Por: Júlio César Anjos
O
Brasil está em crise. E agora há de buscar solução para mudar a condição da
nação, ao impetrar mecanismos que contenham a precariedade econômica/social que
se encontra a pátria. Por isso, nesse momento, pululam situações, ferramentas e
conselhos sobre o bem administrar, em que aparecem instruções das mais
variadas, da mais simples até a mais sofisticada, diante do incomodo dos
desdobramentos que vivenciam os brasileiros na atual fase de problema
estrutural e conjuntural que permeia o país. Mas antes de impor resoluções, há
de visualizar o quadro como um todo, para obter uma sentença, pelo aspecto da
real condição do estado. Entretanto, deve-se ver com bastante atenção a taxa-sombra
que assombra, neste momento, a nação, além dos múrmuros de utilização de
dominância fiscal, e outras ferramentas de ciências econômicas e sociais
aplicadas.
Primeiro:
o que é taxa-sombra? Taxa-sombra é o
valor real da diferença cambial entre duas moedas atreladas, diante do valor
nominal forçado, através do estado, pela paridade cambial. Exemplo: $ 1,00 (Hum
Dólar) vale R$ 1,00 (Hum Real). Mas a cotação no dia em que se fez esse
atrelamento de moeda (como exemplo a cotação real x dólar hoje - 15/10/2015), a monetização de $1,00 (Hum Dólar) custava R$ 4,00
(Quatro reais). Ou seja, a partir do momento que um governo equipara uma moeda
a outra, parece que se faz uma mágica e, do dia pra noite, dá a sensação que as
coisas se resolveram e que o governo fez milagre ao gerar riqueza do nada.
Infelizmente não é o que acontece. A taxa-sombra fica assombrando a moeda
atrelada, até mesmo com alta volatilidade de especulação, que, no momento em
que se abandona a paridade estatal forçada, a moeda, nesse caso o Real (a moeda
brasileira), se desvalorizaria de uma forma sem igual, criando até mesmo uma crise
após escolher flutuar um câmbio que estava com intervenção estatal.
Diante
disso, Krugman explicou que:
Esses modelos presumem uma taxa de câmbio fixa
entre moeda nacional e uma estrangeira e que o governo tem déficit orçamentário
(gasta mais do que arrecada com impostos) que ele financia emitindo moeda. Ao
aumentar a oferta de moeda, essa política cria uma incompatibilidade com o
valor da moeda determinado pela taxa de cambio fixa. Mantendo estáveis os
demais fatores, a política econômica fará o valor “real” de a moeda nacional
cair. A seguir, os modelos pressupõem que o banco central venda suas reservas
de moeda estrangeira, a fim de sustentar a própria moeda. Todavia, supõe-se que
as pessoas percebam que as reservas internacionais do banco central se
esgotarão. Assim, a taxa de câmbio terá de “flutuar” (ser negociada livremente)
e cairá. O modelo propõe a existência de uma “taxa-sombra de câmbio”, aquela
que seria a taxa de câmbio caso o banco central não aplicasse a taxa de cambio
fixa. (O LIVRO DA ECONOMIA; pág.: 290).
Segundo
a S&P (Standard and Poors), no dia: 15/10/2015, agência com propósito de
classificação de risco, aconselhou o governo brasileiro a abandonar a
intervenção cambial, deixar a moeda nacional flutuar até chegar $1,00 (Hum Dólar)
a R$5,00 (cinco reais). Ou seja, a taxa-sombra, confessada pela S&P é de 5
reais para cada 1 dólar. Se o governo não estivesse fazendo Swaps, leilões e
outras intervenções ocultas, o dólar já estaria a um patamar bem mais elevado
que o atual, que já é elevado por sinal. Sempre lembrando que a taxa-sombra é a
taxa real quando um governo deixa a moeda flutuar, é o valor do curso normal da
economia, precificado pelo mercado. A S&P, também, recomendou que o Brasil
abandonasse o controle cambial, porém deixasse que o mercado resolvesse se
equilibrar, em que, se o governo não intervier na economia para obter
crescimento, a estagnação econômica geraria desemprego, segurando a inflação
pelo coma induzido da crise (problema de demanda). Mas a inflação alta faz a
divida publica explodir, o que talvez não seja o caminho que esse governo tenda
a trilhar.
