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Epístola de Tyler Durden

Por: Tyler Durden

Você, leitor inútil, sabe o que é Tautologia? Então, eu vou explicar para você, como se estivéssemos conversando no bar mais sujo da cidade, em cima de algumas rodadas de cerveja barata, com a inebriante sensação de que o mundo é o enevoado ambiente que traz o cheiro do cigarro e do fétido odor humano, salivas e sudoreses expostas em carrancas sôfregas, diante de um espaço confinado feito pelo diabo. Tautologia é o rato correndo na roda em busca de queijo; é o cachorro abanando o rabinho em busca de atenção; é a lógica pela lógica, sem distinção. Não entendeu ainda o que é tautologia? Para a sua cabeça vazia, tautologia é uma pessoa chegar até você e dizer: - eu respiro. E isso é a verdade universal. Porque uma pessoa só pode falar se estiver viva. E só estará viva se estiver respirando. Portanto, Tautologia. Assim também como é universal que você está lendo agora essa informação, e achando que ficou mais inteligente por causa disso. Você é uma decepção.

Você tem que parar de ser iludido. Você não tem uma turma de 87 que está na foto de formandos, fazendo risadas falsas, abraços teatrais, festas fúteis e convivências gerais, porque não haverá ninguém desta turma naquela época que te queira bem, te salve hoje, caso esteja com problemas. Ninguém é teu amigo, você está sozinho neste mundo, aceite o seu destino, e pare, de uma vez por todas, de dormir em posição fetal, como se fosse uma criança de colegial que precisa de proteção. Você é desprezível, os outros são desprezíveis, e o mundo gira em cima de desprezíveis que negam a sua identidade, pela falsidade encontrada em qualquer esquina ou ponto de ônibus de cidade decadente. Saiba também que o teu vizinho é o teu inimigo que faz armistício em nome de convivência. Mas ele não suporta o seu som em alto volume; ou quando você briga com a sua namorada na madrugada inteira; ou quando você grita gol de uma forma mais feroz. O teu vizinho é igual aos coleguinhas da formatura, são sediciosos que doentes fingem serem sadios porque a verdade é insuportável: todo mundo é desprezível. O desprezível é mãe natureza do controle do caos.

Aceite, você tem uma rotina de merda. Você sai para passear com o cachorro que você não gosta da mesma forma quando o cão era um filhote bonitinho, porque cresceu e virou um cão feio e preguiçoso, igual o dono, em que abandonou a vida e deixou o viver à revelia. A sua namorada engordou, o seu salário encolheu, e você tenta botar a culpa do próprio fracasso em terceiros, para tentar aliviar a realidade sufocante: você é um nada. Joga videogame, assiste Netflix, vê youtube porque você não tem uma vida baseada na história de game, nem de filme, nem de qualquer coisa que seja, por isso projeta o seu próprio sonho em uma tela, derrotado antes mesmo de começar a jogar. Você tem um hábito nojento. Você vai pro trampinho do patrão chato, vai à escola do professor ignóbil e até mesmo aos sábados vai rezar em uma denominação para fingir ser socializado. Como você é insignificante, você procura qualquer espaço confinado considerável saudável pela sociedade, para mimetizar normalidade, mas você não tem como fugir da verdade: você é um anormal. Você é mentiroso. Você é um doente mental. Aceite isso e comece ter uma vida desgraçada, porém realista. Isso é honestidade, coisa que você não conhece, não entende e não provou ainda. 

A sua inutilidade neste mundo é tamanha que, ao invés de estar fazendo algo produtivo, você continua lendo esse texto, publicado em um blog de um dono fracassado chamado Júlio César Anjos, que não consegue ter uma vida normal e baseia-se em se apegar na escrita para fingir ser alguém na vida. Escritor e leitor arruinados, mundo em decadência, justificativa perfeita para encerrar tudo. Não me alinho com fracassado. Até nunca mais.
   




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Epístola de Tyler Durden de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.



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