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Bunker do Saber

Por: Júlio César Anjos

Desde a antiguidade até os dias atuais, a forma como o saber é repassado sempre fora modificado devido aos avanços sociais. Entre mudanças radicais, a tecnologia sempre desafiou o monopólio do conhecimento, saindo vitoriosa em todas as metamorfoses graduais históricas. E, das transformações gerais, a mutação se fez não somente pela forma como também pelo conteúdo de aprendizado. Ou seja, não se escolhe, hoje, somente aquilo que há de diferente, entre instituições de ensino, pela arquitetura física, mas também pelo o que se quer ser estudado. Por isso que o “bunker do saber” das universidades - estaduais e federais - está a cada dia sendo depreciado, destruído conforme se modifica os novos aprimoramentos e todo seu desenvolvimento do ensinar. A perda institucional é inexoravelmente voraz.

Diante disso, fazendo uma varredura histórica, pelo prisma do docente, desde os anciões cínicos gerando informação num hieróglifo em parede de caverna; passando pela mudança do status, a um escriba com habilidade em transcrever em um papiro de profunda carestia; chegando a disseminação do ensino pela impressora de Gutemberg; Para, no fim, a expansão do ensinamento ser metabolizada pela internet; o fato é que a tecnologia sempre solapou o monopólio daqueles que obtinham um “diferencial” por ter as rédeas do saber. O instrutor e o local de ensino deixaram, portanto, de ser primordiais para serem, nos dias atuais, meros instrumentos de ensino.

Já no aspecto básico de absorver ensino, sendo observado pelo prisma do discente, são 3 (três) modulações simples para o aluno obter aprendizado: 1) Pelo aspecto Visual (tabelas, leituras, gráficos, símbolos e etc); 2) pelo jeito  Auditivo (áudio, discussão, educador proferindo informação) ; 3) E de forma Sinestésica (mão na massa, fazer para aprender, colocar em pratica ao invés de teorizar).  Ou seja, algumas pessoas são mais sinestésicas do que auditivas, ou são mais visuais que sinestésicas e por aí vai... Então, a aptidão do aluno se restringe a essas três formas de captar/receber informação, não havendo, ainda, um download para o cérebro - o que não seria nenhuma surpresa caso tal situação virasse realidade, pois alguns pesquisadores já estão navegando por esse assunto em questão.

 Muitas instituições de ensino, por terem monopólio até mesmo estatal para defendê-los através de reserva de mercado, acham que tal condição engessada os asseguram de até mesmo não haver a extinção deste status quo. Se fosse assim, o ancião cínico estaria em ascensão até hoje porque a invenção do papiro não seria ameaça de sujeição, ou os frades da idade média não perderiam o postulante poder de ser instruído por uma simples criação mecânica de impressora, ou mesmo não haveria esse artigo a ser escrito – e também lido – porque a internet não faria o serviço de disseminação do conhecimento. Portanto, por mais que se tenha monopólio, poder de coerção, e reserva legal no ramo de ensino, a revolução tecnológica sobrepõe aos que se julgam donos do conhecimento, sendo que o saber não pode ser um bunker, deve ser transmitido, ampliado, e melhorado para o profundo desenvolvimento da humanidade.

Muitas instituições de ensino perdem público cativo até mesmo para “fenômenos”, por exemplo, como Rodrigo Constantino (com a Katedra) e Olavo de Carvalho (com o seminário de filosofia), que compreendem o dinamismo do avanço da transmissão do aprendizado no século XXI, dando leque de escolhas para que o consumidor sedento por conhecimento possa saborear o saber que o melhor satisfaça em dado momento. Ou seja, universidades fossilizadas perdendo escala até mesmo para “aventureiros” de internet. Portanto, pela forma de captação de aprendizado de maneira visual ou auditiva, a internet satisfaz a necessidade do aluno, sendo um diferencial ainda melhor do que o status quo atual porque o discente não precisa pegar engarrafamento na rua, basta ligar o computador para começar a aprender.

Sendo assim, tirando os cursos que transmitem conhecimento pelo método sinestésico, todas as demais graduações podem perfeitamente migrar para a internet, com flexibilidade de carga horária, e de aprimoramento dos módulos e da grade de ensinos a serem ofertados. A adaptação de muita instituição de ensino superior passará pelo crivo de lançarem todo o curso de humanas e sociais aplicadas na Internet. Abolir o ensino de humanas, como está se tentando fazer no Japão é errado, pois daria facilmente para fornecer o curso na rede de computadores. Uma coisa é fato: a adaptação irá acontecer. E quem não se adaptar perderá mercado para entrante que quiser oferecer tal serviço de fato.

A universidade pública vai acabar? Por estar protegida pelo guarda-chuva do estado, a resposta é não. Mas, por causa da decadência oriunda de déficits anuais, deterioração de grade vindo do órgão estatal (MEC), cotas de tudo quanto que é tipo, além de ter uma estrutura voltada totalmente para doutrinação ideológica, tais instituições perderão, certamente, a excelência – além de encolher ao ponto de fornecer algumas aulas físicas somente, aquelas que são transmitidas somente de forma sinestésica. As estatais serão depreciadas até chegar ao fundo do poço, assim como estão obsoletas as escolas públicas do ensino fundamental e médio, que na época antes mesmo do regime militar eram consideradas excelentes.

E a universidade privada, a Tal FABAR (Faculdade de dia e bar de noite), será engolida pela tecnologia da navegação on-line, pois nem mesmo possuem o diferencial de fornecer ensino mediante módulo sinestésico. Porcaria por porcaria, as pessoas ficam com a internet. Pelo menos não precisa ficar preso em um congestionamento e passando raiva na rua.  

 Portanto, não adianta a instituição formal de ensino ficar em um bunker do saber, fazendo autoelogios pela redoma dos pares, em que só saem da casamata do ensino para defender o status quo, cita-se a manutenção desta decadência, tanto no aspecto de instituição quanto no ramo governamental (em que chega ao ponto de um engravatado interlocutor de uma placa universitária “reconhecida” defender a Dilma do “golpe”). Cada vez que agem dessa forma, outros formatos que fornecem o que o sedento por ensino necessita entram em vigor e são bem sucedidos em capitanear o mercado de ensino.

O bunker do saber jaz.

  
                                                   Cínico Diógenes de Sínope



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Baseado no trabalho disponível emhttp://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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