Portanto,
o descontrole do câmbio faz a dívida pública decolar. Com isso, a meta de inflação
não se faz mais necessária. E por isso que o governo poderá entrar com a
ferramenta econômica chamada dominância fiscal. Abandonaria a meta de inflação
por controle de juros, ao passo que pisaria no acelerador para obter o
crescimento, com o problema de a inflação disparar (o céu é o limite). Muita
gente acha que o PT quer demitir o Levy para agir dessa forma, não se
importando com a inflação, focando no crescimento, para que o país não tenha um
Default. Neste cenário de atuação, as finanças públicas dominam o organismo econômico,
em que a economia fica parada, frente a possibilidade de quebra via calote. A
agência S&P acha que o Brasil não corre risco de default, apesar das
pedalas fiscais assustarem o meio econômico em geral.
A analisar tais conceitos, a taxa-sombra é inversamente proporcional à dominância
fiscal, em que o resultado das duas ferramentas pode gerar a mesma coisa – o mesmo
efeito final. Enquanto que a taxa-sombra é usada quando o governo abandona o
mecanismo de controle cambial, tendo como consequência a disparada da inflação;
a dominância fiscal é ao contrário, o governo abandona a meta de inflação, em que
tal situação faz o descontrole cambial. E os dois geram aumento da dívida
pública no longo prazo. Por isso que Levy e o Banco central devem estar
alinhados, pois sem os dois estarem em acordo, a probabilidade de não surtir
efeito as mudanças na economia é enorme. E, além dessa falta de encaixe entre
esses dois setores, com um governo perdulário (Dilma gastando à revelia), aí
que as coisas não se resolverão mesmo.
Então,
qual é a solução? Para unir Levy, Banco central, e governo, é óbvio que o melhor
sistema de controle é o tripé macro econômico. Mas com a Dilma no comando não
dá. Ela tem que ser destituída – era melhor renunciar -, para aí sim, após o Temer
vestir a faixa presidencial, o tripé macroeconômico (superávit Primário, metas
de inflação e câmbio flutuante) ser inserido. Com a Dilma não adianta implantar o tripé macroeconômico
porque ela perdeu a confiança. A solução é “demitir” a Dilma, descartar os “petebas”
do poder e implantar mecanismos eficientes para a governança política/economia
do país. Mas, como a Dilma não vai cair, o certo é que as reservas cambiais
irão evaporar, o câmbio terá que flutuar por causa da falta de excedente de
moeda estrangeira e o governo, em ato de desespero, colocará a dominância
fiscal para trabalhar. Bem-vindo bolivarianismo, Bem-vindo Venezuelização!
Portanto,
O Brasil está em crise política, econômica e social. Tal situação determina as
decisões que serão tomadas no campo econômico, a saber: Continuidade ou não da “taxa-sombra”,
utilização da dominância fiscal ou volta ou não do tripé macroeconômico (só
volta se a Dilma for despedida).
P.S.:
Dilma e Lula são ex-presidentes em atividade, defuntos políticos que ainda exclamam,
sendo conservados, em técnicas ideológicas avançadas, através da especialização
de tanatopraxia política. O prazo de validade política deles acabou; basta ver
se o Brasil também acabará.
Obs:
Caso alguém não tenha entendido, a taxa-sombra não acontece somente no caso de
paridade atrelada pelo Estado, mas também quando um governo intervém no cambio
flutuante, que, como o governo interfere no curso da moeda, de flutuante tal
condição não tem nada.
Dólar
a 5 reais:
Dominância
Fiscal:
Tripé
macroeconômico:
Taxa-sombra:
O Livro da economia / [tradução Carlos S. Mendes Rosa]. – São Paulo : Globo, 2013. ISBN: 978-85-250-5240-7
Taxa-Sombra e Dominância Fiscal de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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