Por:
Júlio César Anjos
É
impressionante como que uma situação pode ter enfoque totalmente diferente,
dependendo da perspectiva em que se quer chegar. Como no caso do filho pródigo
- no sentido do primogênito perdulário e irresponsável -, uma situação de
retorno do filho para casa, após sofrer pelas andanças da vida, ao perder o
rumo, sendo considerado um fracasso para o progressista e motivo de alívio para
uma família tradicionalista. Pela divergência conceitual, somente fazendo uma
análise para saber se há certo ou errado ao lidar com esse agravo, esta
situação que é até mesma corriqueira nos dias atuais.
Para
o progressista, o filho pródigo é um fracasso por si só. A família chega até a
ficar com vergonha dos vizinhos, pois o “ente querido” deixou de ser afável
porque se perdeu no mundo, sendo insensato e irracional, por isso pode até
mesmo ser descartado pelos parentes que nada disso seria absurdo. Porque, para
a “sociedade avançada”, o filho tem que ser autônomo, ter sucesso na
empreitada, para voltar em casa somente a fazer visita cordial com os parentes.
Caso não seja suscetível tal planejamento, o filho poderá ser até mesmo
rejeitado, pois a casta social acha tal atitude normal. Ou “vira gente”, ou
está deserdado. E os progressistas mais “light” até aceitam o filho, mas ficam
magoados em ver a situação “caótica” de ter que sustentar um progênito que
teria tudo para brilhar. Aceitar o filho com vergonha mortal é o máximo de amor
que uma sociedade individualista, utilitarista, progressista possa aturar.
Já
no caso da família tradicional, a perspectiva é bem diferente. Não importa o
quanto que o filho regressou maltrapilho, doente, fracassado, machucado,
fragilizado em tudo que é tipo, nada disso é substancial, pois o importante
mesmo é que o progênito voltou para a casa vivo. Para os conservadores, somente
o filho retornar já é motivo de alegria, para fazer festa até raiar o dia, com a
alegria em estar junto com um ente querido. Até a sociedade conservadora abraça
o semelhante da comunidade, em que faz parte daquela sociedade, tendo valor apenas por retornar. Tudo isso é gerado por causa da parábola do filho pródigo,
na bíblia sagrada, tal documento baliza a vida deste semelhante moralizado, que,
por meio do escrito sagrado, diz ser chamado pela palavra de Deus a ser
complacente com os pecadores e os desalmados.
O lado
positivo, ao menos, do progressista é que tal assertiva força, até de maneira
hostil, que o filho se mexa para fazer o futuro, pois a vida é dura, até mesmo com a
própria família rejeitando-o de maneira sem igual. Ao passo que, na cultura
tradicional, tal aspecto pode fazer com que se gere uma horda de folgados, pois
tal ardil compreende-se pelo fato de que se podem fazer coisas do arco da velha
que mesmo assim o pecador será perdoado. Isso explica o porquê da religião
atrasar o dito “progresso social”, pois gera limitação sob o aspecto de
bem-estar social, daquilo que traz comodidade e conforto em ser bem sucedido. Porque até o próprio filho do progressista, ao ter o costume passado pela
tradição, poderia ficar com vergonha da própria situação, não voltando para
casa por própria opção. Ao passo que o filho do tradicionalista poderá até
mesmo nem sair ao mundo, pois já está acostumado e feliz com aquilo que se tem
ao dispor, que está disponível na sua proximidade, por causa do arcabouço de
comunidade, tornando-se naturalmente um fracassado cultural.
Portanto,
quem está certo, afinal, o progressista ou o tradicionalista? Não importa.
Porque o que determina o certo ou errado é a cultura que a comunidade aceitou a ser inserida.
Após saber o que a sociedade quer ser, seja avançada ou conservadora, depois de acabar essa disputa, instaura-se, assim, pelo consenso o que “todo mundo” assim deseja reger em vida. Só há um
problema: Essa luta nunca acabará. Então que cada um leve a sua vida ao
natural. E, infelizmente, cada um com os seus problemas. Porque: "nós não somos
iguais”. Enfim, essa é a ótica do voltar do filho pródigo.

O Filho Pródigo e a Ótica do Voltar de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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