Por: Júlio César Anjos
Antes
de tudo, resta saber que só o Efeito Coriolis fazer critério de diferença entre
os hemisférios norte e sul já deveria bastar para acabar com comparações
esdrúxulas entre EUA e Brasil. Mas como no Brasil é sempre preciso desenhar para
que as pessoas entendam as concepções, então que se estabeleçam os critérios
para que, de uma vez por todas, o povo pare de querer comparar Trump com Bolsonaro.
Trump
é um “self-made man”, capitalista selvagem, vencedor por si só, que gosta de
aventuras e aceita desafios. Já o Bolsonaro é um encostado no funcionalismo,
nababinho da coisa pública, que, como cantava Seixas: “Que está contribuindo/com
sua parte/Para nosso belo/quadro social”. Trump é medido em Onça de Ouro; Já
Bolsonaro é mensurado em Ouro de Tolo.
Trump
tem oratória, repertório e perde na retórica porque faz personagem de político
bravateiro. Bolsonaro não tem oratória, não tem retórica e o repertório fica concentrado
apenas no nióbio e no grafeno. É um Enéas sem barba e sem sapiência. Só falta
berrar na campanha eleitoral: “Meu nome é Grafeno!”.
Trump
está num partido que é gigante, num sistema político em que basicamente só há
dois partidos, com base e capilaridade de fazer inveja até ao PMDB e aos
sovietes da revolução, ou seja, por mais que haja divergências até mesmo dentro
do partido, a legenda ao menos o fez presidente por esse poder. Já o Bolsonaro
é uma espécie de exército de um homem só. E como agente isolado, se quiser governar,
terá que tiranizar. O que Bolsonaro já dá pistas que irá fazer, já que colocará
a metade dos ministros agentes do exército, jogando fora os quadros técnicos. Vem
ditadura aí?
Trump,
com a campanha “Make América Great Again”, trazia consigo plano de governo, com
propostas em várias pastas, seja ela do campo econômico ou social. Já o
Bolsonaro vive de mão abanando, não tem plano de governo nenhum, e dá como
desculpa essa falta de tecnicidade o fato de que não quer “plagiar” plano de
governo bonitinho dos outros e, como não quer fazer isso, não tem plano nenhum
neste momento. Não tem nem partido e nem plano de governo, só o que tem é a mão
abanando. É um político caricato.
Trump
venceu a eleição num sistema de disputa de colegiado, em que os delegados, de
maneira proporcional, fizeram do Trump o presidente dos EUA. Já o Brasil, o
modelo eleitoral é majoritário, ou seja, por votos absolutos, ganha o candidato
com maior quantidade de votos válidos. Se o Bolsonaro quer se comparar mesmo com
o Trump, saiba que no sistema brasileiro quem venceria nos EUA seria a Hilary. Quer
mesmo se comparar?
Talvez
as únicas situações em que dê para comparar Trump com Bolsonaro seja na falta
de educação e no aspecto de casamento (os dois foram casados três vezes). Mas
mesmo neste quesito [falta de educação], o Trump ao menos faz isso em um alvo
específico político, em uma ou outra determinada situação. Já o Bolsonaro,
impera neste candidato o preconceito (episódio da mãe do Leonardo Stoppa), a
falta de respeito e a raiva arraigada. Se no livro 1984, de George Orwell, havia
os “dois minutos de ódio”, com os “bolsomínions”, por causa do político em
questão, a internet tem 24 horas de raiva.
Portanto,
comparar Trump com Bolsonaro é o mesmo que comparar banana com laranja, não dá.
O político na atualidade próximo ao Trump, mas que não dá também para fazer
comparação é o Doria. Mas mesmo assim não faz sentido, pois as situações são divergentes, até o efeito Coriolis faz
a água “dançar” em movimento diferente. Comparar Trump com Bolsonaro deveria ser
até mesmo piada de salão.
Comparação Esdrúxula: Trump x Bolsonaro de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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