Por: Júlio César Anjos
O
senhor da casa grande, para mostrar visualmente o pleno poder, utilizava-se da
tortura ao ar livre para propagar a mensagem de insatisfação. Seja esse
desagravo por malfeito ou improdutividade, o certo é que o escravo sempre
sofria represálias por ser a parte mais frágil do processo. Mas o coronel,
apesar de maltratar bastante o servo, não o mata porque seria uma perda
de ativo, de maquinário humano, perdendo também alguma fração de produtividade,
mesmo que a “peça” açoitada seja de certa forma improdutiva. Ou seja, colocar
no tronco era apenas uma espécie de prova visual da soberania. A mesma coisa
acontece entre a política e os adversários políticos, nos dias atuais.
Mesmo na época da fechadíssima URSS [União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas], havia uma fração de capitalismo amestrado
em pleno funcionamento. Até porque é impossível planificar a economia, mas isso
é assunto para outro artigo. Então, a existência do “livre mercado” é algo
essencial, por isso que o politico precisa do empresário para manter-se no
poder. Além disso, para mostrar soberania, o político coloca o capitalista ou o
adversário politico no tronco; ou o afaga quando convém. É dito também que, para
não morrer no açoite estatal, o empresariado aceita ser subjugado para parar de
sofrer. E quem assiste ao espetáculo, se não for escravo industrial também
vendo o que acontece para quem foge da linha, vislumbra de uma falsa mensagem
de que o coronel politico faz gerar cifras através de coerção, não se
importando da agressão porque a riqueza é feita mediante um privado tribunal.
E,
nos dias atuais, das apresentações em público, são vários os exemplos em
questão: Requião e a frase de efeito “Pedágio ou abaixa ou acaba”; Requião
Filho com a sua carta trufo de “ter que quebrar o contrato das empresas de
transportes”; Fruet com o tal “abrir a caixa preta da URBS”; Bolsonaro com a
imposição de “parar de enviar recursos para os direitos humanos”; Lula com o
tal “A Petrobrás é nossa”; e, no aspecto global, políticos do mundo todo com o
mantra do “aquecimento global”. É tudo artifício para botar o “inimigo”
político no tronco, sendo na maioria dos casos o capitalista, mas há outros
pontos fora da curva também.
Por
isso, quando Requião criou o bordão: “Pedágio abaixa ou acaba”, ele não estava
querendo realmente melhorar a condição do povo, queria somente colocar o
empresário no tronco, diante de uma demanda extremamente sensível para a
população. Até porque é impossível baixar ou acabar com o pedágio, há
contratos vigentes e impulso de inflação, com segurança jurídica em vigor. Mas
a simples ameaça do empresário, com o “apoio popular” faz com que ao menos o
empresário de pedágio tivesse que pagar alguns pixulecos a ficar em paz. Ou a
própria empresa de pedágio junto com o Requião fez a teatralidade em conluio
para que outros políticos não o coloquem no tronco e com isso faça-se um “caos
controlado”. Mas divaga-se nessa segunda situação.
Essas
frases de efeito como “abrir caixa preta da URBS”, “rasgar contrato de empresa
de transporte”, entre outros, quando é uma questão pontual de prefeitura, que
só afeta um seleto grupo de pessoas, é algo de foro específico, em que a
própria região deve se organizar. O problema recai mesmo é quando a sanha é de
esfera nacional e/ou global. Aí o problema é substancial, como “A Petrobras é
nossa” e “aquecimento global”.
No
aspecto nacional, Lula, no primeiro mandato presidencial, após escancarar-se o
mensalão em 2005, querendo se reeleger em 2006, achou na gaveta aquilo que
seria chamado pré-sal, o que hoje é provado ser o maior estelionato global.
Para inflamar as camadas mais dispersas do Brasil todo, Lula cria o espantalho
dos tucanos malvados, que queriam privatizar a Petrobras e, com isso, Lula não
poderia deixar isso acontecer, ao passo que, 10 anos depois, se materializa em
fatos até mesmo o maior crime da história, a destruição de fato da Petrobrás, o
tal do Petrolão. Lula colocou no tronco o espantalho da Privatização para
justamente fazer o esquema ponzi, e fazer a privatização da petrolífera aos
moldes petralhas. A parcela eleitoreira nunca iria imaginar que seria enganada
em tal magnitude, já que quem dilapidou o patrimônio publico foram justamente
aqueles que se diziam defensores da causa estatal. E é justamente essa a lição
que se quer passar, quando se diz que tal politico está colocando no tronco tal
adversidade momentânea, pontual.
Já
no aspecto mundial, políticos do mundo inteiro: “uni-vos!”. E se os políticos
colocassem no tronco não no aspecto pontual de prefeitura, governo do estado ou
até federal, mas um esquema que se torne mundial? Isso causaria o poder supremo
dos políticos em geral. O empresário teria que se submeter a todo e qualquer
tipo de emaranhado estatal, pois o estado já o impõe como inimigo do mundo
porque faz o aquecimento global, sendo o estado [materializado em partido
eleitoral e o politico] o mediador de tal condição, por isso que os causadores
do problema têm que se submeter a leis e tributos dos mais variados, pois o
mundo o colocou no tronco, tendo que pagar pela festa toda. Ou você acha mesmo
que politico está preocupado com o povo e sua saúde, futuro, e bem-estar
social? Porém, os políticos que fazem tal condição não querem acabar com as
empresas e tais “adversários”, tais políticos só querem colocar no tronco para
obter algum quinhão politico ou financeiro por fazer extorsão politica –
avalizada pelo apelo popular.
Portanto,
sempre quando se escutar algum bordão de politiqueiro que faz algum adversário
ficar encurralado na parede pela bravata momentânea, saiba que é algum politico
ensaboado colocando no tronco algum grupo “adversário”, muitas vezes até mesmo
um espantalho politico, para obter algum quinhão financeiro ou “popular”. Em muitas
vezes tais políticos não podem acabar com tais “adversários” momentâneos, mas
podem colocar no tronco até conseguir obter a extorsão politica, com amparo de
uma sensível demanda popular. Assim como não se podia aceitar a escravidão
mesmo que tal condição gerasse “riqueza” em alguma região coronelista, por ser
moralmente errado, colocar no tronco adversário politico, para obtenção de
algum pixuleco de extorsão, também é um defeito extremamente grave, em que o
povo não pode amparar politico em tal situação, por mais que o apelo pareça ser
justo ou puro. Porque politico possui interesse. Interesse que, em muitas vezes,
é escuso e não de defesa de caráter comunitário para o “bem social”.
Diante
tudo isso: Chega de extorsão politica!
Colocar no Tronco de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: