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Eu Não Matei Sylvia Plath

Por: Júlio César Anjos 

Assim como a banda Camisa de Vênus “não matou Joana D’arc” [eles não assassinaram a “heroína” porque não são cristãos e nem beligerantes], eu “não matei Sylvia Plath” porque não sou machista nem ignorante.  E mesmo se tivesse tais preceitos, igualmente não teria ceifado a rainha das feminazis.

Para quem não sabe, Plath foi precursora da revolução: estudava no Smith College quando escrevia The Feminine Mystique; seu suicídio em 1963 e a publicação de seus últimos e furiosos poemas em Ariel galvanizaram o nascente movimento feminista. Ela foi casada com o escritor Ted Hughes (ele a traiu), que foi atacado pelo grupo de pressão, iniciado pela poetisa, porque atribuíram a morte de Plath ao casamento e a vida sufocante. Nada mais falso, pois a biografia de Plath mostra que ela sempre foi perturbada, tentara se matar antes mesmo de conhecer Hughes, mostrando que a “deusa” das feministas nunca tivera sanidade mental.

Mas, deixando o conceito de lado, Plath foi uma boa escritora? Excelente! Pela tecnicidade, Plath realmente era uma poetisa prolifica. Bonita e inteligente, a moça só tinha mesmo o problema de distúrbio psíquico, que tanto a amaldiçoou que ela até se suicidou. O problema recai mesmo é sob o movimento das fubangas que não se depilam de forma alguma, que tomaram de assalto as ideias de Plath, sugerindo até que Sylvia fosse uma feminazi, o que ela, com certeza, não seria de jeito nenhum (ela tomava banho e sabia escrever).

A maior obra de Plath chama-se Ariel, uma coletânea de poemas restaurados, que foi publicado postumamente.  A redoma de vidro é um livro bom, mas o que deu projeção a Plath foram mesmo os poemas. Falando em “projeção”, Sylvia sempre retratava a sua psique nas publicações, sob o aspecto da doença depauperante.

Sylvia sempre tratava em seus textos da dualidade: vida/morte, criação/destruição, bonito/feio, e etc. É uma característica de Plath o dualismo. Não obstante, faz parte da projeção psíquica da poetisa ser brilhante com a pena molhada no tinteiro, mas totalmente ofuscante ao refugiar-se na desistência da vida como opção. Se tivesse mais tempo de existência, quem sabe não haveria mais criações? Mesmo com a vida abreviada, ela deixou um legado enorme, em que se eternizou pelo martírio de toda a sua obra e composição.       

Diante disso, há de fazer análises sobre alguns poemas que mostram, de forma contundente, a dualidade em questão. Seguem alguns poemas:

Poema Limite: “Corpo usa o sorriso de realização/A ilusão de uma necessidade grega” (dualidade real x irreal);
Poema Canção de Amor da Jovem Louca: “Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro/ Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer” (morrer x Renascer);
Poema Espelho: “Em mim ela submergiu uma menina, e em mim uma velha” (juventude x velhice);
Poema Cogumelos: “Varando a noite/ com Brandura/ brancura” (claro x escuro);
Poema Resolve: “vão ficando amarelinhas/ as folhas da trepadeira” e “numa verde envergada/ haste da roseira” (amarelinha = morrendo x verde = vivo);
Poema os Mannequins de Munique: “A neve pinga seus pedaços de escuridão” (branco x escuro);
Poema Palavra: “Água lutando” e “sobre a rocha” (mole x duro).

Quem matou Sylvia Plath? Os pais? O casamento? Os filhos? A sociedade? Eu? A resposta é uma só: Ninguém. Não adianta as feminazis colocarem a culpa no marxismo cultural da “opressão”, pois ela veio com “defeito de fábrica”. Poetisa brilhante, mas doente mental (se matou com os filhos dentro de casa). Talvez Plath tenha sido a fusão surpreendente entre a genialidade e a loucura, em que a vida foi jogada à revelia, sem ter um acompanhamento de tratamento especial. O acaso se fez letal.

Por que: Eu não matei Sylvia Plath!


Abaixo, o poema da Sylvia Plath que eu mais gosto:


Canção de Amor da Jovem Louca

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro;
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer.
(Acho que te criei no interior da minha mente.)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama.
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste,
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão;
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo.
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
(Acho que te criei no interior de minha mente.)


Linda e Inteligente, porém suicida, Sylvia Plath

Obs: Não confundir o Movimento Feminista com a Ditadura Feminazi.



Eu Não Matei Joana D'arc - Camisa de Vênus



Licença Creative Commons
Eu Não Matei Sylvia Plath de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

Comentários

  1. Feministas radicais, não quanto raramente, estragam a imagem de grandes figuras da literatura mundial: Florbela Espanca, Sylvia Plath, etc.

    Vejo ela como uma excelente escritora, obviamente não era militante e também foi mais “adotada” como um ícone oprimido. Ela era genial, mórbida ao estilo não-exagerado e extremamente sucinta em sua escrita. É uma pena a sua popularização por esses meios tão boçalizados contemporaneamente como o feminismo. Eu realmente adoraria vê-la como um ícone que verdadeiramente ela representa, um símbolo suicida, uma forma de sinalização para este problema crescente. Aliás tantas pessoas dão importância para outubros rosas, novembros azuis... Mas, será que alguém se recorda que existe setembro amarelo?

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