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Que não se Cometa Injustiça

Por: Júlio César Anjos

Com a felicidade momentânea de vitória pós-impeachment, segmentos de várias bandeiras, que estavam pragmaticamente “unidas” pelo bem maior, a demover o PT do poder, resolveram se soltar, pois acham que já podem pautar seus pensamentos porque a meta já fora atingida. Mal sabem que o inimigo é maroto e que poderá voltar ao poder. Mas divaga-se, por enquanto, sobre isso. E nesse afrouxamento causado por novas ações motivadas por mudanças de “inimigos”, Reinaldo Azevedo E Olavo de Carvalho começaram a se “beijar”. Porém, diante o quiproquó, que não se cometa injustiça: Olavo “tem razão”; e a razão de Reinaldo foi revidar.

Olavo de Carvalho tem razão. Mas razão de quê? De ter mostrado o plano perverso de tomada total do poder do PT, em uma estratégia global, chamado Foro de São Paulo. Se a construção desse aparelhamento é só um site da internet ou um projeto em execução não se sabe. Todavia, há elementos para gerar dúvidas; por isso que cabe investigação. O intelectual da extrema-direita, também, iluminou a obscuridade que o PT fazia no plano ideológico, mostrando pelo próprio reflexo do desafeto político, por meio de documentos e atas dos partidos dos trabalhadores, a aparência dos comunistas em ascensão. Isso não há como negar, o pensador da Virgínia teve esse mérito.

E que não se cometa injustiça: Olavo de Carvalho apoiou, sim, o impeachment. A única diferença entre os conservadores e os liberais do MBL, por exemplo, é que o intelectual da direita não ficará satisfeito só com a destituição. Falar que Olavo não teve protagonismo no impeachment é só retórica prosaica de adversário intelectual. Nem se leva a sério tal condição. Porém, os noviços do Olavo, ao falarem em nome do guru (no sentido estrito e não de forma jocosa), estão fazendo a panspermia de imbecis, indo justamente contra aos preceitos do “best seller” em questão: “O mínimo que você precisa para não ser um idiota”. Ou seja, quanto mais os seguidores do Olavo falam asneiras em nome do professor, mais mostram que não leram o livro do próprio pensador que o seguem.

Por causa dessa delegação esdrúxula, muitos ataques em nome do Olavo são desferidos nas mais variadas searas de emulação política. Como a frase de início que já virou até jargão: “Como disse Olavo de Carvalho”, parafraseiam o pensador da melhor forma que lhe caiba à narração momentânea, em cenário específico.  É sintomático, e sistêmico, que pessoas que proferem tal condição não pensam por conta própria, pois precisam da muleta do professor para validar uma sentença, uma linha de raciocínio, ou uma simples conexão. A expressão: “Como disse Olavo de Carvalho”, embasa qualquer canalhice. Por isso que atacaram Reinaldo de Azevedo. Por isso que teve essa confusão.

Abram-se parênteses. O Olavo regozija-se em satisfação, além de até incentivar os seus seguidores, a atacar os seus desafetos, mostrando que é um guru de fato em ascensão. E aqui vai um conselho: Que o Olavo tome cuidado ao delegar pensamento, pois, as asneiras dos seus seguidores poderão virar arma contra a própria extrema-direita e o guru em questão. Fecham-se parênteses.

Reinaldo Azevedo, a defender-se de ataques, teve uma sessão de descarrego, no qual apenas extravasou. E na catarse, repetindo o que fora escrito antes, disse que Olavo não teve protagonismo na destituição de Dilma, o que é realmente uma retórica prosaica. Mas é entendível, e explicável, a reação que o intelectual da Veja tenha emitido em suas elucubrações proferidas em rádio e redigidas em jornal.  Com patrulhas tanto da extrema-esquerda quanto da extrema-direita a reboque, é compreensível a apelação do Reinaldo Azevedo em certas ocasiões. E fica a conclusão: quando extremas convergem, é porque se tem valor, pois só se bate em árvore do bom fruto. Portanto, Reinaldo é superior.  

Quem gosta dos dois pensadores, e vê a briga de longe, só lamenta esta condição depreciativa de futilidade brasileira. A artilharia, sendo rebaixada em ataques dos mais variados, faz com que os atores desta tragédia se digladiam somente por causa de picuinhas irrelevantes, comparado a contextos mais amplos, de intelectualidade.

 Portanto, quem tem razão? Nenhum dos dois. Os dois são megalomaníacos e os dois gostam de provocação.






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Que não se Cometa Injustiça de Júlio César Anjosestá licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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