstica, com a
estratégia de aumentar a dinâmica do mercado nacional, pelo apoio das trocas
voluntárias globais. Foi assim no descobrimento, na época do Brasil colônia do período
entreguerras, e será assim após essa lei passar. Porque é assim que gira o
globo desde a época dos Fenícios até os dias atuais.
Esta
lei, também, por fazer essa benevolência humanitária, mostra como símbolo que o
PSDB é o partido amigável às liberdades gerais, pois abrem as fendas das
fronteiras que outrora foram amarradas pela ignorância e o preconceito, senda
evolutiva que trará maior evolução como um todo, seja no aspecto social como
também o econômico.
Entretanto,
ao analisar também, em questão de objetividade política, essa lei foi gerada em
2015, ou seja, na época que o PT estava no poder. O PT não quis ir adiante com
esse projeto porque achavam que haveria impopularidade, e também não passaria porque
a reprovação da presidente era altíssima e contaminaria tal dispositivo em
questão. Primeiro que o PT poderia hoje, pós-impeachment ter esta mesma lei
como bandeira de recuperação do partido [não a tem]; Segundo, que se essa lei é
considerada impopular de antemão, isso significa dizer que o Brasil quer se
fechar, ou seja, não quer abertura de mercado por ser amigável com o
estrangeiro. É inimigo do mundo.
Isso
leva a outro fator: com essa mentalidade fechada, o presidente será o
Bolsonaro. E em 2019, com essas pessoas com pensamento tradicional do
extremismo, é certo que a governabilidade do “homem grafeno” estará complicada,
assim como já começa a ficar empolada a questão do Trump, por causa do pensamento
fechado e pequeno de conservador isolacionista da população. Para critério de
ilustração, a Coreia do Norte, por exemplo, é multicultural? Lógico que não.
Diante lavagem cerebral, então, o que passa na cabeça do coreano do norte é o
filminho de que o estrangeiro é o vilão, todo migrante é inimigo, que o imperialismo
o tornou mais empobrecido, e que a tirania da globalização não faz ascender a
melhoria daquele povo em questão. Ou seja, mais ou menos aquele mesmo chavão
chauvinista muito em moda na extrema-direita brasileira, o que não torna o
brasileiro muito diferente do coreano do norte em pensamento. Infelizmente,
isso é a síntese do isolamento do povo por causa de ignorância da xenofobia
como questão moral.
Para
condensar a xenofobia, o extremista tem que criar uma ilustração alegórica de
que o migrante é o vilão. Então, pegam exceções ruins dos acontecimentos
sociais, escondem as generalizações de sucessos de migrantes pela abertura de
mercado e troca cultural, para criar a figura metonímica, de a fração ser
considerada o todo, ou a regra ser a exceção, de que todo o estrangeiro é
terrorista ou bandido em potencial. Os extremistas da direita pegam o
noticiário de terrorismo, que é exceção, para criar uma percepção que há um
apocalipse na Europa, ocultando todos os demais esforços de estrangeiros, sejam
eles asiáticos, africanos, americanos, que estão na Europa neste momento, até
mesmo brasileiros, vivendo bem e fazendo da Europa um continente rico e com
grande evolução, como tem que ser. Penalizar toda a humanidade pelos erros de qualquer exceto muçulmano e/ou árabe terrorista é o ápice do preconceito geral.
Então,
a extrema-direita, sem argumento, faz como a extrema-esquerda, apela para a
emoção. Cria alegoria de apocalipse, como se o mundo deslocasse para o Brasil,
com terrorista do mundo todo fazendo do território brasileiro palco de
extermínio, para gerar o chauvinismo patriótico em defesa de fronteiras [problema
que até mesmo na época do regime militar estavam à revelia], para embasarem
seus preconceitos diante que todo estrangeiro é um bandido em potencial. Portanto,
diante figurativas, concretiza-se a narrativa e ilustração: estrangeiro é
vilão, o patriota é o herói, diante um crime sem vitima. Não é sensacional?
E,
por fim, o “patriota”, que nada mais é que um ventríloquo da extrema-direita, poderia
ao menos ser sincero e parar de usar os números arábicos, já que tais entes
tratam todos árabes como terroristas. Ou como ironizou Lima Barreto: o Brasil é
tão patriota que prende como louco o Policarpo Quaresma, por apenas querer que
a língua oficial fosse o Tupi. É a mesma contradição de um sobrenome Hasselmann, por
exemplo, ser contra lei de migrante, mesmo tendo família de linhagem estrangeira. Todavia,
sair do Brasil e devolver a terra para os índios, já que o branco no Brasil tem
mais direito que o dono natural das terras, os indígenas, esse povo hipócrita
não quer fazer. Além, é claro, de que o estrangeiro de outrora não quer que o migrante
de hoje tenha direito e ainda o trata como bandido. É surreal.
Portanto,
se a lei de migração passar, o PSDB ganhará como ativo politico por meio direto
e se não passar, ganhará também por meio indireto, já que o país se fecha e o único
partido amigo seria o PSDB, resguardado pela convicção. Não tem nada de
desgastante nesta lei, a não ser o fundamentalismo de alguns tiranos raivosos
que babam sem ter razão. A extrema-direita extremista poderá ter uma “vitória
de Pirro”, mas, no futuro, essa ala será tão caricata quanto é hoje a
extrema-esquerda. E a lei da migração não é esse demônio apocalíptico como
pregam os profetas da destruição, é apenas uma lei para dar dignidade aos
estrangeiros que já estão no país e os futuros que virão ajudar o Brasil a
virar uma nação a prosperar e a enriquecer de uma forma sem igual.
Quem
é contra a lei da migração é o verdadeiro vilão.
Lei dos Migrantes – Cenário Específico de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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