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Temer e as Verves Políticas

Por: Júlio César Anjos

Já está definido: a Dilma não vira o semestre. Neste sentido, a disputa eleitoral do impeachment é como se fosse daquele político líder nas pesquisas eleitorais, concorrendo um pleito em que o oponente é fraquíssimo, na qual só um milagre poderia reverter vitória na urna. Portanto, Temer é o presidente do Brasil. Por isso que já articula estratégia e ações para governabilidade, começando a caçar nomes de peso para fazer um bom mandato, mesmo sendo de uma gestão temporária. Diante disso, a oposição sinaliza que somente apoiará o governo do PMDB informalmente; enquanto que o Brasil fica em “stand-by” por causa das dúvidas e indefinições. O futuro presidente fará um governo Sarney ou Itamar? O fato é que o Temer tentará fazer o mais difícil, um governo com identidade, chamado plano Temer. Só não se sabe se irá funcionar.

A caneta da Dilma já não tem mais tinta. A ex-presidente em atividade já deve até mesmo começar a limpar as gavetas, pois a saída, nesse momento, parece fugaz. Como diz a expressão popular: “Tchau, querida!”, a nação está sedenta por mudança de gestão.  Ao passo que Temer já começa a escolher a mobília. Isso cristaliza o pragmatismo do presidente em atividade, que já começa a se moldar pelo prisma da ambição: plano Temer! Desta forma, o líder do PMDB quer saber o peso da faixa presidencial, começando a provar e a vestir no vestiário do poder. É o puro ciclo de vida do poder, a “morte” de um político determina a “vida” de outro. O PMDB floresce pelo adubo do PT.

Este provável governo Temer será um mandato tampão. De curto prazo, em que o político se estabelece apenas para fazer uma gestão de danos, pelo motivo de tentar salvar o que restou desta nação. É um governo emergencial e de exceção. Por causa de tais fatores, dificilmente o novo governo conseguirá fazer mudanças drásticas, apenas obterá modificações pontuais, que, do jeito que está o Brasil, já serve tal redirecionamento para o país. É um regime excepcional, assim como foram os mandatos, na política recente, de Sarney e Itamar.

E nessa conjuntura política, as pessoas fazem as comparações de governabilidade. Temer fará um governo de Sarney ou Itamar? Pelo andar da carruagem, será, com certeza, do Sarney. O governo Sarney, apesar de ter sido um mandato de 5 (cinco) anos, era um mandato tampão num sentido mais complexo: o de ter que gradualmente aceitar as mudanças de matriz política/econômica do país. Já no governo Itamar, a gestão era só de mudança de cadeira e de gestão, não impactando em modulações radicais. Neste momento, Temer, apesar de ter pouco tempo como tinha Itamar, tem também que conduzir as mudanças estruturais, pois do jeito que está essa sanha, o país não aguenta mais, deve haver novamente modificação política/econômica no país, assim como aconteceu com o Sarney. Com pouco tempo para manobrar, como ocorreu com Itamar; mas tendo que fazer mudanças profundas, como se cristalizou no governo Sarney, o certo é que o PMDB de hoje terá que se reformular.  Temer, portanto, fará um governo Temer – porque a excentricidade politica de agora é: “nunca antes vista na história desse país”.   

A oposição, de fato, é claro coloca algumas imposições para embarcar nessa seara em questão. Até porque as eleições presidenciais estão “logo ali”, e os tucanos não querem se sujar com um governo ruim. Por isso que o PSDB quer barganhar. O PSDB coloca a seguinte proposta na mesa: Os tucanos entram de cabeça no governo Temer se, e somente se: 1) O PMDB se comprometer a entrar de cabeça na chapa do PSDB na eleição de 2018, fornecendo toda a sua capilaridade política, como a ajuda dos filiados, dos vereadores, das organizações sociais do partido, além de toda a sua elite, para ajudar a fazer o PSDB vestir a faixa presidencial; 2) O PMDB garanta as bases políticas (deputados, senadores, governadores) no congresso, caso o PSDB faça presidente em 2018; 3) Temer ser um “militante fervoroso”, palavras da Dilma, para fazer o PSDB vestir a faixa presidencial. O que é realmente justo, pois se o PSDB se compromete agora, sendo que não o precisa fazer, tem que ganhar a recompensa no futuro, fazendo o PMDB se comprometer. Sem acordo de longo prazo, é só o PSDB que tem a perder, por isso que os tucanos estão receosos em entrar de cabeça no governo Temer. E com razão.

Abram-se parênteses - a argumentação fugirá do tema, mas será base de explicação para o próximo parágrafo: Ciente a isso, alguém dirá: “O PSDB tem que olhar pelo Brasil”, fazendo ilação que os tucanos estão receosos a entrarem no governo Temer e isso significa ser egoísta além de um ato de covardia, o que é exatamente ao contrário, é se precaver e executar o que é certo agora, para impedir que o PT retome o poder já em 2018. Pois, um governo PMDB/PSDB catastrófico, daria com certeza 2018 a retomada do poder para o PT, além de legitimar pela narrativa histórica que o impeachment seria golpe. O PSDB tem que estar comprometido, mas com o comprometimento dos demais que querem a mudança no país, apoiando os tucanos em 2018; ou o PSDB deve ser preservado até 2018, para ser a válvula de escape contra o PT. Fecham-se parênteses.  

Todo mundo está olhando só o lado bonito da “estória”, como se em politica não houvesse dialética, ou até mesmo maquiavelismo. Diante disso, fica a indagação: e se o Temer quer fazer um governo “porco” justamente para dar, em 2018, o poder de volta para Marina e/ou Lula? É, colega, política se faz com a mesmo matéria-prima que aduba a planta bonitinha. Porque, como já citado anteriormente, o PMDB está fazendo hoje o PT de adubo. Mas vai que seja acordo tácito político para que o PMDB adube o PT amanhã? Por isso que o PMDB tem que mostrar que saiu mesmo do PT, com ações e não de boca pra fora. E os sinais tem que ser fortes a partir de agora. Porque tucano pode ser “bunda mole”, pode ser “omisso”, pode ser, desculpe a expressão chula, “cuzão”; mas os tucanos, com certeza, não são burros. O PSDB só perde eleição para facção criminosa, na qual o Temer faz parte. O Temer sabe disso. É por isso que o Temer tem que pensar no Brasil e fazer uma melhor barganha para os tucanos, se quiser governar. Nesse sentido, Temer deverá ser um Itamar – sem topete, óbvio.

Portanto, a batalha política é eterna. O que ocorre somente é que, de tempo-em-tempo, ocorrem mudanças de quem são os políticos que duelarão no palco eleitoral. E as mudanças político/econômicas determinam que o PT deva ser refutado imediatamente do poder. E nisso, emergem do poder o PMDB de Temer e a oposição, que está ajudando o Temer a ser presidente com o impeachment – que é um pedido popular - em execução. Mas o governo Temer, certamente, não será impactante; será Temer. E se não houver acordo político longínquo, dificilmente alguém irá querer entrar em uma barca furada, que não se sabe em que lugar o comandante do PMDB quer chegar. Temer tem que se separar do PT desde já; para nunca mais voltar.  

Obs: O PSDB apoia o Temer agora e em 2018 o PMDB apoia a Marina ou Lula?  Não, né...





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Temer e as Verves Políticas de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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